Uma das principais fornecedoras de motores e geradores para termelétricas do Brasil, a fabricante finlandesa Wärtsilä acredita que o pior momento da economia brasileira já passou e prevê a retomada do ritmo de negócios nos segmentos de energia e petróleo e gás nos próximos anos. O novo momento que o grupo enxerga para o país se reflete na decisão de colocar novamente na presidência da subsidiária local um brasileiro, Jorge Alcaide, diretor de soluções de energia que substituirá Ville Packalén.
Com a meta de fechar contratos para fornecimento de 300 a 400 megawatts (MW) de capacidade em equipamentos por ano no Brasil, a empresa acompanha de perto os preparativos para os leilões de energia "A-4" e "A-6", que negociarão energia de novos empreendimentos para início de fornecimento em 2023 e 2025, respectivamente, e o leilão de atendimento a Roraima, que poderão gerar novos contratos para o grupo.
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Com € 5,2 bilhões (cerca de R$ 22,5 bilhões) em vendas globais no ano passado, o grupo também acompanha as discussões sobre a realização de um leilão específico para contratação de capacidade termelétrica, em estudo pelo governo brasileiro.
"Estamos olhando todos eles [leilões], mas, claro, depende do tamanho [do leilão] e da fonte [de energia]", afirmou o presidente global da área de energia da Wärtsilä, Marco Wirén, ao Valor. O executivo esteve no Brasil na última semana, para reuniões com consultores, equipes internas e representantes do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no Rio e em Brasília.
"Tivemos altos e baixos, assim como o mercado. O Brasil é um país muito importante para nós. E continuaremos aqui por anos. Vemos muitas oportunidades no Brasil", completou Wirén.
Segundo Alcaide, a renovação da aposta no Brasil também é motivada pela perspectiva do crescimento do consumo de energia no país. "Há uma forte relação entre o PIB e o consumo de energia. E a expectativa, baseada em previsões de bancos, é que o Brasil voltará a crescer. E acreditamos, em paralelo, que o consumo de energia vai crescer e poderá gerar mais oportunidades para os nossos negócios no Brasil, não só em energia, mas para 'marine' também [área de negócios marítimos, que inclui o segmento de petróleo e gás]", explicou.
O novo presidente da Wärtsilä para o Brasil disse que a companhia pode decidir pela realização de investimentos em novas unidades ou ampliação das bases atuais no país, dependendo do desenvolvimento das oportunidades de negócios.
Uma oportunidade avaliada pela companhia é a complexidade dos sistemas elétricos, não só no Brasil mas no resto do mundo, devido ao crescimento expressivo da participação de fontes renováveis de produção intermitentes, como eólica e solar. O uso intenso dessas fontes na rede elétrica exige tecnologias de acionamento rápido, como geradores a gás ou equipamentos híbridos, entre outros, para garantir o suprimento de energia.
Um ponto importante, porém, é o aprimoramento regulatório para viabilizar economicamente a adoção de soluções flexíveis, que não precisam gerar energia continuamente.
Instalada no Brasil desde 1990, a companhia já possui mais de 3 gigawatts (GW) de equipamentos fornecidos no país.
Fonte: Valor