A venda das refinarias da Petrobras, sem bem-sucedida, tem potencial para reduzir o endividamento da empresa de forma significativa, mas só a partir de 2021. O presidente da estatal, Roberto Castello Branco, já afirmou que a companhia espera levantar cerca de US$ 15 bilhões com o plano de desinvestimentos no refino, montante que representa 19% do atual patamar de dívida da empresa. A petroleira fechou o primeiro trimestre com um endividamento bruto de US$ 78,8 bilhões, excluindo os efeitos da norma IFRS 16.
A venda das refinarias, porém, não deve ser sacramentada no curto prazo. Em comunicado enviado aos empregados, na semana passada, a petroleira informou que a Petrobras pretende divulgar oficialmente as informações preliminares para avaliação do negócio ao fim do primeiro semestre. A expectativa é que as "etapas subsequentes" ocorram entre o segundo semestre deste ano e o primeiro semestre de 2020 e que a transferência da operação para o comprador e o fechamento do negócio fiquem para 2021.
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A Petrobras também informou que pretende manter a liderança no refino brasileiro ao fim do processo de venda anunciado. A empresa esclareceu que não pretende realizar novos movimentos de desinvestimento no setor, além das oito refinarias colocadas à venda. Segundo a estatal, o posicionamento no mercado do Sudeste é "consistente com o crescimento e a priorização das atividades de exploração e produção no pré-sal nas bacias de Campos e Santos".
Desde que o conselho de administração da estatal aprovou, no fim de abril, as oito unidades que farão parte do pacote de venda, o plano de desinvestimentos avançou em alguns novos detalhes na semana passada. Já está definido, por exemplo, que a empresa venderá suas refinarias com a infraestrutura associada a elas (como terminais e dutos), o que aumenta o grau de atratividade do negócio para os potenciais interessados.
O plano é que as refinarias cujas negociações forem bem-sucedidas se transformem em empresas independentes. A estatal informou ainda que oferecerá aos empregados dessas refinarias um "cardápio de opções" que inclui desde um programa de desligamento voluntário à "realocação interna, conforme interesse da companhia". A estatal também menciona a possibilidade de plano de desligamento via acordo e a possibilidade de o empregado migrar para as novas empresas de refino que serão constituídas após o desinvestimento.
Os sindicatos dos petroleiros prometem uma série de manifestações pelo país amanhã, em ato conjunto com a greve dos professores. Na ocasião, protestarão contra as privatizações da Petrobras.
A empresa pretende vender, ao todo, cerca de metade de sua capacidade de refino no Brasil, o que inclui as refinarias: Rnest (PE), SIX (PR), Rlam (BA), Regap (MG), Repar (PR) Refap (RS), Reman (AM) e Lubnor (CE).
Fonte: Valor