Sem a adoção de medidas antidumping e de uma flexibilização da política cambial por parte do Governo Federal, além da insistência e conservação da taxa Selic em 10,75% ao ano, medida tomada pelo Copom (Comitê de Política Monetário do Banco Central) em reunião no dia 20/10, o setor de máquinas e equipamentos registrou em setembro queda de 0,5% na comparação com o mês de agosto de 2010, segundo dados do Departamento de Economia e Estatística (DEEE) da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ). De acordo com Luiz Aubert Neto, presidente da entidade, mesmo alcançando os R$53 bilhões (faturamento bruto real) com uma variação de 11,6% maior no acumulado de janeiro a setembro deste ano, numa análise com o mesmo período de 2009, a baixa no incremento do faturamento do setor capital mecânico tende a continuar com a queda que vem se acentuando desde o início do segundo semestre de 2010.
Para Luiz Aubert Neto, a queda no valor do faturamento nominal da indústria de máquinas e equipamentos se deve às ações adotadas pelo governo que vão na contra mão do desenvolvimento do setor produtivo, quebrando com a competitividade do produto nacional frente aos importados de menor valor agregado. “Com o custo Brasil, e uma carga tributária perversa para a indústria nacional, além da manutenção da taxa elevada dos juros, o que mantém o País na 1ª colocação no ranking dos maiores juros do mundo, a situação só piora e a queda é uma conseqüência inevitável”, explica.
De acordo com os dados divulgados pela ABIMAQ, o consumo aparente, soma da produção e das importações menos as exportações, chegou ao total de R$73,5 bilhões durante os nove meses de 2010, elevação de 15,9% em relação com os mesmos nove meses de um ano atrás, que era de R$63,5 bilhões. Porém, Aubert Neto demonstra cautela. “Se equipararmos o mês de setembro com o mês de agosto deste ano, observamos um déficit de 0,2% no consumo aparente, revelando certa sensibilidade do setor”, aponta o executivo.
Balança comercial
No cerne das preocupações de todo o setor de bens de capital mecânico nacional, a balança comercial da indústria brasileira de máquinas e equipamentos continua com o mesmo cenário deficitário do início do ano, acumulando, no período de janeiro a setembro, um saldo negativo de US$11,7 bilhões, mantendo a estimativa de alcançar acima de US$15 bilhões até o fim do ano.
O nível de importação de máquinas e equipamentos no mercado brasileiro, entre os meses de janeiro e setembro de 2010, continuou com uma substancial elevação, passando de US$13,8 bilhões de janeiro a setembro de 2009 para os atuais US$18,2 bilhões, marca 32% maior. Entre os principais exportadores dos bens para o mercado brasileiro, a China, alcançou o segundo lugar no ranking de importadores, ficando atrás apenas dos EUA.
Para as exportações, o crescimento registrado, embora maior do que do último período - entre janeiro e agosto de 2010 – não é forte suficiente para saldar o acúmulo de déficits da balança comercial. Entre janeiro e setembro deste ano, o setor registrou aumento de 15,4% com os US$6,5 bilhões registrados ante os US$5,6 bilhões do mesmo período do ano anterior. Entre os principais destinos do produto brasileiro no mercado internacional estão EUA, Argentina, México e Países Baixos (Holanda), que figuram entre os quatro principais compradores de máquinas e equipamentos nacionais.
O número de empregos no setor manteve a tendência de ampliação do quadro de pessoal. Em setembro, embora com um aumento menor do que o registrado um mês antes, a indústria de bens de capital mecânico ampliou o número de carteiras assinadas para 248.790, ou 0,3% a mais do que os 247.994 de agosto. O quadro atual representa um aumento de 6,8% em relação ao mês de um ano atrás (setembro de 2010 comparado com setembro de 2009).
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