Reflexos negativos do clima sobre lavouras perenes e um ajuste de expectativas em relação aos preços internacionais das commodities levaram o Ministério da Agricultura a revisar para baixo sua estimativa para o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária brasileira em 2021. Uma nova máxima histórica deverá ser alcançada, mas a barreira de R$ 1 trilhão talvez não seja superada.
Segundo as novas projeções do ministério, o VBP do campo (“da porteira para dentro”) deverá somar R$ 959,7 bilhões este ano, 10,1% mais que o recorde de 2020 (R$ 871,3 bilhões, aumento de 17% ante 2019). Em dezembro, a Pasta previu R$ 1,025 trilhão.
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Para o VBP das 21 lavouras que compõem o levantamento, a expectativa é que o total chegue a R$ 651,2 bilhões em 2021, um incremento de 12,2% na comparação com o cálculo para 2020 (R$ 580,5 bilhões, 22,2% mais que em 2019).
Com colheita e preços recorde, mas com menos espaço para continuarem subindo, a soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, deverá alcançar VBP de R$ 303 bilhões neste ano, 24,4% acima do valor de 2020, quando o avanço foi de impressionantes 42,8%.
Para o milho as perspectivas também permanecem positivas, igualmente sustentadas por produção robusta e preços elevados, em parte, como no caso da soja, por causa do câmbio. O ministério passou a projetar o VBP do cereal em R$ 117,1 bilhões em 2021, 17,7% superior ao de 2020.
Entre as lavouras mais relevantes, também vão crescer em 2021 os VBPs do arroz (17,3%, para R$ 20 bilhões), da batata (22,1%, para R$ 9,9 bilhões), do cacau (14,7%, para R$ 4 bilhões), da mandioca (10,9%, para R$ 11,7 bilhões) e do trigo (8,3%, para R$ 8,7 bilhões). Em contrapartida, são esperadas quedas para algodão (2,7%, para R$ 22,2 bilhões), banana (1,3%, para R$ 13,3 bilhões), café (24,2%, para R$ 26,6 bilhões), cana (2,3%, para R$ 69,1 bilhões), laranja (3,5%, para R$ 14,5 bilhões) e do tomate (14,8%, para R$ 9,5 bilhões).
Para o conjunto das cinco principais cadeias da pecuária, o ministério reduzir sua projeção para o VBP neste ano para R$ 308,5 bilhões, ainda com incremento de 6,1% ante 2020 (R$ 290,8 bilhões, 7,9% mais que em 2020).
O segmento é puxado pelos bovinos, cujo VBP deverá atingir R$ 137,3 bilhões este ano, 8,7% acima do resultado de 2020. Para o frango, a previsão é de alta de 4,7%, para R$ 81,8 bilhões, e para os suínos o montante calculado passou a ser de R$ 28,2 bilhões, 3,5% maior. O ministério também projeta avanço para o leite (7,2%, para R$ 46 bilhões) e queda para os ovos (6,5%, para R$ 15,1 bilhões).
Ainda pesam para o cenário positivo traçado pelo ministério para as proteínas animais as perspectivas positivas para as exportações, sobretudo para a China, e também para o mercado doméstico em função da provável recuperação da economia depois de domada a covid-19. Mas os resultados alcançados em 2020, sobretudo nos mercados de bovinos e suínos, restringem novas disparadas agora.
Fonte: Valor