O crescimento das exportações chinesas surpreendeu em agosto, impulsionado pelo aumento das encomendas antes da temporada de compras de fim de ano, que compensou o impacto de paralisações portuárias anunciadas após novos surtos da variante delta.
As exportações subiram 25,6%, em dólar, na comparação com agosto de 2020, para o recorde de US$ 294,3 bilhões - total que supera o de qualquer outro mês anterior em mais de US$ 10 bilhões. As importações cresceram 33,1%, para US$ 236 bilhões, maior patamar na história. O superávit comercial foi de US$ 58,3 bilhões, segundo dados divulgados ontem pela agência alfandegária do país.
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A recuperação ocorre apesar de interrupções nas operações do segundo maior porto da China em agosto, em razão de novos surtos da covid-19, que provocaram congestionamentos e elevaram os custos dos fretes marítimos. A demanda mundial por produtos chineses continuou forte, em especial dos EUA e Europa, onde redes varejistas provavelmente anteciparam encomendas para o Natal.
As três maiores exportações chinesas foram de eletrônicos, produtos de alta tecnologia e roupas e acessórios, enquanto as maiores importações foram de eletrônicos e produtos de alta tecnologia.
No mundo todo começam a surgir sinais de desaceleração, à medida que casos de covid-19 aumentam, de forma que autoridades previram menor crescimento das exportações para o resto do ano.
Pesquisas sobre a atividade industrial na semana passada mostram redução das novas encomendas de exportações pelo quarto mês consecutivo em agosto, o que pode sinalizar desaceleração industrial no futuro. Mais além do comércio exterior, a economia sofre queda acentuada na atividade de serviços, dadas restrições pela covid, aperto na regulamentação do setor imobiliário e queda nos investimentos em infraestrutura.
A eficácia no controle do vírus na China pode ter levado empresas estrangeiras a transferir para o país encomendas que normalmente fariam em outros países asiáticos, atualmente mais afetados por surtos da variante delta.
“Um possível motivo para a força das exportações é que, em vista dos gargalos logísticos, os exportadores anteciparam remessas para o Dia de Ação de Graças e o Natal”, disse Michelle Lam, economista no Société Générale. Ela prevê que o comércio exterior se desacelerará, dada a redução das encomendas mostrada nas pesquisas de atividade industrial.
Fonte: O Globo