Embora pioneiro no uso de aço galvanizado, o setor elétrico ainda gasta por ano cerca de US$ 700 milhões em sistemas de manutenção e anti-corrosão. A tendência é a redução desse valor à medida em que se disseminam as técnicas e se amplia a capacitação da mão de obra. "O treinamento de profissionais é um trabalho que o setor elétrico vem fazendo com muita propriedade, capacitando as equipes de manutenção para entender a corrosão e evitar barbeiragens na aplicação de revestimentos, erros que ainda ocorrem", diz o pesquisador Fernando de Loureiro Fragata, do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel).
Outros segmentos estão investindo na formação de profissionais nas técnicas para combater corretamente a corrosão atmosférica - pintura e galvanização. "A pintura é uma operação complementar aplicada sobre o aço galvanizado com objetivo de elevar a durabilidade total do sistema de proteção. Essa técnica é bastante utilizada nas atmosferas de altíssima agressividade como, por exemplo, atmosferas marinhas e industriais. A pintura também é utilizada na proteção anti-corrosiva dos equipamentos elétricos das subestações, a exemplo de transformadores, disjuntores, e chaves, entre outros", resume.
Para o pesquisador da Cepel, quando se trata de quantificar os benefícios das técnicas anticorrosão, o importante é considerar a economia feita com os investimentos de longa durabilidade. "Se for contabilizado o custo inicial e dividido pelos anos de duração, a relação é bastante favorável quando se compara a galvanização com outras técnicas de proteção", estima. Frank Goodwin, da International Zinc Association (IZA), e que participou do GalvaBrasil 2011, acrescenta que "o Brasil é o país da América Latina que mais cresce no consumo de zinco, o que puxa o crescente aumento de aço", que por sua vez requer processos de proteção anticorrosão.
A indústria automobilística é a segunda maior consumidora da galvanização. "O Brasil está se preocupando com os custos de manutenção e soluções técnicas para aplicação do aço galvanizado", afirma Eduardo Silvino Gomes, vice-presidente do Instituto de Metais Não Ferrosos (ICZ).
Segundo Fragata, há duas técnicas em crescimento dentro da expansão do setor elétrico, a galvanização e a pintura. "Se o país cresce, a energia gerada tem que ser maior, portanto, há necessidade de novas linhas de transmissão, hoje confecionadas com aço galvanizado. Na nossa experiência com esse material, estamos utilizando a galvanização e a pintura", explica.
A tendência é que se tenha uma uniformidade no aumento do uso dessas técnicas, tendo em vista que todo sistema elétrico é interligado. "O crescimento vai ocorrer principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Norte, e um pouco no Nordeste. Todo nosso sistema elétrico na parte de estrutura de subestações e linhas de transmissão são galvanizados", diz Fragata.
Apesar de alguns setores ainda engatinharem no ramo de galvanização, o pesquisador do Cepel acredita que o Brasil está avançado nessa área, como acontece em outros países. "Temos centros de pesquisas de energia elétrica bastante eficientes", afirma, referindo-se à própria Eletrobras, que abriga o Cepel. Ele cita ainda o Instituto de Pesquisa e Tecnológicos (IPT) que trabalha com proteção anticorrosiva. "Não ficamos devendo nada a outros países. No setor elétrico mundial, a galvanização é muito utilizada. Não somente pelas perdas econômicas, que são imensas. Mas também em função do impacto social causado por apagões provocados por quedas de torres danificadas pela corrosão", afirma.
Fonte:Valor Econômico/Rosangela Capozoli | Para o Valor, de São Paulo
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