Mineração: Empresa ressalta forte recuperação da demanda global de minérios ao anunciar ganho de R$ 2,9 bilhões até março.
A Vale anunciou ontem lucro líquido de R$ 2,9 bilhões no primeiro trimestre, uma queda de 9% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas foram 3% menores, chegando a R$ 12,6 bilhões.
Em comunicado divulgado ontem, com o título de "Continuando a expansão", a empresa comemora o "sólido desempenho", que reflete "nossos esforços para minimizar custos e a forte recuperação da demanda global por minérios e metais".
A aparente contradição explica-se pela forma de comparar: a mineradora escolheu como base o quarto trimestre. Dessa forma, a receita de vendas sobe 8% e o lucro, 6%.
Em condições normais, confrontam-se trimestres iguais para evitar distorções sazonais. Mas a crise financeira funcionou como uma licença especial para se comparar períodos mais próximos, "descontaminados" da nova "grande depressão".
No caso da Vale, veio a calhar. Todos os indicadores operacionais melhoram na comparação com o quarto trimestre. No que se refere aos custos de produção, a melhora se deu também em relação ao primeiro trimestre de 2009.
Isso significa que, apesar de ter faturado menos, a empresa foi mais eficiente no controle de custos e ganhou 47,3% "na margem" (a diferença entre receita e custos de produção), ligeiramente acima dos 46,8% do mesmo período do ano passado e um avanço considerável se for tomado como base os 38,4% do quarto trimestre.
Um olhar de mais longo prazo, no entanto, mostra que a maior produtora mundial de minério de ferro ainda está longe dos patamares mais folgados do período pré-crise. Em setembro de 2008, chegou perto de uma margem bruta de 60% e o lucro operacional passou dos R$ 10 bilhões, um recorde absoluto.
Até março deste ano, o resultado operacional antes do financeiro e de participações societárias foi de R$ 4,0 bilhões, ainda ligeiramente abaixo do primeiro trimestre de 2009, mas quase o dobro em relação ao três últimos meses desse ano. Porém, a perda financeira (de R$ 1,3 bilhão) bem maior que dos outros trimestres tirou boa parte desse ganho
No comunicado, a empresa informa que a greve nas operações de níquel em Sudbury e Voisey Bay, no Canadá, continuam causando impacto negativo no segmento de minerais não ferrosos da companhia. As receitas do segmento atingiram R$ 3,0 bilhões, abaixo dos R$ 3,2 bilhões do quarto trimestre.
Segundo a mineradora, o efeito positivo de R$ 200 milhões causado pela elevação dos preços foi superado pela redução do volume de vendas, que teve impacto negativo de R$ 575 milhões.
"A Vale está executando planos para elevar a produção de níquel nas operações que estão em greve", diz a empresa, lembrando que em Voisey Bay foi retomada a produção da mina de Ovoid e da usina de processamento que fornece concentrado de níquel às operações em Thompson e Sudbury.
Fonte: Valor Econômico/Nelson Niero e Rafael Rosas, de São Paulo e do Rio
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