Dentro do seu processo de recuperação judicial (desencadeado em dezembro de 2016 e homologado em agosto de 2018), a Ecovix, administradora do Estaleiro Rio Grande, promove na tarde desta quarta-feira (22) o leilão de estruturas metálicas da plataforma de petróleo P-71, que serão vendidas como sucata. A plataforma seria implementada no complexo gaúcho, contudo o processo foi interrompido, pois a Petrobras desistiu de fazer essa encomenda no Estado. Nos últimos anos, o Estaleiro Rio Grande teve sua atividade impactada por problemas financeiros e investigações dentro da Operação Lava Jato.
O certame deverá transcorrer entre as 15h e as 16h, de maneira on-line. O diretor operacional da Ecovix, Ricardo Ávila, explica que, para aumentar a competitividade, a disputa foi dividida por lotes, ou seja, podendo ter mais de um arrematante. Alguns lotes variam de 500 até 5 mil toneladas, sendo que os restos do casco da P-71 em Rio Grande totalizam 39 mil toneladas. Se contar outros leilões que foram e serão realizados, a Ecovix espera vender cerca de 100 mil toneladas de sucata no acumulado deste ano. O certame da plataforma P-72, por exemplo, que envolve 26 mil toneladas em estruturas, deve ser realizado antes do final de junho. Um leilão quanto a essa estrutura já foi feito, recentemente, contudo, na ocasião, não houve interessados. No pico dos trabalhos com o corte dos blocos, movimentação de materiais, entre outras ações, devem ser gerados em torno de 400 empregos.
PUBLICIDADE
Ávila comenta que o certame de hoje faz parte de um processo solicitado pela Tupi BV (empresa dona do casco da P-71 e que tem como acionistas a Petrobras, o BG Group e a Petrogal). O dirigente destaca que a Ecovix fez algumas sugestões não aceitas quanto ao aproveitamento do casco, em especial a conclusão do empreendimento em Rio Grande. No final, a Tupi BV decidiu vender as estruturas restantes no estaleiro como sucatas.
O representante da Medeiros & Medeiros administração judicial (empresa responsável pelo processo de recuperação judicial da Ecovix), Laurence Medeiros, reforça que o leilão servirá para limpar a área do estaleiro, possibilitando que outras ações sejam desenvolvidas no complexo. Ávila detalha que o principal objetivo é limpar o dique seco do estaleiro, o que deve ocorrer, após o arremate dos materiais, em quatro a cinco meses. Depois desse período, deverá ser possível aproveitar a totalidade desse espaço. No momento, só há condições de operar com esse recurso de modo parcial. Já todo o estaleiro deve estar livre de restos de materiais dentro de um ano.
Conforme o diretor operacional da Ecovix, o dique poderá ser aproveitado para desmontagem de embarcações ou plataformas de petróleo antigas, que não operarão mais, assim como para reparos navais. São em torno de 11 mil toneladas de materiais que se encontram dentro do dique seco, que atrapalham a utilização desse espaço, além de blocos do casco que estão espalhados pelo estaleiro. A sucata não pode ser retirada do local do jeito que se encontra hoje, em forma de blocos. O arrematante terá que arcar com o custo do corte desses blocos.
Ávila tem uma estimativa do quanto será movimentado no leilão, mas prefere não revelar o número para não contaminar a concorrência. Do valor que será obtido na disputa, 80% será destinado para a Tupi e 20% para a Ecovix. Entre os possíveis interessados nos materiais, o executivo cita as empresas ligadas à área da siderurgia e compradores internacionais de sucata. Além do uso do dique, a Ecovix pretende atuar com a movimentação de cargas na área do estaleiro. Uma curiosidade a respeito da atual obra da P-71 é que módulos que seriam integrados no estaleiro Jurong, localizado no Espírito Santo, com o casco da plataforma, que está sendo feito na China, naufragaram nesse sábado na costa catarinense.
Fonte: JC