Receba notícias em seu email

Navalshore

Cai déficit na balança de petróleo e derivados

O Brasil chegou ao fim do ano com um rombo menor do que o verificado em 2011 na balança de petróleo e derivados, mas sem muitos motivos para comemorar. De janeiro a novembro deste ano, o déficit apontado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) foi de US$ 4,5 bilhões, valor um quinto inferior ao registrado no mesmo período do ano passado. Entretanto, com um aumento de dois dígitos do consumo da gasolina, a oferta do combustível estagnada e registros atrasados de importações, o saldo deve continuar na casa dos bilhões ano que vem na visão de especialistas.

O resultado deste ano foi causado pelo aumento das exportações de óleos combustíveis e leve diminuição das compras externas de gasolina e óleo diesel pela Petrobras. No entanto, a relação entre derivados e petróleo segue extremamente desigual. Enquanto o produto cru rendeu superávit de US$ 5,8 bilhões para o saldo da balança comercial do país, os combustíveis geraram déficit de US$ 10,3 bilhões, sendo que o ano ainda pode registrar saldo negativo maior em função de atrasos nos registro das importações de gasolina e óleo diesel em agosto, setembro e outubro.

O aumento de US$ 1 bilhão na venda de combustíveis ao exterior (a Petrobras vende óleo combustível e compra derivados leves do petróleo) neste ano ante 2011 se deu pela inserção em dois hubs regionais. Enquanto a Holanda comprou o dobro do que ano passado (US$ 1,5 bilhão), Cingapura adicionou meio bilhão de dólares a mais também (US$ 1,2 bilhão). Assim, o Brasil exportou US$ 4,9 bilhões em combustíveis ao mundo. Na contramão, registrou-se queda acentuada de presença no mercado argentino. O país de Cristina Kirchner importou das refinarias brasileiras apenas US$ 227 milhões, montante 70% menor do que de janeiro a novembro do ano passado.

O outro lado da balança de derivados também ajudou na queda do déficit do setor, já que o Brasil importou US$ 15,3 bilhões em combustíveis neste ano, valor US$ 200 milhões menor do que em 2011. Estados Unidos, Índia, Algéria, e Argentina enviaram menos combustíveis aos tanques de carros brasileiros neste ano, enquanto Kwait e os Países Baixos aumentaram os envios substancialmente.

Para Fabio Silveira, da RC Consultores, a queda de 20% no déficit da balança de combustíveis é fruto da desaceleração da atividade econômica registrada ao longo do ano. Contudo, ele prevê aumento nas importações ano que vem caso se confirme um crescimento entre 3,5% e 4% do Produto Interno Bruto (PIB).

"O déficit vai continuar, pois ele é estrutural. Ele aumenta de tamanho quando a economia cresce e diminui quando a atividade desacelera. Só vai haver superação desse quadro quando o pré-sal entrar em funcionamento", afirma, citando a perspectiva de 1% de aumento do PIB para este ano.

O déficit deste ano não deverá ser menor do que 2011, na visão de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). O atraso de 50 dias na contabilização das importações pelo Mdic é o que explica a queda até agora. "Com certeza vamos ver as importações crescerem no último trimestre. Mas por causa dos atrasos, isso só vai ser contabilizado na balança do início do ano que vem", diz Pires, que vê no aumento de 12% no consumo de gasolina do mercado doméstico neste ano ante 2011 um impacto substancial no nível de importação.

Esse aumento é classificado por ele como "um crescimento chinês", enquanto o etanol, desestimulado pela política de congelamento de preços nas refinarias praticada pela Petrobras, deve fechar 2012 com recuo de 10% no consumo segundo o levantamento do CBIE com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Essa relação entre gasolina e etanol é primordial para que a balança do setor se inverta, na visão do professor da Universidade Federal Fluminense Luciano Losekann. Também levando em conta dados da ANP, ele mostra que em 2007, quando o etanol era mais competitivo que a gasolina, o Brasil exportou 3,7 bilhões de litros do derivado de petróleo. De lá para cá a relação se inverteu. Ano passado, o país importou 1,9 bilhões de litros de gasolina e neste ano, até outubro, as compras chegaram a 2,8 bilhões de litros, quantidade que não se via desde a década de 1970. O professor estima que 11% da gasolina consumida no país neste ano será importada.

"É uma situação meio amarrada, porque o refino vai demorar para aumentar a capacidade. O equilíbrio está todo no etanol e passa por um aumento de competitividade que não virá no curto prazo", afirma Losekann, que estima um saldo negativo para a balança de gasolina de US$ 5 bilhões em cinco anos se as condições atuais forem mantidas.

A perspectiva de Adriano Pires, contudo, é de menor pressão no combustível dos automóveis para ano que vem, mas persistência de déficit substancial. Segundo ele, o governo deve aumentar o percentual da mistura do etanol na gasolina dos atuais 20% para 25% ainda no primeiro semestre, enfraquecendo o apetite por importações. "Também terá o aumento da gasolina, que não passa do primeiro trimestre. O ano que vem terá um etanol mais competitivo", diz.

Fonte:Valor Econômico/ Rodrigo Pedroso | De São Paulo






PUBLICIDADE




Shelter

   Zmax Group    ICN    Ipetec
       

NN Logística

 

 

 

  Sinaval   Syndarma
       
       

© Portos e Navios. Todos os direitos reservados. Editora Quebra-Mar Ltda.
Rua Leandro Martins, 10/6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20080-070 - Tel. +55 21 2283-1407
Diretores - Marcos Godoy Perez e Rosângela Vieira