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MSC

´Transferir ônus é injusto´

Prefeitura mantém posição de que a Inace é o melhor local para abrigar o estaleiro, tese não aceita pela PJMR
Vereador enfatiza que Promar não será no Titanzinho e diz que é impensável haver dois estaleiros na Capital
"É injusto o governo do Estado transferir para a Prefeitura de Fortaleza a responsabilidade de decidir a localização do estaleiro Promar Ceará. Não podemos receber o ônus de uma possível perda do empreendimento, até porque apresentamos a opção do terreno da Inace (Indústria Naval do Ceará, na Praia de Iracema)", afirmou ontem o vereador Acrísio Sena, líder na prefeita na Câmara Municipal, contestando o posicionamento do governador Cid Gomes de não mais participar das negociações com a PJMR, vencedora da licitação da Transpetro, deixando o impasse sobre o local do estaleiro para ser resolvido entre empresa e Município.
De acordo com Sena, a Prefeitura reconhece a importância do estaleiro para o desenvolvimento econômico do Estado, mas "não vai se render à visão da empresa de olhar apenas para a planilha de lucros". "Eles querem no Titanzinho por uma questão econômica e financeira. Mas o movimento social organizado da comunidade se posicionou contra e o IAB (Institutos dos Arquitetos do Brasil) emitiu parecer mostrando que é inadequado um estaleiro naquele local. No Titanzinho, o projeto não vai acontecer", enfatizou o líder da prefeita.
Fortaleza possui, segundo Acrísio Sena, 34 quilômetros de orla partindo da foz do Rio Ceará até a praia da Sabiaguaba e seria impensável ter dois estaleiros nessa extensão. "Isso vai contra o projeto Orla, de 2006, que tem objetivo de reurbanizar todo o Serviluz. Além disso, com dois equipamentos neste porte, comprometeríamos nosso potencial turístico".
Questionado sobre os impactos da instalação do Promar Ceará na área da Inace, principalmente no projeto de requalificação da Praia de Iracema, que, mesmo atrasado, prevê a reurbanização da comunidade do Poço da Draga, o vereador afirma que o fato de já haver um estaleiro no local tornaria tudo mais fácil. "Claro que haveria debates com a população local, mas os impactos seriam menores. Seria dada apenas uma maior dimensão para um equipamento já existente. Não entendo por que a empresa rejeita a proposta, pois o calado já existe e, na maquete eletrônica apresentada para o Titanzinho, parte do projeto seria instalado no mar", argumenta.
Acrísio conclui lamentando a falta de maior entendimento entre Cid Gomes e Luizianne Lins a respeito do impasse sobre a localização do Promar Ceará. "O governador já saiu de campo e este projeto era pra ser construído com o diálogo com a prefeita, mas isso não houve".
Reunião sem data
A próxima rodada de negociação entre a PJMR e a Prefeitura ainda não tem data para acontecer. Segundo a assessoria da administração municipal, Luizianne aguarda o retorno de Paulo Haddad, sócio da empresa, de viagem internacional para marcar a próxima reunião. A reportagem contactou a Coordenadoria de Comunicação do governo do Estado para repercutir as declarações de Acrísio Sena, mas, até o fechamento da edição, não obteve retorno.
A assessoria de imprensa da Transpetro informou que o local de instalação do estaleiro Promar, seguindo as premissas do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), pode ser qualquer ponto do País, desde que possua as condições técnicas necessárias para atender a Transpetro com os preços e os prazos acordados. Para assinar contrato com a Transpetro para a construção dos oito navio gaseiros, a PJMR precisa de terreno adequado, a posse deste terreno e a licença prévia ambiental. O prazo para que os pontos sejam equacionados no Ceará é 30 de junho.

Fonte: Diário do Nordeste (CE)/GUTO CASTRO NETO






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