Depois de várias idas e vindas, provocadas pelo impacto da crise financeira mundial, o megacomplexo siderúrgico da ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), parceria do grupo alemão ThyssenKrupp e a Vale, que está sendo construído em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, deve começar a operar algumas atividades. A usina vai funcionar numa área de 9 milhões de metros quadrados, como várias fábricas interligadas, para produzir a placa de aço, que é o produto final. O porto do complexo industrial, localizado às margens da Baía de Sepetiba, que tem capacidade de importar 4 milhões de toneladas de carvão e vai exportar 5 milhões de placas de aço, já está em operação.
O pátio de armazenamento de minério e de carvão também está ativado e recebe os primeiros embarques do carvão importado e as primeiras encomendas de minério enviado pela Vale. A unidade da termoelétrica foi testada e condicionada para entrar em operação com o processo de produção todo, e a sinterização do aço, igualmente, está em fase de testes e condicionamento.
"Temos um processo parcialmente inaugurado, mas alguns processos ainda estão sendo testados e finalizados. Estimamos que a produção de placas ocorra em meados deste ano", avalia Rodrigo Tostes, vice-presidente financeiro da ThyssenKrupp CSA. "Trata-se de um programa complexo de implantação e estamos concluindo os testes das plantas de água, de oxigênio, da própria termoelétrica, das turbinas, dos altos fornos e da aciaria. A produção plena, com os dois altos fornos, deve demorar mais um ano para chegar ao seu nível máximo", diz.
A grande complexidade do empreendimento, segundo ele, é que nenhuma empresa no mundo construiu uma planta para produzir 5 milhões de toneladas de aço de uma vez, sem passar por etapas de expansão. O megaprojeto envolve € 5,2 bilhões, dinheiro investido pela ThyssenKrupp CSA com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Tostes admite ter havido problemas durante a construção por dificuldades orçamentárias, mas garante que a planta vai atender aos interesses dos investidores.
"É o maior investimento privado do Brasil nos últimos anos. e a estratégia do projeto faz parte de um crescimento global que o grupo ThyssenKrupp traçou para os próximos anos. Vamos exportar 60% dessa produção para os Estados Unidos e 40% para a Europa, especialmente para a Alemanha. Estamos falando de um aumento da balança comercial na faixa de US$ 1 bilhão, e crescimento da exportação de aço de 40% do aço brasileiro", afirma.
Mais conhecida no Brasil pela sua atuação na fabricação de elevadores e escadas rolantes, a ThyssenKrupp aporta no Rio seu primeiro investimento no mercado siderúrgico. "O objetivo é fortalecer a nossa participação no mercado europeu e principalmente nos países que integram o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio-Nafta (Estados Unidos, México e Canadá", diz Tostes. No Brasil, a planta abre grandes perspectivas de emprego, numa regiões mais carentes do Rio, que é o distrito industrial de Santa Cruz. No canteiro de obras, desde o início da construção, foram envolvidas cerca de 150 mil pessoas, entre empregos diretos e terceirizados. Quando a planta estiver em operação plena, em meados de 2011, terá 3,5 mil empregos diretos e outros 10 mil indiretos, além de movimentar mais de 20 mil fornecedores.
A concepção da usina, de acordo com Tostes, orienta-se por adotar modernas tecnologias e rígidos padrões ambientais. Segundo ele, antes mesmo de iniciar suas operações, a planta tem projetos voluntários para redução de emissões que totalizam o volume de 1,7 milhão de toneladas anuais de CO2. Desse total, 1,1 milhão de toneladas correspondem à redução proporcionada pelo fornecimento de escória a ser destinada a uma fábrica de cimento portland da Votorantim que funcionário dentro do complexo siderúrgico.
Fonte: Valor Econômico/ Genilson Cezar, para o Valor, de São Paulo
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