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‘Boom’ demais

Anúncios de novos estaleiros têm como ingrediente disputas de governos estaduais, mas vários projetos já começam a sair do papel

Pré-sal. O mantra do novo Eldorado tem sido repetido como a senha para a remediação de todos os males que emperram o pleno desenvolvimento econômico e social do país, com oportunidades ilimitadas. De fato há motivo para otimismo, já que o boom da

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indústria naval é visível e os números, impressionantes. Os investimentos já realizados ou anunciados pela Petrobras e sua subsidiária integral Transpetro em equipamentos como plataformas, petroleiros, sondas e barcos de apoio contam-se às centenas de bilhões. O que não se sabe ainda é a velocidade com que as novas encomendas serão feitas e qual o real tamanho, dado o desafio financeiro e tecnológico. Mas mesmo com as dúvidas sobre a real dimensão do negócio, estaleiros vêm recebendo investimentos para ampliação e empreendimentos vistos com alguma desconfiança têm saído do papel.

Um ingrediente a mais no cenário é que com a já real regionalização da construção naval, estados brasileiros vêm tentando seduzir, com benefícios como desoneração fiscal, novos projetos, para realizarem o sonho do polo naval próprio. E como a propaganda é a alma do negócio, é preciso dar tempo ao tempo para verificar o que de fato é intenção e o que é especulação.

Três estados concentram atualmente os estaleiros mais importantes pelo porte e investimento. O Rio de Janeiro conta com seu polo consolidado há muitos anos e atividades consistentes na área naval. Pernambuco tem o maior estaleiro do país e projetos de novas plantas, assim como o Rio Grande do Sul, que conta com dois grandes empreendimentos em curso. A Bahia, mais modestamente, também emplaca projetos de estaleiros, assim como o Espírito Santo.

O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), contabilizava, no documento “Resultados da Indústria da Construção Naval Brasileira”, de 2010, 13 estaleiros em implantação em diversas regiões do país. Desde então novos empreendimentos têm sido anunciados.

O Rio de Janeiro é um dos estados que concentram o maior número de empreendimentos em implantação. Fora da linha de estaleiros para atender à demanda offshore, mas igualmente importante para o desenvolvimento da cadeia de fornecedores, é o estaleiro militar projetado para inicialmente construir quatro submarinos convencionais e um nuclear para a Marinha do Brasil.  O estaleiro e uma base naval com capacidade de recebê-los e mantê-los serão construídos pela Itaguaí Construções Navais (ICN), na Ilha da Madeira, em Itaguaí. A unidade tem conclusão prevista para 2014. As obras de dragagem foram iniciadas em dezembro do ano passado e devem ser concluídas no primeiro semestre de 2012.

As condições geográficas e estratégicas do terreno foram determinantes na escolha da área para a instalação do empreendimento, uma parceria entre Odebrecht e a francesa DCNS. A proximidade com a Nuclep, com o porto de Itaguaí e com a base aérea de Santa Cruz, o maior complexo de combate da Força Aérea Brasileira, também ajudou na escolha. O custo da implantação do estaleiro e da base naval é de R$ 1,78 bilhão. A construção de ambos os empreendimentos será custeada através de recursos da União, enquanto que o custo do projeto e de construção dos submarinos será pago por meio de financiamento.

Na base, a Marinha vai desenvolver atividades de treinamento e capacitação profissional, para garantir suporte especializado às operações com os submarinos. O conjunto do estaleiro e da base terá dois píeres de 150 metros e três docas com 170 metros de extensão e capacidade para receber dez submarinos, além de poder construir dois ao mesmo tempo.

Também está prevista no estado a construção de um dique flutuante para o estaleiro Rionave. A Alusa, em consórcio com a Galvão Engenharia e a coreana Songdong, tem planos de instalar um estaleiro no município de Barra do Furado. O governo estadual formalizou no último mês de junho a liberação de R$ 50 milhões para obras de infraestrutura do Complexo Logístico e Industrial Farol/Barra do Furado, localizado entre os municípios de Quissamã e Campos. O local servirá como base de apoio para a indústria offshore e para a construção e reparo de navios. Com licença de instalação emitida no último dia 30 de maio, o projeto prevê a construção de um estaleiro da STX Europe, em Quissamã, e dois em Campos, para o Eisa e a Cassinú.

O Rio de Janeiro também contará com a modernização e expansão de alguns empreendimentos. Há quase um ano, a DNS Equipemar Engenharia e Indústria Naval iniciou a operação do seu estaleiro, de porte mais modesto, o DSN Equipemar. Mas a companhia pretende modernizar o parque e adquirir novos equipamentos, além de construir novos vestiários, cozinha e refeitório, bem como adequar as redes de incêndio, água, óleo combustível, esgoto e águas pluviais. Com capacidade atual de uma tonelada e meia por dia de processamento de aço, a companhia estima ampliar para cinco toneladas/dia após a modernização. Para realizar a expansão, a companhia conta com recursos já aprovados pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM).“Com esse valor, vamos colocar todos os equipamentos necessários para se tornar um estaleiro de médio porte”, diz a diretora administrativa da DSN Equipemar Engenharia e Indústria Naval, Stefania Oliveira. O parque está instalado em Niterói.

No mesmo município, será ampliado o estaleiro Aliança, pertencente à CBO. A conclusão das obras está prevista para o final de 2012. Serão construídos 300 metros de cais ao longo da atual linha de guindaste na carreira de construção, para navios em fase de acabamento ou docagem. Um dique flutuante com capacidade para navios de até 5,5 mil toneladas, 100 metros de comprimento, 23 metros de boca e 5,5 metros de calado integrará a planta, que contará com uma nova oficina abrigada, equipada com duas pontes rolantes de 50 toneladas e carreta para transporte de blocos de até 100 toneladas. Será construído um novo prédio para abrigar tripulações e equipes técnicas e administrativas, próprias e terceirizadas.

A CBO inaugurou no último mês de maio uma unidade industrial em Guaxindiba, no município de São Gonçalo. Com um galpão de produção com 19 mil metros quadrados, a Aliança Offshore vai abrigar as linhas de tratamento e pintura de chapas de aço, corte, dobra de chapas e perfilados, soldagem e submontagem de blocos, corte e dobra de tubulações e montagem de acessórios de casco. Também foi construída uma unidade de utilidades com oficina mecânica para manutenção, central de ar comprimido e central de gases para solda e corte. O prédio administrativo contará com vestiário, refeitório e enfermaria no primeiro andar e as salas de administração nos andares superiores.

Entre os equipamentos da unidade estão guilhotinas, calandras, prensas verticais e horizontais para perfilados, linha de corte automático de chapas de aço, máquinas de solda, linha de tratamento e pintura de chapas de aço, máquinas para conformação de tubulação, guindaste sobre rodas de 35 toneladas, pontes rolantes e empilhadeiras. Um segundo galpão abrigará o almoxarifado para apoio ao estaleiro Aliança. Além de atender a este parque, a Aliança Offshore terá capacidade para prestar serviços para terceiros. De acordo com a companhia, a unidade industrial processará aço, tubulações, fabricará acessórios de casco e realizará a pré-montagem dos blocos dos novos navios em construção.

O Estaleiro Aliança, por sua vez, ganhará velocidade na montagem dos blocos e na construção do casco na carreira. As entregas de navios passarão de três para seis navios a cada ano.

Além da implantação e modernização dos parques, o Rio de Janeiro também contará com a reativação das operações do estaleiro Inhaúma, que ocupará as antigas instalações do Ishibras, arrendado pela Petrobras. O dique seco tem 160 metros de comprimento. O foco do estaleiro será a conversão de cascos de petroleiros em plataformas de produção tipo FPSO. A previsão é de que sejam gerados cerca de cinco mil empregos diretos. A estatal deverá licitar a operação do estaleiro para um grupo privado. O orçamento autorizado para as obras é da ordem de R$ 40 milhões e, quando for concluído, vai permitir que o conteúdo nacional das plataformas seja elevado em 10 pontos percentuais.

O Rio tem ainda em construção, na área do Superporto do Açu, um empreendimento de R$ 3 bilhões. O estaleiro UCN, percentente à OSX, obteve recentemente o licenciamento para dar incício à obra [veja reportagem “3 bi para Açu” à página 32].

Ainda no Sudeste, o Espírito Santo foi o local escolhido para receber o estaleiro Jurong Aracruz. Na construção do parque, serão investidos cerca de R$ 500 milhões através de recursos próprios. O estaleiro estará equipado para converter cascos de petroleiros em FPSOs, construir e reparar unidades offshore, tais como plataformas de produção, FPSO ou SS, embarcações de apoio e unidades de perfuração. Está previsto para novembro o início das obras. Em agosto tem início, segundo a companhia, a supressão da vegetação do local. A operação do estaleiro está prevista para o último trimestre de 2012.

A empresa, de origem singapuriana, tem um programa de intercâmbio que vai levar para Singapura 15 estudantes e três professores para realizarem especialização técnica em construção naval no Instituto Politécnico Ngee Ann. O tempo de estadia do pessoal, que fará estágio nos estaleiros da Jurong, é de um ano. Após este período, passarão a trabalhar no estaleiro Jurong Aracruz. A expectativa da companhia é de que o estaleiro se torne um grande fornecedor de serviços não só para a Petrobras, mas também para outras empresas do setor que produzam e explorem em águas brasileiras, sul-americanas e/ou africanas.

 

Nordeste. O maior estaleiro do país, Estaleiro Atlântico Sul (EAS), localizado no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco, será ampliado. O investimento no valor de R$ 560 milhões, financiado pelo FMM, será aplicado na construção de um segundo cais, na compra de equipamentos de içamento para montagem de módulos de navios-sonda e na construção de oficinas de fabricação de estruturas, vestuários, escritórios de apoio, refeitórios, banheiro e ambulatório.

No mesmo estado será implantado o estaleiro Promar, cujo acionista é a PJMR, associada ao STX Brasil Offshore. O estaleiro tem em carteira contrato para a construção de oito navios gaseiros do Programa de Expansão e Modernização da Frota da Transpetro (Promef). O valor da encomenda é estimado em R$ 911,2 milhões.

Junto aos dois empreendimentos ficará o Estaleiro Naval Construcap. O projeto prevê investimentos de R$ 450 milhões, ocupação de 40 hectares de área e o desmate de 27,83 hectares de vegetação. Na fase de obras, o Construcap deve gerar cerca de dois mil empregos diretos e outros dois mil na operação, quando terá capacidade de processar 40 mil toneladas de aço/ano. O projeto do Construcap inclui construção de escritórios, área de estocagens de materiais, como tubos de grande porte, galpões para corte e furação de chapa, que chegam a pesar 1,5 mil toneladas, cabine climatizada de pintura e um galpão de montagem e edificação dos navios.

Na Bahia, para estruturar seu projeto regional, o governo criou, em outubro do ano passado, a Secretaria Extraordinária da Indústria Naval e Portuária. O estado tem um programa de incentivos fiscais para o setor e se compromete a oferecer a infraestrutura, como estradas, água e energia elétrica necessários para viabilizar a implantação dos novos estaleiros. Estas iniciativas contribuíram para a implantação de um estaleiro formado pela Odebrecht, OAS e UTC. O consórcio investirá cerca de R$ 2 bilhões na Enseada do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano. A previsão é de que o Estaleiro Enseada do Paraguaçu gere em torno de oito mil empregos diretos.

O Estaleiro Corema Aratu também é um dos novos empreendimentos do estado. O Grupo Mata Virgem, responsável pela unidade, investirá R$ 107 milhões nas obras. Deste total, 10% serão provenientes de recursos próprios. Os 90% restantes virão do FMM. De acordo com o presidente do grupo, Fernando Mata Virgem, a companhia espera que a licença de instalação saia até o final de agosto. “A partir da liberação da LI, nós prevemos que o estaleiro seja finalizado em um ano ou um ano e meio”, estima.

O parque será instalado no município de Simões Filho, na enseada de Aratu, na Baía de Todos os Santos, em terreno de 176 mil metros quadrados. O estaleiro já tem contrato para a construção de seis barcos LHs 2500 para afretamento à Petrobras. Os três primeiros serão entregues em setembro de 2012 e os três seguintes a cada 120 dias após a entrega dos três iniciais. “Vamos construir parte dos barcos aqui no nosso estaleiro já existente, em Salvador, e possivelmente terminar os outros em Aratu”, prevê Marta Virgem. O estaleiro Corema já opera em Salvador desde 1968.

A decisão de se fazer um novo estaleiro foi tomada justamente porque a área da unidade de Salvador era considerada pequena, segundo Mata Virgem, para atender a projetos futuros. “Existe uma demanda, somos consultados por empresas para construir barcos, mas não podemos por conta da área, que não é adequada”, diz. O empresário estima que deve haver demanda pelos próximos 20 anos. “A partir daí deve diminuir um pouco, e será necessário ter estaleiro para reparo, que é o nosso caso”, diz.

Assim como a Bahia, o governo de Alagoas concede incentivos fiscais para as empresas do setor naval. Este foi um dos fatores que contribuíram para a decisão pela instalação do estaleiro Eisa Alagoas, que pertence ao grupo Sinergy, também detentor dos estaleiros Ilha e Mauá. Serão investidos no empreendimento cerca de R$ 1,3 bilhão entre recursos próprios e financiamento via FMM. A prioridade para o estaleiro já havia sido aprovado pelo FMM, porém o prazo para contratação junto ao agente financeiro expirou e houve a necessidade de prorrogação. De acordo com o diretor técnico e engenheiro responsável pelo estaleiro, Max Welber, o Eisa Alagoas já entrou novamente com o pedido junto ao FMM. “Já protocolamos a documentação e acreditamos que teremos a concessão da prioridade, o que irá viabilizar a concretização do projeto. Enquanto isso não acontece, daremos início às obras com recursos próprios”, afirma.

A companhia espera que a Licença de Instalação para o estaleiro saia no final do mês de setembro.

Localizado no município de Coruripe, a 80 quilômetros ao sul de Maceió, o Eisa Alagoas terá capacidade para construir diversos tipos de embarcação. No entanto, seu alvo está concentrado em grandes navios e embarcações especiais, como VLCC, ULCC, Suezmax, Aframax, Panamax e navios-sonda. Segundo Welber, o Eisa Alagoas participará das principais licitações que surgirem no mercado. “Elaboramos uma planta industrial completa para atender às demandas existentes e futuras, tanto para o mercado interno quanto externo”, afirma.

Ocupando uma área de 200 hectares, o estaleiro terá um dique seco de 130x400 metros e um flutuante de 90x300 metros, além de um cais com um quilômetro. Contará com quatro linhas de galpões com 830 metros de comprimento; quatro oficinas de acabamento; três galpões de tubulação com 380 metros de comprimento; quatro cabines de jateamento e pintura de blocos; três galpões de almoxarifado; guindastes de 30 a 60 toneladas; pórticos de 1,5 mil toneladas, sistema de transferência de blocos e navios e pontes rolantes de cinco a 100 toneladas.

O Eisa Alagoas terá capacidade de processamento de 160 mil toneladas/ano, em uma primeira fase, mas poderá ampliar para 200 mil toneladas anuais à medida que surgirem novas encomendas. Segundo Welber, o projeto passou por diversos estados e Alagoas apresentou características determinantes para a decisão da escolha do local de instalação do empreendimento. Além de incentivos fiscais, o local possui, segundo o diretor, águas abrigadas e calado muito próximo do desejado; boa qualidade de solo e recursos naturais; facilidade de acesso, proximidade do porto de Maceió. Além disso, o executivo destaca que, entre os estados pesquisados, Alagoas foi o que melhor apresentou incentivos para a implantação do empreendimento, embora não tenha histórico no setor naval.

No Maranhão está prevista a instalação do estaleiro da Internacional Marítima. Mas a companhia ainda não tem previsão da liberação da licença de instalação para, então, poder iniciar as obras do parque, destinado a embarcações de médio e pequeno porte.

 

Sul. A indústria naval também é prioridade para o Rio Grande do Sul. De acordo com o presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Marcus Coester, o estado traz diversas vantagens que contribuem para que o estado venha a ser um dos líderes da indústria offshore.“O cenário é bastante positivo, o Rio Grande do Sul tem uma indústria extremamente diversificada, e isso é interessante porque gera possibilidades de fornecer diversos itens na área petroquímica e metalmecânica. Todos esses segmentos têm força na economia gaúcha. Então, a indústria oceânica aparece como um grande catalisador dessa indústria que já tem tradição no estado, aproveitando o grande ciclo econômico do Brasil e mundial”, avalia Coester.

Outra vantagem competitiva oferecida pelo Rio Grande do Sul é a disponibilidade de área. Do Rio Grande até o interior do estado, diz Coester, são 360 quilômetros de águas navegáveis com calado de cinco metros. “Temos uma série de portos nesta área, 15 estaleiros pequenos que podem trabalhar em parceria com grandes empresas para receber empreendimentos offshore. Existe uma malha semipronta para receber esses empreendimentos”, ressalta. Essa condição geográfica evita ainda a excessiva centralização de empreendimentos.

Um dos projetos previstos para o estado é a implantação do estaleiro Wilson, Sons, que construirá embarcações de apoio offshore em Rio Grande. O estaleiro representará um investimento de US$ 140 milhões, recursos do Fundo da Marinha Mercante. Em uma área de 200 mil metros quadrados, o estaleiro tem como meta construir anualmente até quatro embarcações dos tipos PSV e AHTS. Há previsão de ser implantado um centro de treinamento de recursos humanos para atender à demanda do estaleiro.

A Estaleiros do Brasil, subsidiária da Setal Óleo e Gás (SOG), planeja construir um estaleiro em São José do Norte, município situado no sul do estado. Estimativas apontam que a licença de instalação seja liberada neste segundo semestre. O estaleiro será utilizado para a montagem de plataformas marítimas e construção de embarcações de apoio à exploração de petróleo. Com previsão para iniciar operações no final de 2012, o parque deve gerar cerca de cinco mil empregos diretos. O investimento é estimado em cerca de R$ 670 milhões e contará com financiamento do Fundo da Marinha Mercante e incentivos fiscais do governo gaúcho.

Já a coreana Insung assinou no último mês de junho um protocolo de intenções com um consórcio brasileiro para implantar um estaleiro na área do canal São Gonçalo, situado entre as cidades de Pelotas e de Rio Grande. O consórcio é composto por três empresas do Rio de Janeiro e uma do Rio Grande do Sul. O parque será utilizado para a manutenção e reparação de barcos pesqueiros da empresa coreana. O objetivo é atender as 25 embarcações que atuam na região das Ilhas Malvinas. A expectativa é de que o local esteja funcionando no início de 2012.

Além da implantação de novos parques, o estado também terá expansão de unidades existentes. É o caso do estaleiro Rio Grande I. O empreendimento é responsável pela construção de oito cascos FPSOs destinados à produção de petróleo e gás na camada pré-sal da Bacia de Santos. A Ecovix, empresa que administra o estaleiro, quer aumentar o processamento de aço com linha de painel moderna e automatizada para 8,5 mil toneladas por mês. Atualmente, a capacidade de processamento no estaleiro é de 2,5 mil toneladas por mês.

O estado tem recebido grupos empresariais para conhecer potenciais bases para receber unidades. Já demonstraram interesse a fabricante de tratores LS Mtron e o grupo Hyundai, Samsung e Daewoo. O estaleiro STX também fez sondagem visando a montagem de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento no estado.

 

 

Aposta na vocação

Governo capixaba vislumbra Espírito Santo como destaque do setor naval num prazo de cinco anos

 

Vocação portuária por conta da siderurgia, da celulose, do setor de granito e mármore, e mais recentemente do setor de petróleo. Além disso, uma área metal-mecânica bastante desenvolvida. Por esses e outros motivos, o Espírito Santo também busca espaço na indústria naval. O secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo, Márcio Félix, destaca que o estado já conta com empresas locais atuantes no segmento naval. “Temos no nosso setor metal-mecânico a União Engenharia e a Imetame, que estão entrando nesse setor, já fabricam equipamentos para submarinos, fornecem para o setor de petróleo e também estão entrando no setor naval como potenciais fabricantes de módulos”, exemplifica.

 

Félix acrescenta que o grupo Imetame tem planos de construir módulos e outros equipamentos para o setor offshore. Segundo o secretário, a empresa já adquiriu o terreno e iniciou o processo de licenciamento ambiental. Também nesta fase está a Edison Chouest, que tem projeto para uma base de apoio a plataformas e um estaleiro de reparos para embarcações de apoio. De origem norte-americana, a empresa construirá os empreendimentos no município de Itapemirim.

Existem ainda no estado empresas que estão disputando concorrência da Petrobras e de outras empresas para fornecimento de módulos. Caso uma delas vença, poderá iniciar a fabricação, mesmo sem que ainda tenham a instalação pronta. “Temos áreas à disposição, que são de produção antecipada, e podem ser usadas temporariamente quando a empresa ganha uma licitação até que se tenha a instalação definitiva”, destaca. O Espírito Santo também tem sido visitado, diz o secretário, por empresas de Singapura, Coreia, Malásia, Indonésia, que já fazem parte do polo naval do seu país. “Há vários pontos do nosso litoral que estão sendo considerados para a  indústria naval”.

Algumas delas já estão se instalando no estado. É o caso do Estaleiro Jurong. Como origem em Cingapura, compõe o conjunto de 10 estaleiros do Grupo Sembcorp Marine espalhados principalmente pela Ásia. Com investimentos de R$ 500 milhões, a empresa construirá o Estaleiro Jurong Aracruz no município de Aracruz.

Félix lembra que o estado já construiu, na década de 80, módulos e plataformas fixas na Bacia de Campos. A posição norte do estado está na área de abrangência da Superintendência para Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que prevê incentivos fiscais federais para a implantação de novos investimentos. O estado oferece ainda diferimento do pagamento do ICMS no Programa de Incentivo ao Investimento (Invest-ES). Mas, segundo Félix, a proximidade geográfica com o pré-sal é um dos principais diferenciais do Espírito Santo.

A mão de obra qualificada também é um dos pontos positivos do Espírito Santo para as empresas que desejam se instalar na região. Segundo Félix, o estado tem uma das menores taxas de desemprego no Brasil e é o que mais tem soldadores certificados no país. “Temos o maior complexo de celulose do mundo, somos o segundo estado produtor de petróleo, temos produção em ferro. Isso tem desenvolvido e motivado a mão de obra a trabalhar na indústria integradora das atividades de siderurgia e do petróleo. Temos um círculo virtuoso de entrada de mão de obra no mercado de trabalho, que facilita a vida das empresas que venham pra cá”, ressalta. “Entre dois e cinco anos, vamos estar bastante fortes na área de construção naval e seus periféricos, não só em uma região do estado, mas olhando o Espírito Santo como um todo”, estima.

Félix destaca ainda que enxerga um polo naval com sinergia ao do vizinho Rio de Janeiro. “Somos complementar ao do Rio, que tem Angra, Niterói, Barra do Furado, Açu. Nós somos mais um ponto desse conjunto do RIO-ES da indústria naval”, finaliza.

 



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