Angola anunciou a encomenda de 17 navios patrulha no valor de 495 milhões de euros aos estaleiros franceses CMN, enquanto a Rússia anuncia que vai fornecer helicópteros militares ao país, que se debate com escassez de divisas.
Os estaleiros franceses da Normandia - CMN - são os mesmos que construíram navios no valor de 850 milhões de euros destinados à polémica empresa moçambicana de pesca de atum EMATUM, o que despoletou o escandâlo das designadas "dívidas ocultas", concedidas com aval do Estado, mas sem conhecimento do parlamento às empresas EMATUM, MAM e Proíndicus, que contraíram dívidas orçadas em mais de 2 mil milhões de euros, entre 2013 e 2014 durante o mandato do Presidente Armando Guebuza.
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O Presidente José Eduardo dos Santos autorizou em decreto datado de 29 de Agosto, a encomenda de 17 navios patrulha à Privinvest Shipbuilding Investements, presidida pelo "controverso" empresário franco-libanês Iskandar Safa, propietário dos estaleiros de Cherbourg, Constructions Mécaniques de Normandie ou CMN.
Os navios destinam-se à protecção e vigilância da costa e das plataformas petrolíferas ao largo de Angola, mas este anúncio surge no momento em que a crise económica é grave, devido à baixa do preço do petróleo, o que se reflecte na escassa entrada de divisas no país.
Comentando estas encomendas de armamento, o economista angolano Carlos Rosado de Carvalho lamenta o que chama de "anacronismo na distribuição do orçamento e inversão de prioridades, pois Angola gasta mais em defesa e segurança do que em saúde e educação juntas".
O economista afirma ainda que "as recomendações internacionais indicam que a saúde deve captar 15% do orçamento geral do Estado e a educação em torno dos 20/25%, enquanto Angola consagra a estes sectores respectivamernte 5% e 8%...muito abaixo das reconmendações internacionais e no caso da defesa nós saímo-nos muito bem, comparando com qualquer país".
Fonte: RFI