A fabricante de turbinas eólicas Vestas avisou que os problemas na cadeia de abastecimento e nas margens de lucro da indústria de turbinas para geração eólica continuarão, no mínimo, pelo resto do ano, na esteira dos tempos difíceis sendo enfrentados pelo setor de energia verde.
Ontem, a fabricante dinamarquesa de turbinas eólicas anunciou que sua margem no lucro operacional básico foi de 3% em 2021, abaixo da previsão anterior, de 4%, e da inicial, de 6% a 8%. Para 2022, a empresa, cujo balanço preliminar foi divulgado duas semanas antes, previu uma margem entre 0% e 4%.
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“Acreditamos que o atual ambiente desafiador para os negócios continuará ao longo de deste ano, o que afeta nossas perspectivas para 2022”, afirmou o executivo-chefe da Vestas, Henrik Andersen. “Para mitigar esses desafios de curto prazo, a indústria precisa mostrar a disciplina necessária para proteger a lucratividade e melhorar a criação de valor no longo prazo”, completou o executivo.
A indústria de fontes renováveis teve 12 meses considerados difíceis, impactada pelo forte aumento nos custos, decorrente de problemas em sua cadeia de abastecimento, e das baixas velocidades dos ventos, que afetaram a produção de energia.
Na semana passada, a Siemens Gamesa, uma das principais rivais da Vestas, reduziu suas projeções financeiras pela terceira vez em nove meses, o que levou a quedas acentuadas nos preços das ações em todo o setor. As ações da Vestas acumulam desvalorização de 40% desde novembro do ano passado.
A Vestas advertiu que sua previsão para 2022 está sujeita a incertezas consideráveis, em razão da falta de visibilidade quanto aos aumentos de custos das matérias-primas e componentes e aos preços da energia.
As receitas do grupo dinamarquês em 2021 somaram o recorde de € 15,6 bilhões, ficando, por pouco, dentro de sua faixa prevista, de € 15,5 bilhões a € 16,5 bilhões, revisada em novembro. A previsão original era de € 16 bilhões a € 17 bilhões. A estimativa para a receita em 2022 é ficar entre € 15 bilhões e € 16,5 bilhões.
A Vestas e fabricantes de turbinas rivais aumentaram seus preços para lidar com a inflação de custos, mas o grupo dinamarquês comunicou que os reajustes “prolongaram as negociações” com os clientes. A empresa acrescentou também que os preços mais altos das fontes de energia, como um todo, podem levar a uma aceleração nos investimentos em energia renovável a longo prazo, uma vez que sua carteira de pedidos aumentou para 13,9 GW em 2021, acima dos 12,7 GW registrados no ano anterior.
“Esperamos que o futuro próximo e, pelo menos, 2022 sejam fortemente impactados pela inflação de custos, paralelamente ao surgimento de uma crise energética causada pela geopolítica e pela volatilidade dos combustíveis fósseis que também resultou em aumentos dramáticos nos preços da energia”, disse a Vestas.
O grupo dinamarquês destacou que sua “capacidade de ficar totalmente com foco na execução no fim do ano” foi afetada por um ciberataque em novembro, que embora não tenha tido impacto direto em sua produção, afetou alguns sistemas de tecnologia da informação.
Fonte: Valor