Aumento de vendas e reajuste de preços devem elevar resultados das empresas no segundo trimestre do ano.
Os resultados dos balanços de mineradoras e siderúrgicas no segundo trimestre do ano começam a ser conhecidos amanhã, quando serão divulgados os números da Vale e da Usiminas. Os dados vão confirmar a forte retomada nos negócios dessas empresas, que tiveram o desempenho bastante abalado pela crise global em 2009. O ambiente de negócios foi mais propício às mineradoras, como a Vale, que passaram com louvor no primeiro teste de aplicação da nova fórmula de reajuste do preço do minério, que subiu mais de 100% no período. As siderúrgicas tiveram sucesso no aumento do volume de vendas, mas foram atropeladas pela alta das matérias-primas e incerteza nos preços externos do aço.
Na média das projeções dos analistas do Bradesco BBI Equity Research, da Planner Corretora e da SLW Corretora, a Vale deverá apresentar lucro de R$ 5,1 bilhões no período, o que representa um crescimento de 248% na comparação com o segundo trimestre de 2009. O resultado é turbinado pelo aumento de mais de 100% no preço da tonelada do minério de ferro, que passou a vigorar em maio, calculado com base numa nova fórmula de reajuste trimestral de preço, o Iodex. O reajuste trimestral baseado no comportamento do preço spot chinês passou a vigorar em maio, depois de decretada a morte do "benchmark" - conhecido como preço de referência com reajuste anual para contratos de longo prazo e vigorou até 2009.
As siderúrgicas tiveram seus lucros impulsionados muito mais em função do volume de vendas no mercado interno do que dos preços. No mercado internacional, o aço chegou a apresentar queda de preço entre abril e junho. No mercado interno, reajuste médio de 10% que passou a vigorar em abril para os produtos siderúrgicos de Usiminas e CSN não se refletirá em cheio neste segundo trimestre. Em compensação, o aumento de produtos vendidos ajudou a elevar a margem lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), mostrando uma boa performance operacional das empresas.
A Gerdau, segundo o relatório do Credit Suisse, embarcou no período 4,3 milhões de toneladas de aços longos de suas várias fábricas globais, ou 30,1% a mais que no segundo trimestre de 2009. O grupo gaúcho, que amargou prejuízo em 2009, deve reverter para um lucro de R$ 667 milhões, estimado na média das projeções dos analistas da Link Corretora, Itaú Securities, Barclays Capital, SLW Corretora e Credit Suisse, consultados pelo Valor.
As prévias dos analistas apontam a CSN como a maior margem lajida do período entre as siderúrgicas, na faixa média de 44%, resultante de uma forte contribuição do preço do minério de ferro vendido pelas minas de Namisa e Casa de Pedra. Foram embarcadas 6 milhões de toneladas de minério a um preço estimado em relatório do Barclays de US$ 96 a tonelada FOB de minério. O lucro médio da companhia previsto em R$ 769 milhões deve apresentar um aumento de 129,5% ante o segundo trimestre de 2009.
A Usiminas, que teve que cortar produção no ano passado por causa da crise, também reverteu essa tendência negativa e deve ter lucro neste segundo trimestre na faixa de R$ 387 milhões, 4,9% acima do mesmo período de 2009. A siderúrgica deve o resultado a um expressivo volume de vendas, que somou 1,8 milhão de toneladas no trimestre, segundo relatório do Credit Suisse, o equivalente a 600 mil toneladas mensais.
Na avaliação da Link Corretora, a Usiminas ainda está operando abaixo de sua capacidade nominal de produção, de 9,5 milhão de toneladas anuais ou quase 800 mil toneladas por mês, e tem espaço para ampliar as vendas, principamente de chapa grossa, cujo mercado está meio parado. Com isso, a siderúrgica pode recuperar ainda mais sua margem lajida, estimada na média em 24,7% para o segundo trimestre de 2010, ante uma margem lajida de 4,9% no mesmo período do ano passado.
Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão, do Rio
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