Com a estratégia de atender com mais proximidade o mercado da América do Norte, a fundição Tupy, com sede em Joinville, anunciou ontem que assinou contrato para compra de duas empresas no México - Cifunsa Diesel e Technocast -, ambas controladas pelo Grupo Industrial Saltillo (GIS). Segundo o presidente da empresa brasileira, Luiz Tarquínio Sardinha Ferro, além de atender às exigências do mercado na região, principalmente aos clientes do setor automotivo dos Estados Unidos, o negócio vai permitir à companhia ampliar a atuação nos segmentos de máquinas de mineração, agrícolas e de construção civil.
A transação, de US$ 439 milhões, ainda depende de aval das autoridades de defesa da concorrência no México.
Segundo Tarquínio, o projeto será apresentado no começo de dezembro e o processo poderá se estender até o começo de 2012. A Tupy passará a contar com a capacidade produtiva das duas unidades a partir de 2013, informou o presidente.
A Cifunsa Diesel e Technocast estão localizadas nas cidades de Saltillo e Ramos Arizpe, respectivamente, e produzem blocos e cabeçotes de ferro fundido utilizados na fabricação de motores para veículos de passeio e comerciais, máquinas agrícolas e de construção, motores estacionários, entre outros. As subsidiárias representaram 44% do faturamento e 36% do lucro líquido do grupo Saltillo nos primeiros nove meses do ano.
Segundo balanço da companhia mexicana, o acumulado das vendas no período foi de US$ 780 milhões e lucro de US$ 38 milhões.
Conforme Tarquínio, juntas elas têm capacidade para processar 300 mil toneladas de ferro. Com a aquisição, a Tupy irá praticamente dobrar a capacidade de produção neste segmento.
Hoje, a empresa brasileira tem capacidade para 300 mil toneladas em cabeçotes e blocos de motor. O volume será ampliado a partir de 2012. Desde o começo do ano, a Tupy iniciou um projeto de obras para conversão de uma antiga unidade de fabricação de sistemas de segurança, como freios, discos e suspensões, em uma nova linha de blocos em ferro vermicular, uma liga que permite mais leveza e resistência nos projetos automotivos. Com as
aquisições no México, a Tupy deverá atingir uma capacidade de 700 mil toneladas até 2013.
Segundo Tarquínio, o volume garantirá à empresa liderança mundial no segmento. Contando com demais áreas de atuação, a Tupy tem hoje uma capacidade global de processar 500 mil toneladas.
Além do aumento da capacidade, as aquisições no México vão permitir à Tupy ampliar a carteira de clientes. A Caterpillar, que detém 33% das ações da Technocast, e a John Deere já são atendidas pelas empresas mexicanas, que ainda conta com Ford e Chrysler.
Segundo Tarquínio, a Tupy atua nos segmentos de máquinas de mineração, agrícolas e construção - o chamado off Road - mas em escala menor do que a produção das duas empresas mexicanas. "O foco não é apenas a operação da América do Norte, mas a demanda de países emergentes, como China e Índia, por máquinas neste segmento", disse.
De janeiro a setembro, a Tupy apresentou receita de vendas de R$ 1,6 bilhão - alta de 17,12% sobre o mesmo período de 2010. O lucro do período, de R$ 143,2 milhões, foi 16,61% maior que no ano passado. As exportações tiveram um papel importante nos resultados, já que 47% das receitas vieram do exterior. Do volume de vendas feitas para fora do Brasil, 80% são para a América do Norte.
Fonte: Valor Econômico/ Júlia Pitthan | De Florianópolis
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