No início deste ano, o presidente do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) Harro Ricardo Burmann disse aos funcionários que em 2016 eles teriam o desafio de entregar três navios à Transpetro. Na sua fala aos colaboradores, o executivo afirmou que não poderiam dar motivo à estatal para cancelar novos contratos (sete embarcações tiveram contratos rescindidos este ano). Às vésperas de outubro, o EAS não conseguiu sequer entregar o primeiro navio previsto para 2016. Batizado de Machado de Assis, o petroleiro de número oito se encontra no dique seco passando por reparos.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE), Henrique Gomes, afirma que a previsão era dar saída no navio no início de agosto. “Na quarta-feira passada (21), o petroleiro foi entregue à Transpetro só por uma questão de burocracia, para evitar que o EAS seja multado por atraso. O Machado de Assis apresentou vários problemas, porque o estaleiro importou 70% de peças de baixa qualidade da China para baixar os custos”, afirma.
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Em janeiro, na conversa com os colaboradores, Harro disse que metade do navio oito já estava vindo da China. Procurado pelo JC, o EAS não respondeu aos questionamentos encaminhados pela reportagem. As regras do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro exigem que 65% do valor de cada embarcação seja de produto nacional. Várias denúncias de que esse conteúdo nacional não vem sendo cumprido já foram feitas, mas a fiscalização é feita pela Transpetro, que sempre reafirma o cumprimento, mas nunca apresentou qualquer comprovação.
“Partes como praça de máquinas, motor, casaria e tubulações foram importadas da China. Também estamos preocupados com a segurança desses equipamentos, porque há uns dois meses houve um grave acidente com um trabalhador, em função da explosão que atingiu suas pernas e barriga”, alerta o presidente do Sindmetal.
As regras do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro exige que 65% do valor de cada embarcação seja de produto nacional. Várias denúncias de que esse conteúdo nacional não vem sendo cumprido já foram feitas, mas a fiscalização é feita pela Transpetro, que sempre reafirma o cumprimento, mas nunca apresentou qualquer comprovação.
TRANSPETRO
Por meio de nota, a Transpetro responde que “o suezmax Machado de Assis foi entregue pelo EAS à Transpetro no último dia 21 de setembro e teve a premissa de conteúdo local respeitada. Como ocorre com qualquer embarcação que é entregue à Transpetro, o Machado de Assis está sendo preparado para a sua viagem inaugural. Como usualmente praticado, entre a entrega à companhia e o início de operações, o navio passa pelo processo de armação (colocação no navio de insumos como combustíveis e alimentação), vistoria e registro da propriedade na Capitania dos Portos. Cabe informar que a embarcação foi entregue com o aval da sociedade classificadora atestando suas perfeitas condições para operação”.
Nos sete navios entregues pelo EAS à Transpetro até agora o procedimento não foi esse. O fato de o navio ter sido batizado e lançado ao mar não configura entrega. A entrega corresponde à viagem inaugural, que não aconteceu. E o navio não está no cais de acabamento, como de praxe. Retornou ao dique seco, o que configura a necessidade de reparo.
Fonte: Jornal do Comercio (PE)/Adriana Guarda