O resultado do Leilão de Libra, previsto para o próximo dia 21, será decisivo para consolidar a forma como os demais campos do Pré-Sal serão explorados: o arcabouço regulatório do governo brasileiro, a alta taxa de participação do Estado nos lucros e a operação obrigatória e exclusiva da Petrobras no Pré-Sal causam receio às maiores petrolíferas internacionais. O mercado observará atentamente o resultado da concorrência para avaliar se podem haver mudanças na licitação dos demais poços em águas profundas. Essa é uma das conclusões do relatório “Perspectivas sobre a rodada de licitações de Libra”, produzido pela consultoria EY (antiga Ernst & Young).
O lucro em óleo do governo dependerá bastante do valor do barril e do volume da extração nos poços (a fatia do governo varia de 41,1%, com preço do barril entre US$ 80 e 100 e produtividade de até 6 mil b/d; até 52,9%, com barril a US$ 120-140 e produtividade de até 22 mil b/d); já em relação ao retorno potencial, a avaliação sobre as possibilidades de Libra é de que as regras da exploração permitem um retorno apenas razoável, entre 13% e 19%. Dessa forma, a parcela da receita do Pré-Sal que fica com o governo brasileiro pode chegar a 70%, patamar próximo ao praticado entre os países do Oriente Médio, como a Líbia (90%).
“Hoje, espera-se que as estrelas do leilão sejam as estatais, principalmente as chinesas, uma vez que a prioridade delas é acumular mais reservas de petróleo, enquanto as grandes empresas privadas priorizam o retorno rápido dos investimentos”, avalia Carlos Assis, sócio-líder do Centro de Energia e Recursos Naturais da EY. Ainda de acordo com Assis, a dúvida sobre a capacidade da indústria nacional de atender a demanda por equipamentos é outro fator que afasta as grandes companhias do setor, além da obrigatoriedade de que a Petrobras faça toda a operação dos poços.
“Se as empresas não fazem a operação, sua participação se daria mais como um banco de investimentos do que como uma petroleira. Por isso, neste momento, as grandes empresas da indústria mundial de petróleo preferiram se manter como observadoras, apenas”, completa. BP, BG, Chevron e Exxon desistiram de participar do leilão em setembro deste ano, e Assis não descarta que no futuro, após o leilão de Libra, o governo brasileiro possa flexibilixar alguns elementos do marco regulatório para aumentar a atratividade do investido internacional. O relatório aponta ainda que, embora Libra seja a principal oportunidade para o setor de petróleo neste ano, o Pré-Sal concorre com projetos no Golfo do México, na África Ocidental e na Margem Equatorial Atlântica.
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