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Com a mão na lata

Mercado para tinta e revestimentos no Brasil oferece horizonte dos mais tranquilos. Tendência por produtos ambientalmente corretos se acentua

O mercado de tintas e resinas anticorrosivas para a indústria naval conta a partir de agora com um player renovado no segmento de embarcações acima de 500 toneladas brutas. A empresa nacional Renner Hermann, que já trabalhava na área, fornecendo tintas para navios menores, acaba de receber a certificação imposta pela norma da International Maritime Organization (IMO), especificada pela PSPC (Performance Standard for Protective Coatings) MSC 215(82), que normatiza os padrões de performance de revestimento anticorrosivos para tanques de lastro em embarcações com mais de 500 toneladas de peso bruto e casco duplo, com 150 metros de comprimento em navios graneleiros.
Formulada pela IMO desde 8 de dezembro de 2006, a norma passou a ser realmente exigida para contratos assinados após julho de 2008, ou mesmo em contratos mais antigos cuja entrega esteja prevista para um prazo posterior a julho de 2012, incluindo as entregas previstas para data anterior, mas que apresentem atrasos.
Clayton Queiroz Júnior, gerente nacional de vendas da Renner Hermann, comemora a obtenção do certificado que, acredita, trará novos contratos para a empresa. A qualificação recebida pela firma foi da Det Norsk Veritas (DNV). Segundo ele, as previsões para 2010 são as “melhores possíveis” e a companhia, que recebeu autorização para operar neste mercado em março último, já passou a visitar os grandes estaleiros e participar de negociações para contratações futuras. A previsão é de fechar novos negócios já a partir do próximo mês.
Queiroz adiantou que os contratos são principalmente entre os petroleiros, que apontou como o grande mercado do momento, além de alguns projetos com os armadores estrangeiros.
“Sabemos que o mercado ainda tem muito a encomendar e estamos atentos para participarmos destas novas construções e manutenções, e com isso aumentar ainda mais a participação deste segmento em nosso volume global”, anunciou Queiroz.
Segundo ele, em 2009 a empresa registrou uma pequena melhora em relação a 2008. Mas agora a previsão é de que a entrada no novo segmento, das grandes embarcações acima de 500 toneladas, permita uma expansão muito superior.
“A partir de agora, entramos como uma nova opção no mercado, podendo competir de igual para igual com os grandes”, comemora o diretor da fabricante nacional Renner Hermann.
Não só a qualidade do material, mas os profissionais que o utilizam também precisam ser treinados, o que, segundo Queiroz, demonstra o forte investimento da Renner nos últimos anos em treinamento e adequação de técnicos.
A empresa líder do mercado, International Paint, possui o produto certificado desde 2008. Marcus Torres, gerente de vendas no Brasil, explica que, para os armadores brasileiros os benefícios dessa normatização são dobrados, pois além de ampliar as condições de durabilidade de no mínimo 15 anos para os tanques de lastro, a indústria naval nacional não terá necessidade de importar esses revestimentos, podendo adquirir os produtos no mercado nacional.
No caso da International Paint, os produtos são fabricados na fábrica de São Gonçalo (RJ). A companhia possui o certificado “Type Approval” e os produtos que compõem o sistema de pintura avançados são: Interplate 855 (shop primer de zinco) e primers com acabamento epóxi (primers Interhsield 300 e Interbond 808).
Mercado. Se por um lado, as empresas que obtiveram a certificação comemoram a expansão prevista para este segmento, por outro as empresas também anteveem um mercado mais forte para 2010. Na avaliação da International Paint, a indústria naval brasileira está em franco aquecimento, que segundo a previsão da empresa continuará nos próximos anos.
t;div>Na opinião do executivo da International Paint, Marcus Torres, a construção naval brasileira entrou em uma “nova era”, na qual se pode vislumbrar uma “descentralização” dos pólos de construção, até então concentrados no Rio de Janeiro, Itajaí e Santos. Torres destaca que hoje já existem estaleiros de grande porte construídos e operando em Recife (PE) e no Rio Grande (RS), além da previsão de construção em novos estados.
Nesse sentido, a International já se preparou para esta nova realidade e está pronta para atender à nova demanda desse mercado descentralizado. Visando esse segmento, explica Torres, a empresa investiu nos últimos anos na ampliação de sua rede de distribuição para atender localmente à demanda de novos estaleiros.
“Projetamos uma participação crescente da empresa neste novo mercado e contamos com outros contratos que estão em fase de negociação com os estaleiros nacionais”, anuncia.
A International já anunciou o fechamento de novos contratos para 2010, nomeadamente o segundo navio de produtos da Transpetro junto ao estaleiro Mauá, inscritos em uma série de quatro navios que fazem parte do Promef I (Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro). De acordo com a gerente de Desenvolvimento de Negócios da International, Rosileia Mantovani, também já foram assinados contratos com o Eisa para dois navios portacontêineres de 45 mil tpb, além de dois navios bauxiteiros de 85 mil tpb para a Login.
Entre outros projetos já confirmados para este ano está o contrato de três PSVs com o estaleiro STX Europe para Noskan, além de outro PSV para a Wilson Sons, em Santos (SP).
Outras empresas do setor também se mostram otimistas para este ano. Para o diretor-superintendente da WEG Tintas, Reinaldo Richter, 2009 foi um ano “bastante positivo”, mas considerando todo o aspecto da crise internacional que ainda pesava. Ele lembra que, mesmo que o mercado interno não tenha sido tão afetado, as exportações foram prejudicadas pelo cenário internacional. Ainda assim, a WEG registrou melhorias em relação a 2008, destaca o diretor que, no entanto, preferiu não divulgar os números.
Para Richter, 2010 manterá a força de recuperação que já se começou a ver no final de 2009. A empresa trabalha com previsão de crescimento, baseado em um PIB de 5% a 5,8% ao ano e aposta nos investimentos da Petrobras.
O executivo da WEG vê novos projetos não só em renovações de contratos com a estatal, mas também em expansões para o pré-sal e em toda a cadeia de empresas que supre a Petrobras.
“Como há uma melhora na economia, a perspectiva é de reestruturação da área de resinas e anticorrosivos”, prevê o diretor. Ele adianta que a WEG já fechou alguns negócios para este ano e tem outros em negociações, o que certamente proporcionará um aumento no faturamento da empresa em comparação com os anos de 2008 e 2009.
A empresa brasileira, que possui ramificações no exterior, continua investindo no mercado estrangeiro e estuda aquisições no mercado externo.
A WEG possui três plantas na Argentina, outras três no México, além de unidades na China e em Portugal. A companhia prevê ainda iniciar as operações já no final desse ano, na fábrica atualmente em construção na Índia.
Especificamente em relação ao mercado de tintas, a empresa está focada no mercado interno e em alguns clientes da América Latina.
Richter avalia que a WEG tem expandido muito mais no mercado interno do que no externo que, em sua opinião, tem crescido menos em função da crise financeira mundial que assolou muitos países a partir de 2008.
Novos produtos. Na avaliação do diretor da WEG, a sobrevivência do mercado de tintas e anticorrosivos está na melhoria de tecnologia oferecida ao cliente. Nesse sentido, a empresa lançou recentemente o GFD-401 WEG Plock, com flocos de vidro que proporcionam forte proteção por barreira, destinada à aplicação de tanques de petróleo da Petrobras, em conformidade com a norma 1201.
Trata-se de um produto muito mais resistente que o anterior utilizado até agora, oferecendo uma proteção superior para o interior dos tanques, que sofrem com a alta salinidade da água do mar.
A Renner Hermann, por sua vez, anunciou o lançamento de produtos Fast Cure, entre eles o Oxibar DFC 707 e o Oxibar PFC 533, de alto desempenho, que encurtam fortemente o tempo mínimo entre demãos, agilizando assim o processo de pintura.
Nessa mesma linha, a companhia aponta que seus produtos mais procurados são também os de alta performance anticorrosiva, como o Revran ECO NVC 997, produto 100% sólidos por volume, isento de metais pesados.
Outro produto citado pela empresa é o Revchem DHR 870, especial para revestimento interno de tanques de armazenagem, que aceitam uma vasta gama de produtos, além de permitir a liberação do tanque para armazenagem em até quatro dias.
Meio Ambiente. Baseados nos produtos mais procurados por seus clientes, os executivos consultados concordam em que a preferência por produtos ambientalmente corretos já é uma tendência clara no mercado. Segundo Queiroz, da Renner Hermann, as encomendas das tintas e resinas que não prejudicam o meio ambiente têm tido a preferência das empresas, entre elas a Petrobras que, por ser a principal, acaba por ditar as tendências para as demais.
“Sem dúvida é uma tendência e as empresas, puxadas pela Petrobras, cada vez mais seguem esse caminho”, afirma o diretor da Renner, ao explicar que o produto tem um custo inicial mais caro, mas representa um custo-benefício muito superior para as empresas.
As novas tintas com que o mercado vem trabalhando oferecem como principal vantagem a diminuição de horas entre demãos, o que representa vantagem não apenas para o cliente, mas também para a própria empresa. Como explica o gerente nacional de vendas da Renner, para a firma fabricante o custo-benefício está em oferecer um produto melhor ao cliente, que fica mais satisfeito com o resultado gerado; enquanto, para o cliente, a vantagem está no tempo de duração e na proteção que esses produtos proporcionam.
Acresce ainda que, enquanto as embarcações ganham em tempo, com a maior agilidade oferecida por esses novos produtos as fornecedoras economizam em horas de trabalho de seus funcionários. Pode-se dizer que o tempo de trabalho é reduzido “drasticamente”, uma vez que as tintas convencionais exigem um tempo de espera de, em média, 16 horas entre uma demão e outra, e os produtos modernos, com os quais as empresas passam a trabalhar, reduzem esse tempo para apenas três horas.
Queiroz aponta que embora ainda não haja uma legislação hoje em dia que “obrigue” as empresas a produzirem ou consumirem este tipo de produto, o mercado tem se conscientizado e os fabricantes se antecipam, adquirindo ou fabricando esse tipo de produto e mostrando as vantagens de se trabalhar com eles.
Para Reinaldo Rechter, da WEG, a tendência de produtos ecologicamente corretos é crescente, pelo que a empresa tem buscado seguir essa linha em seus novos lançamentos. O executivo explica que todos os futuros lançamentos da companhia já estão sendo desenvolvidos dentro dessa lógica, focados na tendência de preservar o meio ambiente.
Marcus Torres, gerente de Vendas da International, reforça a avaliação dos representantes do setor ao afirmar que as empresas de um modo geral têm tido um comportamento cada vez mais consciente e têm procurado diminuir a emissão de gases poluentes para o meio ambiente, além de se preocuparem com a proteção da mão de obra direta, ou seja, daqueles trabalhadores que fabricam e aplicam as tintas e resinas e também dos responsáveis por retirar o produto, posteriormente.
Torres destaca ainda que a International é signatária do Coatings Care, programa de comprometimento e responsabilidade da indústria de tintas mundial, para a melhoria contínua dos aspectos relacionados ao meio ambiente, saúde e segurança.
Seguindo essa linha, a companhia tomou a decisão, dede janeiro de 2006, de descontinuar a fabricação de produtos à base de alcatrão de hulha e deixou de utilizar em seus produtos chumbo e cromatos.
Os executivos da International chamam a atenção para o fato de que os navios do estaleiro Mauá, Eisa e STX Europa, todos contratos recentes, já foram iniciados com o novo sistema de pintura, com certificação da IMO/PSPC para tanques de lastro, e sem a necessidade de remoção do shop primer de zinco, o que proporciona aumento significativo de velocidade de processo, redução de custo de produção, além de proteger o meio ambiente, diminuindo os resíduos decorrentes do trabalho.
Os produtos ecologicamente corretos reduzem em proporções gigantescas as emissões de gás carbônico na atmosfera, reduzindo a quantidade de resinas que têm como destino final o oceano.
O ganho ambiental nesse caso é enorme. A International Paint, por exemplo, compara alguns de seus produtos com os convencionais, para ilustrar a vantagem ecológica na escolha deste tipo de tinta. Um deles seria o Interplate Zero, um shop primer silicato de zinco à base de água que não emite gases tóxicos para atmosfera. De acordo com o gerente de vendas da empresa, Marcus Torres, para o mesmo shop primer, só que convencional à base de solvente, utiliza-se uma média de 75 mil litros de solvente, o que gera uma emissão de aproximadamente 250 toneladas de gás carbônico para o meio ambiente.
Outro produto destacado pela empresa é o Intersleek 900, revestimento para desprendimento de incrustações, isento de biocidas, com tecnologia patenteada à base de fluorpolímero, próprio para substituição dos anti-flouling convencionais. No seu caso, além de não agredir o meio ambiente, pode reduzir anualmente em até 9% o consumo de combustível e emissão de dióxido de carbono, com durabilidade de até dez anos.
Já no segmento dos anti-incrustantes, a inovação que veio com a linha Intersmooth 7460-7465 está no fato de haver um maior teor de sólidos, que reduz a quantidade de produtos a ser utilizada, diminuindo assim a emissão de compostos orgânicos voláteis, ou seja, os solventes na atmosfera. Em contrapartida, como também é reduzido o custo de aplicação e tempo de dique, pode-se dizer que há maior proteção para o trabalhador, ao haver menor quantidade de resíduos a serem descartados.

 

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