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Automação para ser competitivo

 

 

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Com encomendas já para 2014, OSX aposta em intercâmbio com coreanos para produzir em série em seu estaleiro

Conseguir a capacidade de produção dos maiores estaleiros do mundo. Esse foi um dos objetivos da OSX ao se associar à Hyundai Heavy Industries no projeto de sua unidade de construção naval no complexo portuário do Açu, em São João da Barra (RJ).

O gerente executivo da unidade de construção naval da OSX, Ivo Dworschak Filho, afirma que a aposta da OSX é o intercâmbio de tecnologia e expertise que a empresa brasileira está fazendo com engenheiros do estaleiro coreano, que produz mais de 60 embarcações por ano.

 

 

— Estamos brigando num mercado em que ainda não temos o know how da tecnologia. Isso nos dará massa para começar a construir e produzir em série. Os navios têm a vantagem de produção seriada. Apostamos que nossa automação será tão rápida que poderemos fazer 11 cascos completamente iguais — observa Dworschak.

Ele considera que a maior vantagem da parceria com a Hyundai será otimizar o modelo brasileiro de construção naval. Destaca que o grande ‘segredo’ dos asiáticos é como eles conseguem produzir em grande quantidade. “A Hyundai entrega em média 60 navios ou plataformas ou plataformas flutuantes por ano com contratos de 18 a 23 meses. Eles não possuem tempo ocioso”, analisa Dworschak.

A empresa sul-coreana participou da elaboração do layout e do dimensionamento dos equipamentos do estaleiro da OSX. “Nos comprometemos a construir com base em preços internacionais. Então temos que ter, no mínimo, a eficiência de um estaleiro que já está operando”, afirma Dworschak. Ele lembra que foram assinados contratos com cláusula de multa por atraso na entrega. O gerente executivo da UCN Açu ressalta que os primeiros navios a serem produzidos não serão modelos de alta tecnologia, já tendo unidades semelhantes construídas por outros estaleiros brasileiros.

A UCN Açu recebeu a encomenda de 11 navios de transporte de produtos, no valor de US$ 732 milhões e de um PLSV (lançamento de linha) de US$ 263 milhões. As entregas estão previstas para ocorrer entre 2014 e 2017. As 11 embarcações Medium Range (navio-tanque), de 45 mil tpb, serão fretadas pela Kingfish à Petrobras e destinadas ao transporte de petróleo e produtos claros. A construção do PLSV (Pipe-Laying Support Vessel) foi fechada com a Sapura Navegação Marítima.

A carteira total da OSX está com 23 unidades navais para a indústria brasileira de petróleo e gás. Além do PLSV e dos 11 navios-tanque, a empresa entregará cinco FPSOs e quatro WHPs para a OGX e duas FPSOs replicantes para a Petrobras. Desses projetos, a FPSO OSX-1, primeira unidade a integrar a frota da empresa já entrou em operação. A embarcação foi construída no estaleiro Samsung, na Coreia do Sul.

Para garantir as entregas, a OSX precisará de mão de obra especializada. Por isso, a empresa firmou convênio com o Senai e a Firjan em 2011 para a formação de 3,1 mil profissionais. Segundo a companhia, cerca de 20 mil pessoas de municípios de Campos, Macaé, São João da Barra e adjacências se inscreveram no programa de capacitação realizado no Instituto Tecnológico Naval. A aula inaugural, cuja turma tinha 880 pessoas, teve início em junho. A expectativa é de que essa primeira leva se forme em setembro de 2012.

Ao todo, são ministrados 23 cursos gratuitos em metal-mecânica, eletricidade, metalurgia, automação/instrumentação, petróleo, operação automotiva, construção civil e gestão. Os cursos são gratuitos e os candidatos selecionados recebem bolsa auxílio. As aulas são realizadas nos municípios de São João da Barra e Campos.

Para o intercâmbio, Dworschak diz que a ideia é enviar 80 brasileiros para a Coreia do Sul e receber 40 profissionais asiáticos. Em julho, quando a Portos e Navios esteve presente na obra do estaleiro, havia um grupo de 10 sul-coreanos. A OSX exige que os técnicos da Hyundai que estão vindo ao Brasil tenham, no mínimo, 10 anos de experiência na empresa sul-coreana. “O engenheiro de solda, por exemplo, vai mostrar ao visitante como é o processo de solda na Coreia. Esse engenheiro vai ser um dos integrantes da Hyundai residentes no Brasil”, explica Dworschak.

O gerente executivo da UCN Açu acrescenta que haverá pouca mão de obra manual e mais automação no estaleiro. Segundo Dworschak, a empresa pretende utilizar processo totalmente automatizado em que o soldador controlará os parâmetros por computador. “Se não avançarmos na automação, nunca conseguiremos competir com o mercado externo. Automação é o nosso segredo”, enfatiza Dworschak.

O executivo afirma que a OSX busca índice de nacionalização de 70% nesse projeto. “Sempre olhamos se é possível ter aqui dentro. Se é possível ter conteúdo nacional em parte dos componentes dos equipamentos, nós temos insistido. Nas nossas especificações, tentamos sempre olhar pelo enfoque da manutenção. Estamos perseguindo o índice de 70%, tanto para o processo quanto para os navios”, conta Dworschak.

O gerente executivo da UCN Açu reconhece que há alguns equipamentos especializados que a indústria nacional não tem interesse porque não há escala para produção. É o caso do pórtico Goliath, com capacidade de 1,6 mil toneladas (de 105 metros de altura e com 186 metros de vão), importado da Coreia do Sul, e das torres das gruas de construção civil. Já as pontes rolantes misturam componentes nacionais e importados. “Temos sempre interesse em comprar do Brasil se houver disponibilidade”, garante Dworschak.

A UCN da OSX terá 3,2 milhões de metros quadrados de área, com 2,4 mil metros de cais e dique seco de 130 metros de largura por 480 metros de comprimento. O estaleiro está preparado para construir, simultaneamente, até 11 FPSOs e oito WHPs (plataformas que auxiliam a retirada do petróleo do fundo do mar). A capacidade de processamento de aço da unidade de construção naval será da ordem de 200 mil toneladas por ano.

Dworschak destaca que o tamanho das chapas de aço que serão utilizadas permitirá soldas mais espaçadas, o que representa redução no custo com transporte e um ganho de 30% de necessidade de solda. O uso de chapas de aço com 4,5 metros de largura e 14 metros de comprimento será possível quando a LLX e a MMX, empresas do grupo EBX, começarem a produzir e levar aço para dentro do complexo do Açu. “Os panos que formam o casco nas chapas vão ser muito mais largos do que são hoje. Todo aquele cordão de solda que tenho que depositar na emenda diminuirá, as soldas serão mais espaçadas. Um ganho significativo, próximo a 30% em termos de solda”, explica Dworschak.

Ele diz que o projeto combina construção naval tradicional com canteiro de construção de obras offshore. Destaca que a UCN do Açu terá um dique que permite a fabricação simultânea de duas FPSOs em tempo recorde. “Isso nos dá flexibilidade extraordinária em termos de construção, poder fazer montagem a céu aberto.” No estaleiro serão construídos módulos, componentes e serão montadas jaquetas.

O canal do terminal onshore do porto do Açu (TX2), em formato de “L”, está sendo dragado, o que permitirá a entrada da água do mar para a formação do canal. “A draga está chegando para formar o canal. Normalmente, existe uma baía de água protegida e o estaleiro cresce em volta da baía e faz um aterro na frente. Aqui faremos o estaleiro em condições ideais, cravando as estacas-prancha e trabalhando dos dois lados da terra”, detalha Dworschak.

O gerente executivo da UCN lembra que a maioria dos estaleiros está espremida entre morro e mar, como é o caso dos estaleiros Mauá, Caneco e Inhaúma (ex-Ishibrás). Por isso, os estaleiros brasileiros tradicionais não têm o recurso de colocar uma segunda instalação do lado de fora, o que torna a área acostável um trecho nobre. O estaleiro da OSX terá áreas fechadas e cobertas e poderá abrigar até oito FPSOs encostados em linha no cais.

A UCN Açu oferecerá serviços de engenharia e leasing de unidades offshore, compostas de plataformas de produção fixas e flutuantes, sondas de perfuração e embarcações em geral. O fluxo produtivo é um conceito trazido pela Hyundai. O estaleiro realizará o corte, submontagem e montagem de módulos, parte de tubulação, acabamentos e pintura de blocos. A capacidade de montagem será de 100 módulos simultâneos nessa região.

Matheus Abreu, gerente de obras da OSX, diz que uma das dificuldades da construção será trabalhar com diversos tipos de piso para vários tipos de área. “Temos uma série de reforços ao longo do piso e do cais que é produto de grandes cargas dinâmicas que teremos”, explica Abreu. O primeiro prédio a iniciar os trabalhos será o que fará corte de chapa, onde começa o processo industrial.

A área de 3,2 milhões de metros quadrados englobará prédios administrativos, oficinas de produção, edifícios de facilidades industriais, área de montagem dos módulos, áreas de pré-montagem e de montagem de jaquetas, dique seco e área para expansão do cais. A OSX terá na outra margem indústrias offshore. A obra, iniciada em julho de 2011, deve gerar quatro mil empregos diretos e, na fase de operação, esse número chegará a 10 mil colaboradores.

Os principais avanços da construção da UCN Açu no segundo trimestre de 2012 incluem o término da terraplanagem e a contratação de equipamentos e sistemas: máquinas de corte de chapa e de corte de tubos; sistema de pré-tratamento das chapas, pórticos e pontes rolantes e máquinas de jateamento e prensas. A escavação do canal chegou a ultrapassou os três quilômetros dragados. A OSX também contratou o fornecimento e manutenção de subestação de energia, com tensão de 345 kV e conexão com a linha de transmissão.

Outro destaque no segundo trimestre da OSX foi a contratação do crédito de R$ 2,7 bilhões para UCN Açu. O repasse possui recursos do Fundo da Marinha Mercante junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e à Caixa Econômica Federal. O início de operação parcial da UCN do Açu está previsto para o primeiro trimestre de 2013 e a conclusão deve ocorrer no segundo trimestre de 2014.   n

 



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