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Navalshore

Além do Mercosul

Presidente da Fina, Pablo Noël, pede acordo bilateral para a indústria naval nos moldes da indústria automobilística

Mão de obra, experiência e disposição são alguns dos argumentos da Argentina para buscar a ampliação da cooperação com o Brasil no setor naval e offshore. Aproveitando o bom momento da economia brasileira e do segmento, os argentinos vêm promovendo encontros no Brasil para ampliar negócios e destacam a importância da parceria entre os dois países. Em entrevista à Portos e Navios, o presidente da Federação da Indústria Naval Argentina (Fina), Pablo Augusto


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Noël, destaca a importância de a cooperação entre os dois países tornar-se cada vez mais sólida. Noël aponta a qualificação da mão de obra como um dos principais trunfos da Argentina para ampliar a participação do país nos negócios envolvendo o setor naval brasileiro e pede um acordo bilateral específico para o setor naval. Os nossos vizinhos têm interesse no know how brasileiro na área offshore.

Portos e Navios — Como a Fina avalia as relações entre Brasil e Argentina, especialmente no setor naval?

Pablo Noël — As relações são boas, tanto no âmbito governamental, como no âmbito privado. Os governantes dos dois países vêm reiteradamente focando suas atenções e estimulando a interação da indústria, especificamente do setor naval. Quando fazem referência específica à indústria naval, explicitam o interesse para a busca de acordos de cooperação e complementaridade. O setor privado caminha pelo mesmo caminho.

 

PN — No último dia 3 de agosto, a Fina renovou acordo de colaboração com o Sinaval. Quais são os pontos principais e os resultados esperados?

Noël — Em março de 2008, o Sinaval e a Fina firmaram um acordo internacional para favorecer e estimular as câmaras e empresas associadas de ambas as instituições a estabelecer vínculos comerciais e produtivos de maneira a resultar numa eficaz atividade conjunta que tenha características de complementaridade, cooperação e associação. O mesmo foi assinado com a intenção de que fosse incluído para formação de parte do esquema de trabalho do primeiro Encontro Empresarial Binacional para o Desenvolvimento de estratégias de Cooperação e Articulação Produtiva, em organização pelos governos brasileiro e argentino. Em agosto de 2010, foi assinado um aditivo do acordo de 2008, em que se renovou o compromisso a partir das declarações conjuntas no início das reuniões bilaterais dos presidentes dos governos do Brasil e da Argentina. Por último, durante a Navalshore 2011, no estande da Fina, foi decidido ratificar e prorrogar o acordo de cooperação internacional de reciprocidade e complementaridade entre as indústrias navais brasileira e argentina até 3 de julho de 2014. Estabeleceu-se uma renovação automática.

Consideramos que o marco institucional está dado para que os setores navais do Brasil e da Argentina continuem buscando alternativas para o desenvolvimento efetivo da vinculação e cooperação deste setor e para que finalmente se encontrem materializadas em projetos concretos em prol do crescimento de ambas as economias.

Este acordo renovou o enfoque sobre a visão compartilhada do requerente mercado regional em relação ao transporte fluvial, serviço de exploração de petróleo.

 

PN — Na avaliação da Fina onde se encontram as maiores oportunidades da indústria naval brasileira? O que atrai as empresas argentinas?

Noël — Em sua impressionante expansão iniciada num planejado processo de desenvolvimento, o qual produziu a abertura do mercado de exploração offhore e de refino, produziu-se desta forma a necessidade de uma enorme demanda de embarcações de transporte bruto, de apoio e plataformas. A indústria naval argentina pode fazer um bom aporte a esse desenvolvimento, acelerando os tempos de fabricação, tão necessários para poder alcançar os objetivos finais.

 

PN — Em que pontos a Argentina está mais avançada que o Brasil, podendo contribuir ao desenvolvimento de nosso mercado?

Noël — Acreditamos que a Argentina tem pontos fortes que podem contribuir para o desenvolvimento regional em nossa indústria. Entendemos que a Argentina tem uma história e tradição na indústria naval. O navio argentino tem um bom prestígio internacional por sua qualidade. A Argentina tem plantas industriais com capacidade para absorver parte da demanda que pode ser exigida internacionalmente. Além disso, temos feito um forte trabalho de formação de capacitadores e na capacitação propriamente dita dos trabalhadores. Nosso país conta com excelentes profissionais da engenharia naval. A Argentina também pode cooperar no que diz respeito à oferta de espaços para reparação.

 

PN — Que necessidades são mais perceptíveis na indústria naval brasileira?

Noël — Entendemos que os processos de integração e complementação resultam em grande importância para o fortalecimento de uma indústria naval regional, levando em consideração o vertiginoso processo de desenvolvimento da indústria naval brasileira.

 

PN — Há alguma estimativa de quanto o setor naval argentino está disposto a investir no setor naval brasileiro?

Noël — Seguramente, a indústria argentina em geral está disposta a contribuir com as necessidades do Brasil nesses setores e, não apenas os estaleiros navais, mas estudos de engenharia, e fornecedores em geral. Encontramos nos empresários do setor interesse em investir no Brasil.

 

PN — Muitas pessoas apontam a falta de mão de obra como um dos principais problemas do mercado brasileiro. O modelo argentino é exemplo para o Brasil em termos de qualificação?

Noël — Um dos pontos fortes da indústria naval argentina está na capacidade de seus recursos humanos, assim como pela possibilidade de incrementar rapidamente suas escolas graças aos programas de formação articulada entre o Ministério das Associações do Trabalho, Indústria e sindicatos.

 

PN — De que forma o Brasil pode contribuir com o setor naval argentino? Que tipo de parcerias estão sendo realizadas?

Noël — Percebemos com muito sucesso o processo de desenvolvimento de sua indústria naval, entendendo que a experiência brasileira pode contribuir para o desenvolvimento da exploração offshore e da demanda de embarcações associadas a esta atividade. Por esta razão, cremos na integração nos dois sentidos, onde exista uma vocação de abertura bilateral real. Nesse sentido, percebemos um aprofundamento dos esforços, a partir de declarações, não só das presidentes, mas também de dirigentes de alto nível como Alessandro Teixeira, secretário-executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, e o próprio ministro Fernando Pimentel, impulsionando programas de integração produtiva. Poderia replicar o acordo com a indústria automobilística — tão bem sucedida para ambos os países — adaptada à indústria naval.

 

PN — Qual a importância de parcerias com empresas brasileiras?

Noël — Considero que a aliança e a cooperação binacional aumentarão a capacidade de oferta regional orientada ao resto do mundo, posicionando-nos como vendedores de produtos de alta qualidade e a preço competitivo.






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