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MSC

260 expositores

Mais da metade das empresas participantes da Navalshore 2009 afirma ter iniciado negócios durante o evento

A Navalshore 2009 - VI Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore reuniu 260 expositores durante três dias – de 19 a 21 de agosto – no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro. O número superou em 13% as 228 empresas com estandes próprios ou compartilhados registrado na edição 2008 da feira. A participação de


visitantes também cresceu de 12,3 mil no ano passado para 12,6 mil este ano. Além do crescimento, a Navalshore também confirmou seu perfil cada vez mais internacional, reunindo representantes da indústria naval e autoridades do Brasil, Argentina, Chile, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Finlândia, Noruega, Holanda, Polônia, Suécia, Dinamarca e China. A próxima edição será realizada na primeira quinzena de agosto de 2010, no Rio de Janeiro.

O evento paralelo “Negócios em 15 Minutos”, rodada de negócios entre empresas-âncora — Transpetro e os estaleiros Ilha S.A (Eisa), Mauá, Aliança, Arsenal da Marinha, Santa Cruz, Detroit, Superpesa e Atlântico Sul (EAS) — promoveu 668 entrevistas durante dois dias, com agendamento médio de 74 entrevistas por âncora. Entre as empresas participantes da feira, 66% afirmaram ter iniciado ou dado sequência a negócios durante a Navalshore e 78% acreditam que farão negócios nos próximos meses em consequência de contatos realizados durante a feira.

Entre as empresas que fecharam negócios durante a Navalshore está o estaleiro Detroit, de Santa Catarina, que assinou contrato com a Tranship para a construção de seis rebocadores do tipo LH, com 45 toneladas de tração estática. As embarcações devem ser entregues até 2011 e vão operar no apoio às atividades offshore na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. “Participar da feira foi uma ótima oportunidade de novos negócios”, comemorou o diretor Comercial do Detroit, Josuan Moraes Junior.

A Metalock, por sua vez, fechou contrato de representação de serviços e assistência técnica com a Machinery Division da Kawasaki Heavy Industry durante o evento. Pelo acordo, a empresa ficará responsável pela venda e reparos em propulsores marítimos e hélices de passe variável fabricadas pela companhia japonesa.

Acordo semelhante foi anunciado pela Vision Marine durante a feira: a companhia passou a representar no Brasil a fabricante de radares MDL, assumindo também a assistência técnica dos radares a laser Fanbeam. O produto funciona em conjunto com o sistema de Dinamic Positioning (DP), fazendo a leitura da posição entre uma embarcação de suporte offshore e uma plataforma, por exemplo, permitindo que a embarcação se mantenha imóvel em relação à plataforma durante uma operação.

“O Fanbeam não tinha nenhum suporte no Brasil. Quando dava problema, o cliente tinha que mandar o equipamento para fora do país para reparos. Isto reduzirá os custos dos compradores”, contou o gerente de Serviços da Vision Marine, Gastão Souza. Entre os clientes da MDL que já recorreram à assistência da Vision Marine estão Petrobras e Wilson Sons.

A MAN Diesel também anunciou durante a Navalshore um contrato para fornecimento dos motores principais dos quatro navios de produto que estão sendo construídos no Estaleiro Mauá para a Transpetro. Os motores serão produzidos na Coreia, na fábrica da STX, licenciada MAN para a fabricação de motores de dois tempos. Os sistemas de propulsão de passo controlado dos quatro navios também serão fornecidos pela MAN. No entanto, eles serão produzidos na fábrica própria da empresa, na Dinamarca.



Lançamentos. Outras empresas aproveitaram o público da feira, formado em sua maioria por profissionais da indústria naval, para apresentar novos produtos. A Asvac Bombas Industriais e Navais, por exemplo, lançou um novo modelo de bomba. O produto custa 35% menos do que o modelo anterior e atende às especificações da Marinha do Brasil para navios patrulha, corvetas e submarinos.

A fabricante de holofotes para navegação Color Light, também representada no Brasil pela Vision Marine, apresentou durante o evento uma nova versão do controle remoto que permite controlar a intensidade e a direção das luzes da embarcação a distância: o aparelho pode ser levado no bolso para qualquer ponto da embarcação em vez de ficar fixo na ponte de comando, e funciona a uma distância de até 200 metros dos holofotes.

A empresa também trouxe para a feira os holofotes ultravioleta, indicados para a navegação na neblina e detecção de vazamentos de óleo. “Os raios ultravioleta, refletidos no óleo, fazem com que ele fique branco e a água, escura. Isto permite detectar vazamentos durante a navegação e o serviço de docagem e assim reagir a tempo de controlar os danos. Com este equipamento também é fácil localizar tripulantes que tenham caído no mar, facilitando o resgate”, explicou o presidente da Color Light, Lennart Gudmundsson.

Já a Palfinger chamou a atenção com o ITP (Internal Tank Platform), guindaste hidráulico com quatro braços projetado para substituir os andaimes nos serviços de inspeção, limpeza, pintura e jateamento de tanques de navios, que pode ser utilizado tanto para embarcações que transportam líquidos quanto granéis sólidos. Lançado no Brasil durante a feira, o equipamento funciona como um “guarda-chuva invertido”, com a ponta do cabo fixada na borda do tanque. De sua estrutura, partem quatro braços, cada um ocupado e operado por um único funcionário.

O equipamento é comercializado no exterior desde 2007, e já é utilizado em estaleiros da Turquia, Alemanha, Holanda, Estados Unidos, Grécia, Portugal e Cingapura. Segundo o consultor de desenvolvimento para o Mercado Naval & Offshore da empresa no Brasil, Hans Schaeffer, o ITP tem a certificação OSA 18001 e também foi certificado pela agência europeia Ceitüv. “É uma satisfação e uma ótima oportunidade para nós participar da Navalshore, a procura tem sido grande pelo equipamento. Além da feira, visitamos dois estaleiros no Rio de Janeiro para apresentar o produto”, contou Schaeffer.

A Hypertherm, por sua vez, apresentou na Navalshore seu novo sistema HyPerformance Plasma para corte de aço, o HPR400xd, lançado em dezembro. Ao todo, 15 máquinas já foram vendidas no país, o que representa 7% das vendas mundiais do equipamento. A maioria para estaleiros e empresas de geração de energia, que trabalham com motores de grande porte. O HPR400xd permite um corte potente, sendo capaz de cortar chapas de aço de até 80 milímetros ou 3.2 polegadas, e preciso, graças à tecnologia de bico ventilado, que alinha e foca o arco de plasma. O equipamento ainda regula a corrente elétrica e a pressão do gás, para reduzir o consumo de energia, e possui tecnologia de proteção refrigerada por líquido, que afasta o metal fundido do bico durante a perfuração.

O Grupo Ulstein também anunciou novidades durante a feira. O diretor regional para a América Latina, Ronny Orvik, contou que a Ulstein Marine Services (UMS) passará a atuar no país oferecendo gerenciamento técnico preventivo para armadores nas operações técnicas com serviços, nos serviços de manutenção e reparos e no treinamento de tripulação. Além disso, a empresa vai desenvolver um projeto de supply vessel baseado nas necessidades brasileiras, com preço inferior ao das embarcações que trafegam no Mar do Norte.

A Ulstein Key também passará a comercializar no Brasil um software de gestão de frota que permite controlar os custos, reduzir o consumo de combustível e o tempo em que a embarcação fica fora de operação. O software, explicou Orvik, possui sete módulos em sua versão standard: manutenção; inventário e estoques, gestão de contratação, qualidade e segurança, controle de emissão de gases (meio ambiente); tripulação; e orçamentos e finanças.



Estreias. Além dos lançamentos, a Navalshore 2009 também teve estreias. Os estaleiros Santa Cruz, de Sergipe, e Sorenav, do Rio Grande do Sul, participaram pela primeira vez do evento, com o objetivo de estreitar o contato com a indústria naval e prospectar clientes em outros estados para serviços de reparos navais e construção de embarcações.

O Santa Cruz, que pertence ao grupo H. Dantas, aproveitou a feira para fazer contatos na área de construção de embarcações de apoio offshore. “Nosso foco principal aqui é construção naval, embarcações de apoio offshore. Fazemos serviço de docagem, mas neste caso geralmente os clientes procuram a situação geográfica favorável, ou seja, o estaleiro mais próximo”, explicou o gerente administrativo-financeiro Bruno Loeser de Oliveira.

O Santa Cruz fica em Barra dos Coqueiros (SE), tem área de 45 mil metros quadrados e três carreiras (com capacidades para 300 toneladas, 600 toneladas e 1,2 mil toneladas), uma rampa para docagem (com capacidade de duas toneladas) e é capaz de produzir embarcações de até 1,2 mil toneladas. O estaleiro produz navios para empresas do grupo H. Dantas e para outras companhias, em aço ou fibra de vidro, além de realizar serviços de docagem. O estaleiro está construindo quatro rebocadores portuários com capacidade de 45 toneladas, com peso total de 230 toneladas, 24 metros de comprimento e nove metros de boca, para a Vale do Rio Doce, que devem ser entregues entre setembro e dezembro de 2010.

Já o Sorenav, localizado em Triunfo (RS), às margens do rio Taquari, começou a operar em 1995 realizando apenas reparos navais, mas desde 2003 constrói embarcações de até cinco mil toneladas de porte bruto. Atualmente o estaleiro constrói o ferry boat Sofia, para a Nortemar, para travessia de veículos entre Rio Grande e São José do Norte (RS), orçado em R$ 1,5 milhão, e o navio petroquímico Guapuruvu, encomendado pela Guarita Ltda., um projeto de cerca de R$ 25 milhões, para transportar a produção do polo petroquímico de Triunfo.

“Nosso interesse é atuar na construção para a navegação de apoio offshore e também em navipeças. Para isso, vamos ampliar o estaleiro”, contou o administrador geral Luiz Antonio Henriques da Silva. O Sorenav, que tem hoje duas carreiras longitudinais (com capacidade de 1,5 mil toneladas) e área de 2,5 hectares, tem pedido de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 3 milhões para anexar dois hectares e aumentar a capacidade das carreiras para duas mil a 2,5 mil toneladas. A expectativa é que a ampliação seja concluída até julho de 2010.

Outro estaleiro que também fez sua estreia na sexta edição da Navalshore foi o Rio Santiago (ARS), da Argentina. Localizado em Encenada (ao sul de Buenos Aires), o estaleiro tem área total de 40 hectares, três carreiras, um dique flutuante para reparos e deve construir outra estrutura semelhante, contou o diretor de Produção Horacio Vara. “Estamos na Navalshore para captar clientes no Brasil para realizar serviços em nosso estaleiro na Argentina. Temos outros contratos no Rio Santiago, mas nenhum do Brasil”, disse. O ARS constrói atualmente um petroleiro para a estatal venezuelana PDVSA.



Internacionais. Parte da expectativa do ARS se deve às negociações entre a Federação da Indústria Naval Argentina (Fina) e o Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), que discutem um acordo para que estaleiros dos dois países possam assumir contratos do vizinho, mantendo as condições de financiamento e impostos mais favoráveis.

O presidente da Fina, Juan Antonio Torresin, disse que a proposta é uma forma de atender ao provável crescimento da demanda com a exploração da camada pré-sal e com a ampliação da hidrovia Paraná-Paraguai, além de suprir a carência de estaleiros de reparos no Brasil. A expectativa é que um acordo final seja assinado durante a visita ao Brasil da presidente Cristina Kirchner, em novembro.

“Pelo acordo, dois estaleiros se associariam para um trabalho específico. Estamos discutindo para que as obras contratadas em um país possam ser realizadas no outro, mantidas as mesmas condições de financiamento e tributação”, explicou. Além da diretoria da Fina, 12 estaleiros argentinos e autoridades da província de Buenos Aires compareceram à Navalshore.

O vice-presidente executivo do Sinaval, Franco Papini, disse que o acordo também pode incluir a uniformização das normas de trabalho para funcionários de estaleiros. Segundo ele, o trabalho na indústria naval no Brasil está sujeito às mesmas regras que a construção civil, por exemplo, embora tenham características diferentes. “Em muitos países, os estaleiros não são obrigados a obedecer às mesmas restrições que nós. Isto encarece o custo dos nossos serviços e nos torna menos competitivos. Integramos uma comissão, junto com representantes dos trabalhadores e do Ministério do Trabalho, que levou o que discutimos à Organização Internacional do Trabalho. Isto já foi proposto para Argentina, Paraguai e Uruguai”, contou.

Entre os visitantes argentinos estava o subsecretário de Atividades Portuárias da Província de Buenos Aires, Luis Alberto Abot, que anunciou que até meados de 2010 a região lançará um grande plano de dragagem de seus portos, semelhante ao Plano Nacional de Dragagem em curso no Brasil. Empresas do Brasil poderão participar das licitações.

“Estamos conversando com José Newton (assessor para Assuntos Internacionais), da SEP, para uma troca de experiências com relação ao plano de dragagem do Brasil. Alguns de nossos portos estão bem, mas outros têm alguns problemas. O porto de Baía Blanca, por exemplo, tem um canal de acesso com 45 pés de calado que se estende por 98 km, então exige manutenção. Estamos definindo o modelo de contrato, traçando os objetivos, mas serão contratos de longo prazo para dragagem e manutenção dos canais e área interna do porto. O projeto deve estar pronto até pouco depois de julho do ano que vem, e pretendemos licitar no segundo semestre”, disse.

Outro país que marcou presença na Navalshore foi a Holanda: durante o evento, a Holland Ship-building Association, entidade que reúne a indústria naval do país, anunciou a abertura de um escritório de representação no Brasil, no Centro do Rio de Janeiro. O anúncio foi feito durante coquetel no estande da entidade, com a presença do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que saudou a iniciativa.

Machado lembrou os laços históricos entre os holandeses e estados do nordeste do Brasil, como Pernambuco, e as ligações comerciais entre os dois países por meio do porto de Roterdã, porta de entrada para produtos brasileiros na Europa, e do estaleiro Verolme, “que construiu alguns dos nossos primeiros grandes petroleiros nas décadas de 50 e 60”.

“Em março, ouvimos do ministro dos Transportes da Holanda, Camiel Eurlings (que visitou o Brasil acompanhado de comitiva com 40 empresários do setor naval), que esta oportunidade, tão promissora para os nossos dois países, não seria desperdiçada. Por nossa vez, identificamos naquela ocasião, uma ampla sinergia entre os nossos países, com ampla convergência e boas perspectivas de oportunidades de negócios”, afirmou Machado.

O objetivo do escritório é facilitar o ingresso de companhias holandesas no mercado nacional de construção e reparos navais, dragagem e fornecimento de máquinas e equipamentos, explicou o diretor geral Martin Bloem.

Segundo Bloem, o foco principal das companhias holandesas no Brasil é mesmo a indústria offshore, devido às perspectivas de início de exploração da camada pré-sal, mas antes será preciso vencer alguns obstáculos. “O mercado brasileiro não é muito fácil para as companhias de menor porte, porque elas têm que estar na lista de fornecedores da Petrobras, e há a demanda por conteúdo nacional. A Holland Shipbuilding quer ajudar a encontrar saídas para operar apesar destas limitações. Claro que o mercado offshore é o primeiro interesse, porque há um investimento muito forte, mas as oportunidades no Brasil são maiores do que só o setor de óleo e gás: há navegação interior e dragagem, também. O país tem uma costa muito grande e muitos cursos de água que poderiam ser mais usados, em vez do transporte rodoviário”, acredita.



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