A Vale deve enfrentar maior competição no longo prazo, depois que a BHP e a Rio Tinto confirmaram, no final de semana, uma joint venture operacional que pode levar a projetos mais ambiciosos e de custos menores, beneficiados pela sinergia entre as duas companhias.
Segundo analistas, a parceria entre as duas gigantes da mineração pode, por outro lado, ajudar mineradoras a conseguirem preços mais elevados para o minério de ferro, já que o setor estará mais consolidado para enfrentar as duras negociações com seus clientes. "No curto prazo não deve afetar muito, mas no longo prazo você cria um poder de barganha muito maior", avaliou Alexandre Miguel, analista do Itaú.
Ele lembrou que em relação aos clientes asiáticos - os maiores demandantes da matéria-prima do aço -, as empresas australianas já ganham vantagem sobre a Vale por causa do frete, e agora terão a seu favor também a sinergia para realizar projetos a custos mais baixos.
A BHP e a Rio Tinto anunciaram no sábado a concretização de uma joint venture que pode economizar pelo menos US$ 10 bilhões por ano em custos operacionais e de capital.
Alvo ainda de avaliações sobre concentração de mercado, a parceria formaria uma empresa com capacidade de produção de 350 milhões de toneladas, superando a capacidade de 300 milhões de toneladas da Vale.
"É uma forma de ganhar corpo nas negociações com os clientes para o preço do minério, que começam agora", destacou o analista da corretora SLW Pedro Galdi. "Não sei como a Vale vai se comportar, mas já vem investindo pesado para aumentar a produção e não deve ser muito afetada", completou.
Prevendo a volta da demanda de mercados afetados pela crise em 2009, como União Europeia e Japão, Galdi estima que a Vale terá a vantagem de já ter projetos em andamento. Para a analista Cristiane Viana, da Ágora, ainda é cedo para avaliar o impacto na mineradora brasileira.
"Vai depender do processo de crescimento que será adotado pela joint venture, a estratégia. Mesmo juntas elas podem ser menores do que os planos da Vale, que projeta 450 milhões de toneladas para 2014", observou.
No quesito preço, porém, depois de passar 2009 tentando fechar sem sucesso acordos de longo prazo com as principais siderúrgicas chinesas, o fortalecimento das duas companhias pode beneficiar o setor como um todo.
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