Mesmo com um resultado positivo no terceiro trimestre deste ano, a fabricante de máquinas e equipamentos brasileira WEG começou a sentir os efeitos da desaceleração global em suas encomendas no mercado externo, segundo o diretor financeiro do grupo, André Luís Rodrigues.
Essa queda de ritmo foi percebida principalmente nos mercados da Ásia e Europa, para produtos de ciclo curto - que são menores e produzidos em série.
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“A desaceleração reflete a queda nos investimentos em aumento de capacidade, em produtos como motores de baixa tensão e equipamentos de automação”, diz o executivo.
No segmento de ciclo longo, atrelado a grandes projetos, a demanda segue forte fora do país. O impacto para esse tipo de encomenda costuma demorar para fazer efeito, já que os pedidos são feitos com antecedência, afirma Rodrigues. No entanto, ele destaca que a carteira de projetos futuros é positiva, principalmente nos setores de óleo e gás, saneamento e mineração. “Temos conseguido ganhar fatia de mercado e lançar produtos em diversos países.”
Ontem, a WEG anunciou um investimento de US$ 20 milhões (cerca de R$ 80,7 milhões) em uma nova fábrica de motores elétricos de baixa tensão, na Índia, que deverá entrar em operação em 2021.
Os resultados da WEG seguem em expansão. No terceiro trimestre, a empresa teve lucro de R$ 418,2 milhões, uma alta de 9,6% na comparação anual.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) avançou 18,4%, para R$ 579,1 milhões. A margem Ebitda cresceu 17,3%, 2,2 pontos percentuais acima de um ano antes. A melhora foi atribuída à redução de custos e despesas, ganhos de escala e mix mais favorável de produtos vendidos.
A receita da companhia avançou 3,5%, para R$ 3,35 bilhões, puxada justamente pelo desempenho no mercado externo, que representa 59% do faturamento. As vendas fora do país aumentaram 5,9%, para R$ 1,97 bilhão.
No Brasil, o faturamento ficou praticamente estável, crescendo 0,2%, para R$ 1,37 bilhão. O resultado doméstico foi prejudicado pela falta de projetos eólicos na carteira do grupo, segundo ele.
“Excluindo esse fator, o mercado brasileiro teve crescimento, embora em ritmo menor que o esperado no início do ano”, afirma. “O destaque é para a energia solar de geração distribuída, e para os segmentos de transmissão e distribuição, que têm mostrado melhora desde fim do ano passado.”
O grupo também tem percebido um aumento nas encomendas de ciclo longo nos setores de papel e celulose e óleo e gás - mas ainda com foco em manutenção dos ativos existentes, e não em expansão.
Em relação à abertura comercial unilateral proposta pelo governo, Rodrigues afirma que a medida é positiva ao país, se condicionada a três fatores: que o processo seja feito de forma gradual; que abarque toda a cadeia produtiva; e que venha acompanhado da redução do custo Brasil, com reformas como a tributária e a melhoria da infraestrutura do país, “para nos colocar em situação de igualdade com outros países”, diz o executivo.
Fonte: Valor