A sueca Alfa Laval - fabricante de equipamentos de troca de calor, separação centrífuga e movimentação de fluidos - vai inaugurar em janeiro um novo centro de serviços integrados em Rio das Ostras, região dos Lagos no Estado do Rio de Janeiro. Com isso, a companhia terá sua capacidade para receber produtos para intervenções como manutenção e atualizações dobrada no país.
Fornecedora para os segmentos de óleo e gás, alimentos e meio ambiente, a Alfa Laval é responsável por equipamentos instalados em 85% das 254 plataformas de exploração e produção da Petrobras em operação no país. Atualmente, a empresa tem um centro de serviços em Macaé, que será extinto com a criação da nova estrutura em Rio das Ostras, e um outro em São Paulo, que terá parte de suas instalações transferida para o Rio.
Segundo o presidente da companhia, Reginaldo Macedo, após a inauguração, somando a unidade do Rio e de São Paulo a empresa terá ao todo 1, 5 mil metros quadrados (m2) de área construída para receber equipamentos, contra os cerca de 700 m2 que tem hoje. O presidente destacou ainda que, com a expansão, a quantidade de mão de obra vai crescer 28%, de 70 para 90 funcionários. No total, ela tem 600 funcionários no país.
As obras para o novo centro de serviços começaram há seis meses e o investimento total será de R$ 3 milhões. "Esse centro de serviços deve atender nossas necessidades até um pouco depois de 2016", afirmou Macedo. O presidente destacou que a intenção da diretoria da empresa na escolha do local para a nova estrutura é facilitar a logística para levar equipamentos das plataformas da Petrobras para a implementação de serviços essenciais.
A estatal é a maior cliente da companhia, com cerca de 600 equipamentos instalados em plataformas de exploração e produção de petróleo. Macedo explicou que cerca de 30% dos equipamentos instalados nas plataformas exigem manutenção bianual. Outro alvo em potencial da companhia é a empresa de óleo e gás do grupo EBX, a OGX. Segundo ele, já existem conversas, mas nenhum contrato foi assinado ainda.
A retomada das rodadas de licitação de blocos petrolíferos, anunciada pelo governo em setembro para o próximo ano, traz boas perspectivas. No entanto, Macedo disse que os planos da companhia já estavam traçados em função do plano de negócios da Petrobras, sua cliente desde os anos 70. "A retomada do leilão é só o mecanismo funcionar. Em termos do planejamento, a gente já tem um mapa da situação", disse Macedo. Segundo ele, a empresa é fornecedora também das refinarias que estão em construção no país.
Fundada em 1883, a Alfa Laval está no Brasil desde 1958. "Depois que o Brasil ganhou a Copa do Mundo na Suécia, em 58, as empresas suecas descobriram o Brasil", brincou Macedo. Hoje a companhia tem duas fábricas em São Paulo, em um mesmo espaço físico, e adquiriu no fim de 2010 a empresa Aalborg, com uma fábrica de caldeiras industriais em Petrópolis, também do Estado do Rio.
Macedo afirmou que apesar da intensão em ampliar os negócios com a Petrobras e no Rio, a sede em São Paulo continua a ser muito interessante em função da proximidade com fornecedores e a logística existente. "Não temos planos de estabelecer fábrica no Rio, mas talvez de explorar um pouco mais a fábrica que nós temos em Petrópolis", disse.
Nos últimos quatro meses, a empresa fez ainda duas aquisições que podem aumentar o poder de atuação no setor de óleo e gás no país. Uma delas foi a Vortex, sediada em Houston e sem instalações ainda no Brasil, e a Ashbrook Simon-Hartley, que já tem operações no país.
Com capital aberto na bolsa de Estocolmo, a Alfa Laval tem 14 mil funcionários no mundo e 30 centros de serviços. O faturamento da empresa é de € 3,2 bilhões. No país, as vendas esse ano devem crescer 23% este ano, de € 130 milhões, obtidos no ano passado, para € 160 milhões, em 2012.
O executivo destacou que, em tempos de crise econômica, muitas empresas vêm vender no país com objetivo de ocupar a capacidade instalada de fábricas estabelecidas no exterior. Segundo ele, o compromisso da Alfa Laval, desde o início, foi desenvolver atividades no Brasil, contribuindo com o crescimento econômico.
"Essa busca de conteúdo nacional tem sido nossa meta há muito tempo", disse Macedo. Segundo ele, a empresa sempre buscou conteúdo nacional por volta de 65%, em função da linha de financiamento Finame, do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Fonte: Valor / Marta Nogueira
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