Licença de instalação que permite início das obras do estaleiro EBR deve sair em abril, segundo estimativas da companhia
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A licença de instalação (LI) que permitirá o início das obras de implantação do Estaleiros do Brasil (EBR) deve sair no início do mês de abril. A expectativa é do presidente da EBR, Alberto Padilla. Com a licença prévia (LP) concedida pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) em dezembro do ano passado, a companhia agora atua no cumprimento das exigências feitas pelo órgão ambiental para que o documento seja outorgado.
Padilla destaca que esta será a primeira indústria instalada no município de São José do Norte, no Rio Grande do Sul. Em função do crescimento populacional e da sobrecarga da infraestrutura local, as condicionantes que deverão ser cumpridas pelo estaleiro estão relacionadas principalmente ao impacto social. “Esse é o maior requisito, porque existe a preocupação de onde as pessoas vão viver, quais hospitais e escolas serão melhorados. Vai haver um crescimento muito grande da população de São José do Norte”, diz o executivo.
O processo de licenciamento ambiental teve início em novembro de 2010 através da assinatura do protocolo de intenções entre a EBR, a prefeitura municipal e o governo do estado, que visava à consolidação do estaleiro. Em setembro do ano passado, a Fepam realizou audiência pública na qual foram apresentados o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) sobre a implantação do estaleiro.
Controlada pela Setal Óleo e Gás (SOG), a EBR já iniciou o processo de recrutamento de pessoal que trabalhará na implantação do estaleiro. Desde outubro do ano passado estão sendo realizados treinamentos com a mão de obra local e do município de Rio Grande através de uma parceria com instituições como Senai, Fierg e o Instituto Tecnológico de Pelotas. “Precisaremos de um contingente grande. Vamos dar prioridade à mão de obra local treinada, mas também teremos pessoal mais experiente de algum outro local do estado”, afirma Padilla. Na construção do empreendimento está prevista a geração de 500 a 700 empregos, enquanto que na operação para módulos a estimativa é de que sejam empregadas entre três mil e quatro mil pessoas.
Com uma área de 1,5 milhão de metros quadrados e capacidade projetada de processamento de aço de 110 mil toneladas por ano, o estaleiro tem como foco a indústria offshore. A sua construção será dividida em três fases. A primeira delas, que deve levar de oito a dez meses, prevê a fabricação de módulos de plataformas. Com duração de 12 a 14 meses, a segunda etapa tem como objetivo a integração entre módulos e cascos. A expectativa da companhia é de que na última fase, que deve levar aproximadamente 24 meses, seja feita a construção das plataformas.
Embora as obras ainda não tenham sido iniciadas, o EBR já está participando do edital da Petrobras para a montagem de módulos e integração de oito FPSOs para o pré-sal. Para construir as oito plataformas, a estatal dividiu a licitação e contratou inicialmente os cascos que já estão sendo feitos pela Ecovix, em Rio Grande. Agora, a estatal está em processo licitatório de quatro pacotes de módulos e três integradores. As propostas foram entregues no último dia 7 de fevereiro. Após a construção, as plataformas serão instaladas nos campos encontrados nos blocos BM-S-11 e BM-S-9, como Lula, Guará e Carioca. Cada unidade terá capacidade para processar 150 mil barris de petróleo por dia e seis milhões de metros cúbicos de gás.
Padilla afirma que neste momento a intenção da companhia é participar de licitações no país, mas não descarta a possibilidade de concorrências internacionais. “Inicialmente é uma atividade voltada para o país. Para perpetuar os serviços, evidentemente temos que ter condições de exportar e para isso temos que vencer a curva de aprendizado, ganhar produtividade e eficiência para termos preço competitivo internacional”, destaca.
De acordo com Padilla, os fornecedores dos equipamentos ainda não foram definidos, embora já há conversas com potenciais provedores. “Vamos colocar o que temos de melhor no mundo para ter um estaleiro produtivo, mas só posso discutir compra quando tiver com a documentação na mão”, ressalta.
O investimento na construção do estaleiro está estimado em R$ 1,2 bilhão. Deste montante, cerca de 80% serão provenientes de recursos do Fundo da Marinha Mercante. A EBR obteve a prioridade de financiamento do FMM na reunião ocorrida em novembro do ano passado. A liberação dos recursos, no entanto, depende da concessão da LI. Padilla destaca que, embora possa haver empecilhos durante a implantação do estaleiro, a construção não será algo novo para a companhia. A Setal Óleo e Gás já opera há 27 anos o canteiro offshore Setal, localizado em Niterói, no Rio de Janeiro. “É um desafio começarmos um trabalho em um greenfield. Teremos que vencer dificuldades, porém estamos otimistas de que vamos conseguir ter um estaleiro competitivo”, conclui.