As taxas de frete nas principais rotas de comércio marítimo mostram tendência de queda durante o que é tipicamente a alta temporada do setor, depois que os proprietários de cargas enviaram mercadorias antecipadamente e a inflação afetou a demanda do consumidor.
O custo para enviar um contêiner de 40 pés da China para a costa oeste dos Estados Unidos agora é de cerca de US$ 5,4 mil por contêiner, uma queda de 60% em relação a janeiro, de acordo com o Freightos Baltic Index. Um contêiner enviado da Ásia para a Europa custa US$ 9 mil, 42% menos do que no início do ano. A tarifa para ambas as rotas, embora ainda acima dos níveis pré-pandêmicos, atingiu o pico de mais de US$ 20 mil em setembro passado.
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As condições de mercado fizeram uma reversão acentuada em relação ao início da pandemia. As taxas de frete aumentaram cerca de dez vezes em 2021 porque interrupções na cadeia de suprimentos, atrasos nos portos e um aumento de carga fizeram co que os importadores tivessem que disputar espaço em navios cargueiros. Alguns grandes varejistas, como o Walmart, até fretaram seus próprios navios para contornar gargalos no ano passado.
Este ano, o Walmart e outros varejistas acabaram com muito estoque depois que correram para importar mercadorias mais cedo do que o normal, antecipando atrasos no envio e demanda que não se concretizou. Os fabricantes também movimentaram mercadorias mais cedo do que o habitual.
Varejistas de vestuário como a Gap e fabricantes de brinquedos como a Hasbro relataram aumentos de primavera [no Hemisfério Norte] nos níveis de estoque que normalmente ocorrem mais perto dos feriados.
“Para taxas à vista, a festa acabou”, disse Jonathan Roach, analista de transporte de contêineres da Braemar, com sede em Londres. “O pano de fundo de uma potencial recessão global, impulsionada pelo aumento dos preços da energia e pela rápida inflação, está derrubando o mercado.
As taxas de envio devem diminuir ainda mais no restante do ano e em 2023, de acordo com analistas. Uma série de novos navios chegará à água nos próximos dois anos, com crescimento líquido da frota esperado para exceder 9% no próximo ano e em 2024. Em comparação, o crescimento do volume de contêineres será marginalmente negativo no próximo ano e aumentará cerca de 2% em 2024, de acordo com Braemar.
Os dez maiores navios de carga têm conseguido grandes lucros nos últimos dois anos. Os ganhos trimestrais recentes da indústria A.P. Moeller-Maersk foram de US$ 8,59 bilhões, superando o que normalmente faz em um ano inteiro. Mas muitas empresas alertaram para o enfraquecimento das condições do mercado no segundo semestre de 2022.
“Precisamos prestar muita atenção ao impacto da inflação na demanda e no comportamento do consumidor”, segundo a China Cosco Shipping, que administra a quarta maior frota de navios porta-contêineres do mundo. “Combinado com as mudanças na entrega de novas embarcações, o lado da oferta do setor enfrentará uma nova situação.”
Fonte: Valor