Segundo o presidente da empresa, programa de investimentos é o maior da história da mineração
SÃO PAULO - Um dia depois de anunciar um lucro trimestral recorde de R$ 10,5 bilhões (US$ 6 bilhões), a Vale divulgou na quinta-feira um plano de investimentos também recorde. A mineradora projeta investir US$ 24 bilhões em 2011, quase o dobro dos US$ 12,9 bilhões programados para até o final deste ano.
Segundo o presidente da mineradora, Roger Agnelli, esse será o maior investimento da história da indústria de mineração. Ele afirmou ainda que os investimentos serão financiados "plenamente" pela geração de caixa da mineradora.
Do total de investimentos, de acordo com a empresa, 63,8% (US$ 15,3 bilhões) será aplicado no Brasil, onde se encontra a maioria dos ativos de minério de ferro, logística e fertilizantes da empresa. Para o Canadá, onde a companhia tem a maior parte de seus projetos de níquel, foi destinada uma verba de US$ 1,959 bilhão. Já a Argentina receberá US$ 1,393 bilhão, seguida pela China, com US$ 663 milhões, e a Austrália, com US$ 436 milhões. A empresa também vai investir na Indonésia, Omã, Malásia, Peru, Colômbia, Libéria e Zâmbia.
Os projetos de minério de ferro, pelotas, manganês e ferro-liga deverão receber US$ 8,5 bilhões, ou 35% do total de investimentos. A segunda área a receber mais verba será a de logística: o segmento ficará com US$ 5 bilhões, 21% do total. Já o setor de metais base receberá 18% dos investimentos planejados para 2011 (US$ 4,310 bilhões), seguido por fertilizantes, que ganha um papel de maior destaque ao ficar com US$ 2,505 bilhões, o que representa 10,4% do orçamento total.
Os investimentos em projetos de carvão somam US$ 1,588 bilhão (6,8%) em 2011, enquanto os de energia totalizam US$ 794 milhões (3,3%), os de siderurgia chegam a US$ 677 milhões (2,8%) e outros projetos somam US$ 590 milhões (2,5%).
Carajás
No caso do minério de ferro, o orçamento para 2011 está ancorado principalmente em projetos de expansão em Carajás, no Pará. A empresa explicou que os principais projetos nesse segmento envolvem um aumento de capacidade de 191 milhões de toneladas por ano, sendo que a maior parte dessa expansão virá de Carajás – 130 milhões de toneladas.
Com orçamento de US$ 1,172 bilhão para o ano que vem, o projeto Carajás Serra Sul é o maior da história da Vale e também da indústria mundial, com capacidade de produção de 90 milhões de toneladas por ano. A conclusão do projeto está prevista para o segundo semestre de 2014. Já o projeto Serra Leste vai receber US$ 274 milhões e vai adicionar 10 milhões de toneladas a partir do primeiro semestre de 2012. O investimento engloba equipamentos de mina, usina de beneficiamento e em logística.
Segundo a Vale, Carajás e Simandou, na África, oferecem a "melhor plataforma" de crescimento de minério de ferro. "Minérios de alta qualidade apresentam menores custos operacionais e um valor em uso superior para a indústria siderúrgica, evidenciado pelo prêmio no preço dado pelo mercado", destaca a empresa. A Vale ressalta ainda que a demanda por minérios de alta qualidade é menos sensível a recessões econômicas.
De acordo com Roger Agnelli, a tendência para o preço do minério de ferro é oscilar em torno dos valores atuais da commodity no mercado à vista (spot) chinês. "Não se pode dizer hoje se a variação para o primeiro trimestre de 2011 vai ser positiva ou negativa", disse. Segundo o mercado, houve retração de 8% a 13% nos valores contratuais do minério fechados para o quarto trimestre.
Ao ser questionado sobre sua permanência à frente da mineradora após a eleição presidencial, Agnelli disse apenas que a empresa é importante para o Brasil em qualquer cenário. "Qualquer governo vai querer trabalhar de maneira próxima da Vale, e a Vale vai querer estar próxima de qualquer governo", disse. Ele informou que já houve um posicionamento (da Vale) em relação à questão, e completou: "Dispenso qualquer comentário". A Vale informou em comunicado esta semana que o tema de uma possível troca no comando da empresa "jamais foi tratado" pelos acionistas controladores.
Fonte:de O Estado de S. Paulo/Chiara Quintão
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