Com as perspectivas para os negócios tomadas por incertezas, a WEG está focada em garantir liquidez e preservar caixa. Ao Valor, o diretor financeiro, André Luis Rodrigues, contou que, apesar da situação financeira considerada saudável, a fabricante tem concentrado esforços na gestão do balanço, gerenciamento de estoque e monitoramento de contas a receber, a fim de minimizar possíveis impactos da crise. A empresa também colocou em revisão o montante de investimentos previstos para 2020, de R$ 690 milhões.
Os resultados da WEG no primeiro trimestre, divulgados ontem, mostram impactos limitados da pandemia. Até março, o desempenho foi positivo em praticamente todas as áreas de negócios, tanto no Brasil quanto no exterior. Com isso, a companhia viu um crescimento de 43,4% no lucro líquido ante o primeiro trimestre de 2019, para R$ 440 milhões. A receita líquida avançou 26,7% na mesma comparação, para R$ 3,71 bilhões, enquanto o Ebitda alcançou R$ 619 milhões, alta de 34,1%.
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Mas a companhia enxerga um cenário bem difícil à frente, e não se arrisca, no momento, a prever uma tendência para as várias indústrias que atende. “No fim do segundo trimestre, teremos mais visibilidade com relação ao nível de recuperação de cada mercado”, afirma Rodrigues. Ele acrescenta, porém, que a WEG tem uma série de vantagens competitivas, como a presença e visibilidade em vários países, além da solidez financeira e da reputação construída ao longo dos anos, que devem ajudá-la a atravessar esse momento crítico sem grandes abalos.
Desde março, a WEG passou a sentir com mais intensidade os efeitos da crise. Já houve redução importante da entrada de pedidos de ciclo curto, como motores comerciais e de uso doméstico e tintas e vernizes. Também foi observado um “represamento” de pedidos no segmento de geração distribuída de energia.
Além disso, no Brasil, alguns clientes de produtos de ciclo curto têm encaminhado à WEG pedidos para postergar pagamentos. Rodrigues explica que essas solicitações têm sido analisadas “criteriosamente”, e que não envolvem valores significativos. Já no mercado externo, esse movimento não acontece. “Lá fora a dinâmica é diferente, não tem muito essa postura de pedir antes para postergar. O que pode acontecer é [o cliente] não honrar os pagamentos, mas estamos monitorando isso”.
Apesar da preocupação com a gestão financeira, a companhia considera que está em situação confortável - encerrou o trimestre com caixa líquido de R$ 908 milhões - e não prevê, no momento, captações para reforçar a posição. “Rodamos diversos cenários de estresse e não identificamos necessidade de captação. Isso pode mudar, mas não é o que vislumbramos hoje para o curto prazo”, afirma o diretor.
Diante do cenário incerto, a empresa decidiu revisar a projeção de investimentos para o ano. Estava previsto um montante de R$ 690 milhões, sendo que 45% seria direcionado ao Brasil. “Vai ser menor, vamos manter somente os investimentos estratégicos”, diz Rodrigues.
Um dos projetos que continuará recebendo aportes é o de expansão da fábrica na China, país em que a demanda tem se mostrado positiva após o surto da covid-19. No Brasil, a companhia manterá o desenvolvimento dos aerogeradores de 4,2 megawatts (MW) de potência.
Sobre potenciais aquisições, a WEG afirma que continua estudando oportunidades, principalmente voltadas a seus negócios digitais, que não envolveriam desembolso relevante de caixa.
Fonte: Valor