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Aposta no intercâmbio


Procura pelos cursos de engenharia naval tem aumentado, assim como o interesse em estudar em outro país - Vivenciar novas experiências, conviver com outras culturas, desenvolver novas competências e adquirir conhecimento. São diversas as vantagens que os programas de intercâmbio acadêmico podem proporcionar aos universitários. A procura pelos cursos de Engenharia Naval, devido ao crescimento dos investimentos no setor, tem aumentado, assim como o interesse dos estudantes em estudar em outro país por um período.

Por meio de convênios de universidades brasileiras com outras instituições de diversas nacionalidades e também pelo programa Ciência Sem Fronteiras, alunos de graduação têm participado desses programas. Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco contam com universidades que oferecem o intercâmbio aos seus futuros engenheiros navais.


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A Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro tem convênios assinados com faculdades estrangeiras da Europa, América do Norte e Latina desde 2003. De acordo com o chefe do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da UFRJ, Luiz Felipe Assis, o objetivo inicial era que, em média, 20% dos formados da escola tivessem experiência no exterior. Esse número, no entanto, já foi superado em alguns cursos. “Algumas habilitações têm uma participação mais expressiva, como a Engenharia de Produção, mas a Naval também tem crescido”, diz o professor.

Existem dois tipos de convênio na UFRJ: intercâmbio de curta duração, com validação de créditos, e intercâmbio de duplo diploma. Neste, o aluno obterá ao final do curso o diploma da UFRJ e o da universidade conveniada. O intercâmbio tem duração de dois anos. Para esta modalidade, a UFRJ tem convênios com escolas de Portugal, França, Espanha, Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, China, Japão e Noruega. Segundo Assis, em breve devem ser incluídas na lista universidades da Itália e da Alemanha.

No intercâmbio de curta duração, a UFRJ tem convênio com universidades da França (17), Estados Unidos (seis), Alemanha (quatro), Espanha (três), Portugal (três), Chile (três), Bélgica (dois), Colômbia (dois), Itália (dois), México (dois), Suécia (dois), República Dominicana (um), Peru (um), Venezuela (um), Panamá (um), Polônia (um), República Tcheca (um) e Finlândia (um). Nesta modalidade, o aluno da UFRJ é admitido como estudante de intercâmbio em uma universidade parceira com a posterior validação dos créditos obtidos no exterior. Neste caso, a duração do programa é de seis meses a um ano.

Além destes intercâmbios, os alunos podem realizar o intercâmbio através do Ciência sem Fronteiras (CsF). O programa do governo federal pretende enviar, até 2015, 101 mil estudantes brasileiros ao exterior. Até novembro do ano passado já haviam sido implementadas 41.647 bolsas de estudos no exterior. A maioria das oportunidades foi concedida para a ‘graduação sanduíche’ com 33.409 bolsas. Em segundo lugar, está a modalidade ‘doutorado sanduíche’ (4586), seguido de pós-doutorado no exterior (2446) e doutorado (1206).

Entre os países que mais receberam bolsistas para estudar no exterior pelo CsF estão os Estados Unidos, França, Canadá, Reino Unido, Austrália e Alemanha. Já em relação às áreas prioritárias, engenharias, biologia, ciências biomédicas e da saúde e ciências exatas e da terra continuam entre as de maior destaque dentro do programa.

A saída para o exterior dos alunos de Engenharia Naval e Oceânica também tem aumentado com o CsF. Em 2012, quatro alunos da Politécnica da UFRJ participaram de intercâmbio através de convênios da universidade com outras instituições e em 2013 foram apenas dois. Através do Ciência Sem Fronteiras, esse número foi de 12 e 18, respectivamente.

O programa também contribuiu para que alunos de alguns cursos de engenharia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) pudessem realizar o intercâmbio. Doze alunos — 11 estudantes de Engenharia Mecânica e um de Engenharia de Produção — da UFPE já viajaram para estudar em universidades finlandesas e a maioria deles utilizou o programa. A universidade mantém convênios com três universidades do país europeu, além de duas no Japão.

Para o país asiático viajaram quatro estudantes de Engenharia Mecânica em 2012, todos pelo programa CsF, e já está definida a viagem de mais dois alunos, desta vez da Engenharia Naval. Na Universidade de Tóquio, os estudantes desenvolveram pesquisas nas áreas de Gestão dos Sistemas de Inovação e Materiais, sempre com ênfase em aplicações à Engenharia Naval. Segundo a UFPE, eles debruçaram-se, em particular, sobre o comportamento e possibilidade de ruptura de dutos para transporte de fluidos (petróleo, gás, etc.) e sobre projeto de Floating Production Storage and Offloading (FPSO) da empresa japonesa Mitsui Ocean Development & Engineering Co (Modec), que tem atuação no Brasil. Os alunos também fizeram estágio de um mês no setor de design de navios do estaleiro da Mitsubishi Heavy Industries, em Nagasaki.

“Eles tiveram uma boa experiência lá. Uma parte desse pessoal deve ir para o mercado e outra continuará se especializando, através de mestrado e doutorado. Posteriormente poderão vir a ser professores da UFPE”, destaca o professor do Departamento de Engenharia Mecânica, de Materiais e Naval da UFPE, Armando Shinohara.

O professor destaca que o Nordeste não conta com especialistas em Engenharia Naval, em função da estagnação do setor ocorrida há algumas décadas, e por isso a universidade buscou parcerias com as universidades do exterior. A UFPE não tem docentes suficientes. “Dos 17 professores previstos, foram contratados apenas cinco até agora. Também não temos infraestrutura para treinar esse pessoal. Então o que foi combinado para formarmos futuros professores é que os graduandos façam posteriormente mestrado e doutorado nessas universidades japonesas ou finlandesas. Mas sabemos que nem todos se tornarão professores”, reconhece.

A graduação em Engenharia Naval foi criada na UFPE em 2010 e teve início no segundo semestre de 2011. O objetivo era principalmente atender às demandas do Estaleiro Atlântico Sul (EAS). De acordo com Shinohara, dos 12 cursos de engenharia oferecidos pela universidade, a naval está entre as três mais procuradas.

Enquanto a UFPE formará sua primeira turma de engenheiros navais em 2015, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) já mantém seu curso desde 1956. Foi criado porque a Marinha do Brasil precisava de engenheiros navais e escolheu a USP. Além de estudantes para a Marinha, o curso também formava engenheiros para o mercado naval, que necessitava de profissionais qualificados para a frota brasileira.

De acordo com o presidente da comissão de Relações Internacionais da Escola Politécnica da USP (Poli/USP), Fernando J. Fonseca, nos últimos anos tem aumentado o interesse dos estudantes de Engenharia Naval por participar de programas de intercâmbio com universidades estrangeiras. A USP já envia alunos ao exterior desde 2001. “Apesar de não termos sido os primeiros a fazermos o acordo de Duplo Diploma, fomos os que mais intensamente estabelecemos este tipo de acordo. Temos hoje 31 acordos de Duplo Diploma com França, Itália, Alemanha, Portugal e Peru e 103 acordos de Aproveitamento de Estudos (AE) com 28 países da América, Europa e Ásia”, orgulha-se. Neste último acordo, o aluno cursa disciplinas a sua escolha que, apesar de não conferirem um diploma, permitem que o estudante se especialize numa determinada área.

Mas será que o fato de estudar no exterior abre mais portas a esses estudantes no mercado de trabalho brasileiro? Fonseca destaca que os alunos que fazem intercâmbio internacional têm sido admitidos porque são politécnicos e não porque estudaram no exterior. O fato geralmente se dá porque as equipes de seleção das empresas, constituídas geralmente por não engenheiros, não conhecem os acordos estabelecidos entre as universidades.

— Os alunos da Poli já são muito procurados mesmo sem a experiência no exterior. A maioria das empresas não conhece os tipos de intercâmbios que temos. Por inúmeras vezes os alunos nos contaram que tiveram que explicar ao entrevistador o que era um Duplo Diploma ou um intercâmbio de Aproveitamento de Estudos. Alguns entrevistadores minimizam o fato, porque consideram a experiência como sendo uma espécie de ‘mochilão’ acadêmico ou alguma coisa no qual o estudante fez por sua conta. Não compreendem que esta é uma iniciativa da Poli, que estabelece os acordos com as melhores universidades do mundo e que o aluno só participa deste intercâmbio após uma rigorosa seleção interna. Se é difícil entrar na Poli, é ainda mais difícil ser selecionado de um Duplo Diploma ou Aproveitamento de Estudos — enfatiza.

No entanto, após a entrada dos politécnicos com experiência internacional nas empresas, de mostrarem desempenho técnico diferenciado e seus superiores entenderem o significado do intercâmbio, continua o professor, a progressão na carreira é mais rápida e para cargos mais importantes. “Ou seja, o mercado ainda desconhece este novo perfil profissional e ainda não sabe valorizá-lo. Mas as empresas que já possuem estes profissionais buscam outros com perfil semelhante para os seus quadros”, constata.

Do curso de Engenharia Naval e Oceânica da Poli/USP já participaram de intercâmbios internacionais até 2013, 84 estudantes de países como Alemanha, Austrália, Coreia do Sul, Espanha, França, Holanda, Israel, Itália, Portugal, Suécia e Suíça e destes, 23 fizeram Duplo Diploma.

Para Fonseca, as vantagens dos estudantes que participam de programas de intercâmbio podem ser divididas em dois tipos: as acadêmicas e as relacionadas à mobilidade. As vantagens acadêmicas tratam dos conteúdos que podem ser aprendidos no exterior, dos novos modos de fazer engenharia, das novas abordagens sobre temas já conhecidos e das disciplinas e conteúdos que o estudante não teria na sua escola de origem. Já as vantagens relacionadas a mobilidade são devidas ao fato de o estudante sair da zona de conforto do seu país, da sua universidade e da sua casa e enfrentar sozinho outro país, outra cultura e outra universidade.

— Neste novo ambiente, ele desenvolverá capacidades como sociabilidade, inserção em uma nova cultura, com uma nova língua, em uma nova sociedade. Terá que estimular a sua capacidade de fazer amizades e ser tolerante, viver como estrangeiro, aprender em uma universidade que utiliza outros métodos de ensinar e cobrar. Poderá viajar e conhecer o país que está hospedando-o e outros onde conseguir ir. Neste ambiente internacional, conhecerá outros estrangeiros que, como ele, vieram fazer intercâmbio, e assim ampliar o seu networking pessoal e profissional — enumera.

Na avaliação de Assis, da UFRJ, a vivência acadêmica internacional contribui com o desenvolvimento da vida profissional do estudante de Engenharia Naval, que é cada vez mais internacionalizada. “O profissional geralmente precisa ir ao exterior para verificar o andamento de uma obra ou acompanhar o recebimento de um equipamento, por exemplo. Essa experiência lá fora ajuda na postura em relação a essas situações”, exemplifica. O professor destaca também que o estágio em empresas no exterior facilita na obtenção de um emprego na filial brasileira. “Já tivemos caso de uma aluna que foi a Noruega e fez estágio na DNV. Hoje ela é funcionaria da empresa aqui no Brasil”, lembra.

França, Portugal e Espanha têm sido os principais destinos dos alunos da UFRJ para intercâmbio. Na USP, o país mais procurado é a França, que recebeu 39% dos politécnicos. A Itália ficou em segundo lugar (22%), seguido pela Alemanha (18%), Espanha (5%) e Estados Unidos (4%). Os três primeiros países receberam um número maior porque a universidade possui acordos de Duplo Diploma com eles e relacionamento desde 2001. O curso da Poli/USP que mais enviou alunos foi o de Engenharia de Produção com 20%, seguido pela Engenharia Mecânica, com 12,8%, e Engenharia Química com 11,2%. A Engenharia Naval e Oceânica está em sexto lugar, com 6,7% dos alunos enviados.

Da mesma forma que os alunos vão estudar no exterior, os estudantes estrangeiros também vêm estudar no Brasil através de programas de intercâmbio. A Poli/USP recebeu, entre 2005 e 2013, 18 alunos estrangeiros — todos franceses — para fazerem Duplo Diploma em Engenharia Naval e Oceânica e outros 23 alunos que vieram cursar disciplinas por um ou dois semestres. Estes vieram da França (10), Noruega (quatro), Espanha (três), Portugal (dois) e um do Equador, Bélgica, Alemanha e Itália.

“A França é a que mais nos envia alunos, chegando a 40%, seguido pela Alemanha e Colômbia com 10%, Itália com 9,5% e Espanha com 7%. O curso mais procurado na Poli é o de Engenharia de Produção, recebendo 22% do total de estrangeiros. O de Engenharia Naval e Oceânica é o quarto colocado com 8,8% dos alunos estrangeiros”, contabiliza Fonseca.

A UFPE recebeu em 2012 cinco estudantes finlandeses de Engenharia Mecânica e de Produção. “Oferecemos disciplinas em inglês. Soubemos depois que a UFPE foi a primeira universidade brasileira a oferecer cursos em inglês em nível de graduação”, orgulha-se Shinohara.

Na Poli/UFRJ havia 13 alunos estrangeiros em 2004 e em 2013 este número subiu para 118. A Engenharia Naval da UFRJ já recebeu alunos da Alemanha, Espanha, Finlândia, França, Noruega e Portugal. “Temos dois ou três alunos [estrangeiros] cursando Engenharia Naval na UFRJ”, relata Assis.






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