SÃO PAULO - O agravamento da crise europeia, que influenciou a queda das bolsas no primeiro trimestre, já alterou as recomendações das corretoras para o segundo semestre. "Tivemos um cenário internacional muito conturbado no primeiro semestre, mas agora podemos olhar para o longo prazo", avaliou o consultor econômico da WinTrade, José Goes.
A WinTrade aposta nas blue chips brasileiras e recomenda a compra de Petrobras PN (PETR4) com preço-alvo de R$ 53,00, e de Vale PNA (VALE5) com preço-alvo de R$ 52,50.
"O papel da Petrobras está muito barato por causa da confusão com a capitalização da companhia", aponta Goes. De acordo com o consultor, a companhia sofreu muito no primeiro semestre por ser uma companhia de orientação estatal. "Há um ingrediente político no ambicioso plano de investimentos e há uma pressa demasiada por causa das eleições", argumenta Goes.
Ele preocupa-se com os investimentos em refino e exploração de petróleo. "Se a Petrobras não conseguir a capitalização, não poderá realizar todos os investimentos programados", argumenta Goes.
Quanto à Vale, o consultor comentou o aumento do preço das commodities no mercado internacional. "Os preços do minério de ferro já subiram mais de 100%. Temos a expectativa que parte desse aumento possa influenciar positivamente o balanço do segundo trimestre", vislumbrou o economista da WinTrade.
"A Vale também finalizar um acordo no Canadá para encerrar a greve local e retomar a produção de níquel naquele País", apontou o consultor.
Marcelo Varejão, analista de investimentos da Socopa Corretora, aponta o preço-alvo para a Vale em R$ 61. "É uma recomendação acima da média do mercado e está baseada num cenário do minério bastante favorável. No médio prazo, há uma oferta bastante limitada em relação a demanda", argumentou Varejão.
O analista de petróleo da Gradual Investimentos, Flávio Conde, tem recomendação diferente sobre a Petrobras. "Alteramos a recomendação de compra para manter após o adiamento da capitalização", informou Flávio Conde. Ele argumentou a nova recomendação da corretora. "Na última assembleia ordinária, os minoritários protestaram muito, questionando vários pontos do processo de capitalização e criticando o excesso de investimentos em refino", revelou.
Segundo ele, na opinião dos minoritários, a verba para refino deveria ser investida em exploração e produção. "A atividade de refino deve consumir US$ 30 bilhões de investimentos com retorno baixo", argumenta Conde.
A Gradual Investimentos recomenda preço-alvo de R$ 37. "Esse valor para um cenário de 12 meses, sem a capitalização, há uma preocupação de quem em setembro, o cenário esteja pior do que hoje", ressalta Conde ao falar do cenário pessimista.
"A Petrobras precisa de US$ 10 bilhões por ano para cumprir seu plano de investimentos, ou uma capitalização de US$ 50 bilhões", calcula Conde.
"O endividamento da companhia está em 32% e não pode ultrapassar o limite de 35% para não ser rebaixada pelas agências de risco", argumentou o analista.
"Desde que a capitalização foi anunciada no ano passado, os investidores reclamam que o preço das ações só vem caindo", conclui o analista de petróleo da Gradual. Osmar Camilo, analista de petróleo da Socopa Corretora tem opinião diferente sobre a ação. "O patamar de preços atual não reflete a valorização do petróleo. A capitalização tumultua a formação de preços pelos investidores", argumenta Camilo, ao sinalizar o preço alvo em R$ 46.
A Petrobras informou por meio de assessoria de imprensa que a empresa deve investir US$ 224 bilhões nos próximos cinco anos e que a área de refino, transporte e comercialização deve receber 30% desses recursos, cerca de US$ 73,6 bilhões.
Nessa quinta-feira, o papel Petrobras PN fechou em baixa de 1,53% cotado em R$ 26,45. Ao passo que Vale PNA fechou em alta de 0,71%, em R $38,18. As ações da mineradora foram responsáveis pela alta de 0,49% do Ibovespa ontem.
Corretoras e agentes de mercado estão otimistas com o futuro das ações da Vale, mas mostram incertezas em relação ao que vai acontecer com os papéis da Petrobras.
Fonte: DCI/Ernani Fagundes
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