Metais: Companhia espera ter parceiro estratégico na empresa de minério de ferro e logística até fim do ano
A Usiminas negocia ainda para este ano a criação de uma nova empresa que vai reunir seus ativos minerais, a sua participação de 20% na ferrovia MRS Logística e o seu terreno para a construção de um terminal marítimo em Sepetiba (RJ). Segundo o novo presidente da empresa, Wilson Brumer, um sócio estratégico estrangeiro deve entrar no negócio com cerca de 20% do capital. Em um segundo momento, provavelmente em 2011, a nova empresa pretende abrir o capital, pulverizando até 25% de suas ações.
"É o caminho que está sendo adotado por outras empresas que contam com ativos minerais. É preciso que o mercado reconheça o valor do que a empresa possui", disse Brumer ao divulgar ontem os resultados da Usiminas no primeiro trimestre. O executivo adiantou apenas que o novo sócio não será da China. Com este projeto, a Usiminas faz um movimento semelhante ao executado pela rival CSN, que participa de uma sociedade para o controle de seus ativos minerais em Congonhas (MG) e que já prepara a abertura de capital da mineradora Casa de Pedra.
No comando da empresa há quinze dias, Brumer divulgou o balanço ontem acompanhado de toda a diretoria, inclusive de um representante da acionista Nippon Steel, o japonês Takeshi Hirao, que nunca participara da divulgação de resultados. No encontro, Brumer afirmou que assumiu com a missão de melhorar os resultados operacionais da empresa e o clima interno de trabalho.
O executivo relatou a sua ofensiva para reter grandes contratos da empresa. Na última segunda, a Usiminas ganhou uma licitação para fornecer 7,7 mil toneladas de chapas grossas para a produção de um navio para a Transpetro, subsidiária da Petrobras, no Estaleiro Mauá. Essa é uma pequena parte de um programa de compras de 400 mil toneladas da Transpetro para seu programa de frota naval. De acordo com o vice-presidente de negócios da Usiminas, Sérgio Leite, duas outras licitações devem ocorrer nos próximos dois meses, mas com volume ainda não divulgado. "Nossa intenção é participar de todas", diz.
A Usiminas já vendeu 40 mil toneladas para a Transpetro, incluindo o lote desta semana, mas estava ameaçada de perder o cliente. Ao fixar os critérios para as aquisições, a estatal de navegação decidira que não iria levar em conta a procedência de aço. "Nossa a preferência é comprar o aço do Brasil, desde que o preço seja competitivo em nível internacional", afirmou o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em uma declaração divulgada pela própria Usiminas.
A diferença de preço entre a chapa grossa produzida pela Usiminas e a chinesa chegou a 30% no ano passado, mas está em queda, segundo afirmou Sérgio Leite. "Há uma nova situação cambial e um grande aumento da matéria-prima e essa diferença se estreitou a tal ponto que ganhamos com o menor preço uma concorrência com outras nove siderúrgicas", disse, sem revelar o valor pago pela Transpetro.
Segundo Brumer, a concorrência chinesa no fornecimento a clientes brasileiros da chapa grossa não preocupa. "Não vejo a China como um exportador de chapas grossas, a não ser pontualmente. Eu estou realmente preocupado é com a importação de bens manufaturados chineses, que afeta diretamente o nível de atividade no país", disse.
Na divulgação de resultados, Brumer sinalizou que o projeto de uma nova siderúrgica em Santana do Paraíso poderá não ser retomado. "Há fatores positivos, como o fornecimento de gás natural. Mas há outros que merecem ser considerados, como o grande aumento do preço de matérias-primas (minério de ferro e carvão)", afirmou. O presidente anterior, Marco Antonio Castello Branco, preparava o relançamento do projeto de R$ 5 bilhões no segundo semestre deste ano. Brumer informou que irá à apreciação do conselho em agosto.
O executivo também indicou que a Usiminas poderá vender sua participação de 14% no capital da Ternium, empresa que mantém em sociedade com a argentina Techint. "Vamos tomar esta decisão nos próximos doze meses". De acordo Brumer, em valores de mercado de hoje da Ternium, a fatia da Usiminas ultrapassaria US$ 1 bilhão. Se o negócio for concretizado, esses recursos serão alocados no plano de investimentos da Usiminas, que deverá envolver R$ 3,2 bilhões neste ano e um valor semelhante em 2011, sem considerar a possível construção da usina de Santana do Paraíso.
Fonte: Valor Econômico/ César Felício, de Belo Horizonte
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