Tradicionalmente voltada para o mercado corporativo, a seguradora suíça Zurich vai reforçar sua presença no varejo brasileiro. E para isso, não descarta aquisições, aqui ou no exterior. "Escala é fundamental para a rentabilidade desse negócio", afirma Pedro Purm Jr., presidente da Zurich no Brasil. "Não podemos demorar muito tempo", acrescenta.
Purm Jr. não revela, porém, se há alguma negociação em curso no momento. Até porque, qualquer movimento que a Zurich porventura venha a fazer no país que envolva aquisição de carteiras ou de empresas será tocado diretamente pela matriz. Mas o executivo deixa pistas. "A crise mundial trouxe boas oportunidades", diz.
Uma opção, portanto, seria fechar um negócio global que tivesse repercussão nacional. A Zurich, segundo Purm Jr., não abre mão do controle das parcerias que faz. Em julho de 2009, a seguradora comprou nos Estados Unidos a 21st Century, unidade de veículos do grupo AIG. "O Brasil é mercado de atenção do grupo."
No radar está principalmente o segmento de vida, que recentemente passou por reestruturação e tornou-se estratégico para do grupo segurador no mundo. Purm Jr. ressalta que a área de grandes riscos precisa ceder boa parte dos prêmios para o resseguro, ao contrário do ramo vida e de outros seguros massificados. "Esse volume de prêmios retidos é importante para equilibrar o balanço de custos", explica. De certa forma, portanto, o varejo acabaria por apoiar o principal negócio do grupo.
Controle de gastos, aliás, é algo que precisa ser aprimorado na operação brasileira, reconhece Purm Jr. Hoje, os custos administrativo e de aquisição (comissão de corretagem) da Zurich chegam a 45% do faturamento. O ideal, segundo o executivo, é que esse percentual não ultrapasse 30%. O índice combinado da seguradora está em 104,2% - ou seja, a cada R$ 1 recebido, é gasto R$ 1,042. Vale ressaltar, no entanto, que o indicador é medido antes do resultado financeiro. A Zurich acumula neste ano, até junho, prêmios de R$ 238,2 milhões.
A Zurich "pôs os pés" no varejo brasileiro quando adquiriu do Banco Mercantil do Brasil (BMB) as operações da seguradora Minas Brasil (incluindo a Minas Brasil Vida e Previdência), em julho de 2008. Antes disso, haviam sido feitas algumas tentativas de inserção no mercado de automóveis e de vida, mas permaneceram, mesmo, apenas resquícios dos negócios de vida que estavam inseridos no ramo de seguro prestamista.
As atividades da Minas Brasil já se encontram integradas às da Zurich, com uma estrutura operacional e gerencial unificada. Em maio de 2009, os produtos e serviços oriundos da Minas Brasil passaram operar sob o nome Zurich Minas Brasil. As carteiras adquiridas são modestas. As apólices de vida somam aproximadamente R$ 35 milhões (quase o mesmo volume que a Zurich tinha antes da compra da Minas Brasil) e a plataforma de veículos é composta por 150 mil automóveis. "Fizemos a compra basicamente em função do canal de corretores, de cerca de cinco mil profissionais", afirma Purm Jr.
Por isso, ao mesmo tempo em que a Zurich está de olho no mercado em busca de boas compras, também fortalece as operações oriundas da Minas Brasil. Há ainda sucursais pouco exploradas em Minas Gerais e as atividades em Salvador e Recife acabaram de começar. No segmento de automóveis, por exemplo, o objetivo é chegar a 500 mil carros segurados de três a cinco anos. A Zurich Brasil faturou R$ 760 milhões em 2009 e a meta em 2010 é crescer 30%.
Fonte:Valor Econômico/Aline Lima, de São Paulo
PUBLICIDADE