Indígenas da etnia anacé e moradores da região no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) reclamam de problemas como poeira, barulho, drogas e violência. Até o próximo mês o terreno do empreendimento deverá estar liberado
Agente comunitária anacé reclama dos problemas gerados para a comunidade (JORGE ALVES)
No centro do debate em relação à liberação do terreno da refinaria, 53 famílias indígenas da etnia anacé se sentem ilhadas. O terreno destinado a elas, no sítio do Bolso, está localizado entre quatro empreendimentos no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).
Ao norte fica a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e ao sul a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). A termelétrica energia Pecém e a Refinaria Premium II completam as extremidades.
“Não tem como viver assim. Nós queremos a terra, mas também queremos viver com dignidade, com qualidade de vida”, destacou a agente comunitária anacé Andréa Coelho. Enquanto separava os cajus das castanhas ao lado da filha, Andréa contava como a vida da comunidade mudou consideravelmente com os empreendimentos.
Segundo ela, há mais poeira, movimento de carros e caminhões. “A maioria das crianças e adultos estão com problemas respiratórios”, completou a prima Inês Coelho. A sensação de insegurança, a prostituição e as drogas são outros males que começam a preocupar a comunidade.“Sobre isso eles não falam. Não olham o que as famílias vão perder. E o pior é que é só o começo. Vai ter muitos problemas ambientais”.
Os moradores não indígenas da região também não estão satisfeitos com os empreendimentos. “Aqui mudou muita coisa. Antes a gente podia ter nossas plantas e agora não pode mais. Além disso, tem essa poeira toda”, reclamou o morador Wanderval Antônio Costa
Prazos
No próximo mês todos todos os entraves em relação à Refinaria Premium do Ceará deverão estar resolvidos. Entre os indígenas da etnia anacé está sendo feito um estudo antropológico na região onde estão habitando.
Segundo informações da assessoria de imprensa da Casa Civil do Governo, 95% do terreno já foi desapropriado e o restante deverá ser entregue ainda no próximo mês. O Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) também deverá estar concluído no período para ser enviado à Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).
Fonte: O Povo Online/Teresa Fernandes
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