A queda da participação das importações no consumo aparente dos produtos siderúrgicos no Brasil não é motivo de comemoração para o setor. Essa é a opinião do presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, para quem o recuo em 2011 esconde a depreciação das margens das empresas brasileiras.
“Basta ir ao mercado de capitais e ver a precificação das ações. Basta pegar as empresas de capital aberto e olhar o Ebitda”, afirmou Lopes.
Segundo dados do IABr, a penetração das importações no consumo aparente de aço atingiu 20,6% em 2010 e caiu para 14,1% entre janeiro e julho deste ano.
Desde 2007 os aços planos apresentam maior fatia de importados no consumo aparente, passando de 24,5% no ano passado para 16,1% em 2011. Já nos aços longos a penetração passou de 15% no ano passado para 11,5% este ano.
No ano passado, a importação de aços planos atingiu 3,767 milhões de toneladas, contra 1,621 milhões de toneladas importadas de aços longos. Este ano, até julho, foram 1,327 milhão de toneladas de aços planos e 748 mil toneladas de aços longos.
Lopes garantiu que a queda das importações não é fruto dos altos estoques do setor. O executivo frisou que a falta de defesa comercial adequada leva a “um processo forte de desindustrialização causado pelo efeito das importações”, causando como efeito secundário a “reprimarização das exportações”.
A capacidade instalada de produção de aço este ano no Brasil deverá atingir 47,9 milhões de toneladas anuais, para uma demanda interna prevista de 28,8 milhões de toneladas. A sobra de capacidade será de 19,1 milhões de toneladas, de acordo com as projeções do IABr, o que significará que a sobra de capacidade será equivalente a 66% da demanda doméstica, o maior patamar desde os 104% de 2009, quando a crise internacional se abateu sobre a siderurgia brasileira.
Lopes, que apresentou do IABr para a produção de aço no Brasil em 2011, cobrou do governo uma maior efetividade das medidas de defesa comercial, principalmente em relação à certificação e à fiscalização da qualidade do aço que entra no Brasil. Outra cobrança foi para o fim da guerra fiscal que permite que alguns Estados importem aço com redução de alíquota de ICMS.
Fonte: Valor
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