Cid Gomes diz que conhece o projeto da prefeita Luizianne Lins para o Serviluz, e que é de moradias para a área
O projeto de instalação do estaleiro Promar Ceará na ponta da enseada do Mucuripe, englobando as comunidades de Titanzinho e Serviluz, não conflita, segundo alguns criticam, com os planos da Prefeitura de Fortaleza para aquela área. Isso é o que garantiu, ontem, o governador Cid Gomes, durante a 10ª Reunião Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). "Eu conheço o projeto da prefeita para aquela área, me foi apresentado há muito tempo pela Luizianne e não há nenhuma incompatibilidade entre o projeto, que é de moradias, para o de construção, através de aterro, de um estaleiro", defende.
Cid sugere, inclusive, que ambos os projetos sejam executados de forma simultânea. "A gente vê muitas experiências de se fazer casas pra famílias carentes, mas essas pessoas, por não terem oportunidade de trabalho, por essa necessidade, acabam vendendo a casa e indo morar em um local, de novo, de baixas condições. Na hora que você faz um trabalho de moradia, mas casa com isso um trabalho de oportunidade de trabalho, com certeza o pessoal vai ter ali sustentabilidade, e é isso que pode acontecer e, ao meu juizo, que deve acontecer".
Cid Gomes, que há bastante tempo vem tentando atrair um empreendimento de grande porte na indústria naval, inclusive visitando empresas da área na Ásia, questiona as posições contrárias ao projeto. "Qual é o malefício que o estaleiro traz? Continuo procurando identificar malefícios, porque até agora não me foi apresentado nenhum que não tivesse, pelo conhecimento do projeto, se desfeito essa preocupação, ou que não haja possibilidade de atenuante ou de compensação para esse problema".
"O que está em jogo, no lado positivo, são 1.200 empregos em uma comunidade com grande carência de emprego. Isso, pra mim, pesa muito, é algo que pode mudar a realidade de uma comunidade inteira", posiciona-se. Entretanto, o chefe do Executivo estadual admite que, caso sejam apresentados argumentos convincentes contra a localização do estaleiro, ele desistirá do projeto. "O que tenho recomendado nessa questão é que e se faça o debate o mais aberto e transparente possível, identificando os possíveis benefícios e malefícios. Se, nessa relação de coisas boas e ruins, se pesar mais as ruins, não devemos ter o estaleiro. Se pesar mais as coisas boas, penso eu que devemos ter o estaleiro. Essa é uma discussão que, a meu juizo, é absolutamente racional", afirma.
O projeto do estaleiro na enseada do Mucuripe foi bastante criticado na semana passada por industriais cearenses, que se mostraram preocupados com as consequências do empreendimento na cidade. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, Roberto Macêdo, posiciona-se a favor do estaleiro, mas quer soluções para a questão da mobilidade urbana. "Queremos um estaleiro para o Ceará. O melhor lugar é lá [enseada do Mucuripe], no ponto de vista prático da execução. Agora, precisamos saber dos efeitos disso na vida da cidade, e gostaríamos de saber quais são as soluções que vão ser estabelecidas para os problemas que serão criados", avalia.
APRESENTAÇÃO PARA MORADORES
Líderes do Serviluz conhecem o projeto
Lideranças comunitárias, presidentes de associações e representantes da comunidade do Serviluz conheceram ontem o projeto de construção do Estaleiro Promar Ceará, que deverá ser instalado naquela área de Fortaleza. O projeto foi apresentado pelo chefe do Gabinete do Governador, Ivo Gomes, e pelo presidente da Agência do Desenvolvimento do Ceará (Adece), Antonio Bahlmann, no Palácio Iracema. Durante mais de duas horas de reunião, os representantes dos moradores puderam tirar suas dúvidas e conhecer os benefícios na instalação de um estaleiro na Praia do Titazinho. Essa foi a primeira vez que o Governo do Estado se reuniu com a setores da comunidade do Serviluz e Mucuripe para apresentar o estaleiro.
Ivo Gomes explicou que a demanda para a construção de uma indústria naval no Estado surgiu a partir de 2002, quando Lula ainda era candidato a presidente e criou mais força com a descoberta do petróleo na área do pré-sal. "Um dos desafios de Lula era ativar a indústria naval nacional para que gerasse emprego e renda para os brasileiros e essa é uma oportunidade para que uma das regiões mais carentes do Ceará. Serão 1.200 empregos diretos para essa comunidade e uma porta de entrada para novas oportunidades para os moradores", ressaltou.
Antonio Balhmann fez questão de esclarecer que existem muitos boatos em torno do estaleiro e enfatizou que nenhum imóvel será desapropriado. "Nenhuma casa será derrubada, não é uma indústria poluente e, principalmente, a instalação de um estaleiro não exclui o projeto de urbanização para o Serviluz", disse Balhmann.
Reação
Ao ouvir a explicação do projeto, o líder comunitário, Francisco Márcio Lima, definiu que a instalação do estaleiro no Serviluz "poderia ser a última oportunidade dessa geração" de transformar a realidade de milhares de pessoas da área. "Essa é a primeira vez que vi o projeto e muita gente gostaria de conhecer. Faço pesquisas, converso, e 90% das pessoas estão a favor. É preciso que conheçam para que saibam como é o projeto", disse a líder Raimunda Rocha.(Fonte: Diário do Nordeste/CE/SÉRGIO DE SOUSA)
PUBLICIDADE