A pauta exportadora do Brasil para a Venezuela é liderada por um produto sem valor agregado: boi vivo. Com a entrada do vizinho no Mercosul, a indústria brasileira quer mudar esse quadro.
Os produtores de industrializados são os mais animados com o novo membro do bloco. Como a economia da Venezuela é centralizada em petróleo, há demanda para toda a indústria nacional - de automóveis a medicamentos.
"Eles demandam praticamente tudo. Temos muita facilidade de diversificação naquele mercado", afirma Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
"É uma boa oportunidade que se abre principalmente para o setor industrial, que vem passando por dificuldades", diz Clemens Nunes, da Escola de Economia da FGV.
Mesmo sem as facilidades do acordo regional, os produtos industrializados já vêm aumentando sua participação nas exportações brasileiras para a Venezuela.
Enquanto os embarques de produtos básicos subiram 29% no primeiro semestre, para US$ 616 milhões, as exportações de manufaturados aumentaram 54%, para US$ 1,26 bilhão.
Boa parte desse avanço é atribuído à presença, naquele país, de empreiteiras brasileiras, que importam matéria-prima para desenvolver grandes projetos de infraestrutura, como máquinas, aço e construções pré-fabricadas.
Para os produtores de commodities, a entrada da Venezuela no Mercosul significa mais uma facilidade na resolução de questões burocráticas do que a possibilidade de ampliação no faturamento.
"A entrada da Venezuela no bloco apenas consolida nossa relação e nos aproxima para resolver problemas pontuais", diz Francisco Turra, presidente da Ubabef (associação dos exportadores de carne de frango).
"Deve dar mais tranquilidade ao processo", diz Antonio Camardelli, presidente da Abiec (associação dos exportadores de carne bovina).
A Venezuela já criou empecilhos para a importação do frango brasileiro -quinto produto mais exportado para o vizinho. A expectativa é que, com o país no Mercosul, isso não ocorra mais.
O presidente em exercício da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, diz que "todas as compras são direcionadas pelo governo, que limita a vontade dos importadores."
Fonte: Folha / Tatiana Freitas
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