Aquisição de ativos no porto de Rio Grande (RS) poderá permitir construção de navios sondas para estatal
O acordo de venda do Estaleiro Rio Grande (ERG) pela WTorre à Engevix, anunciado nesta quarta-feira por R$ 410 milhões, faz parte da estratégia de crescimento da empresa de engenharia no setor de óleo e gás, principalmente depois de ter vencido duas grandes licitações da Petrobras.
O dique seco do ERG, que deve ser inaugurado em breve, é destinado à construção, conversão e reparo de plataformas de produção e de perfuração de petróleo. A estrutura possui 350 metros de comprimento por 130 de largura além de quase 14 metros de profundidade abaixo do nível do mar. Uma comporta é aberta para permitir a entrada de água quando há necessidade de movimentação das plataformas.
Com o suporte financeiro da Funcef, o fundo de pensão da Caixa Econômica Federal, que deve ficar com estimados em 25% do capital do ERG, a Engevix poderá acelerar a construção dos oito cascos de plataformas no dique seco assim como desenvolver novos projetos para a Petrobras. Segundo nota da WTorre, o acordo também inclui a aquisição de terrenos adjacentes ao estaleiro no Rio Grande do Sul - a segunda fase do empreendimento.
A Engevix já disse que os terrenos poderão ser usados para a construção de navios sondas para perfuração de poços de petróleo, uma licitação em andamento pela Petrobras. No fim de maio, a estatal recebeu as propostas técnicas e comerciais das empresas que vão construir no Brasil as 28 sondas - um contrato que pode superar os US$ 20 bilhões, segundo estimativas. A Engevix foi uma das empresas a entregar a proposta.
Crescimento acelerado
A Engevix, que completou 45 anos em março, teve um salto extraordinário nos últimos anos. A empresa faturou R$ 1,6 bilhão em 2008, um número 545% maior do que o resultado de 2005, quando teve receita de R$ 248 milhões.
Em 2009, a receita caiu para R$ 1,4 bilhão devido à crise mundial, justificou a companhia em seu balanço. Mas o lucro subiu de R$ 93 milhões em 2008 para mais de R$ 140 milhões em 2009. Nas suas demonstrações de resultados, a empresa revela que sua carteira de pedidos chega a R$ 3 bilhões nos próximos dois anos, mas a empresa poderá garantir um valor substancialmente maior caso vença novos contratos com a Petrobras.
A Engevix, com sede na cidade de Barueri, (SP) era uma empresa de consultoria de engenharia controlada pela construtora Rossi. Em 1997, foi vendida para três executivos: Cristiano Kok, Gerson de Mello Almada e José Antunes Sobrinho, que ainda mantêm-se à frente da gestão.
Foram eles que deram uma virada na empresa, ampliando sua atuação para outros setores como também transformando a companhia numa empreiteira. Atualmente, cada um dos executivos possui 10% das ações da companhia como pessoa física. Os demais 70% do controle estão em nome da holding Jackson Empreendimentos, dos quais cada um deles possui um terço das ações.
No fim de 2009, a empresa reestruturou sua administração, criando unidades de negócios e uma área financeira e de relações com investidores – num sinal de que a empresa poderá abrir seu capital no mercado. Além da área de óleo e gás, a empresa atua também em projetos de engenharia e passou a desenvolver um parque de energia eólica com participação da Funcef.
O anúncio de venda do Estaleiro Rio Grande foi feito pela WTorre, que comunicou a assinatura de um contrato preliminar com a Engevix. Procurada, a Engevix informou que não comentaria o assunto antes do final da conclusão do acordo com a WTorre, que deverá ser submetido ainda ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Contratos com a Petrobras
O salto da Engevix aconteceu em 2009. A empresa assinou um contrato estimado em US$ 3,5 bilhões para o fornecimento de oito cascos de plataformas do tipo FPSO (sigla em inglês para flutuante para produção, armazenamento e descarregamento) para exploração do petróleo pela estatal na camada do pré-sal. A empresa apresentou o menor preço e bateu outros seis concorrentes de peso.
O outro avanço foi o contrato para a prestação de serviço de manutenção de plataformas em operação da estatal na bacia de Campos. O contrato levou a Engevix a comprar em fevereiro a Aibel, da Noruega, uma empresa dona de uma área de 40 mil metros quadrados em Macaé (RJ). A Aibel, de acordo com informações da Petrobras aos órgãos antitrutes brasileiro, ficou de fora da licitação dos serviços de manutenção porque seu cadastro estava irregular.
Fonte: iG São Paulo/André Vieira
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