O secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindimetal), Hélcio Alfredo, recebeu a notícia da suspensão dos contratos de 16 navios do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) com um exclamativo “ai, meu Deus!”. Mistura de surpresa e incerteza, o sentimento do sindicalista é o mesmo dos 5 mil trabalhadores do empreendimento, que na sexta-feira (25) comemoraram a entrega do primeiro navio e no domingo acordaram com a nefasta informação. Ontem, o Sindimetal e o Fórum Nacional de Trabalhadores da Indústria Naval e de Petróleo tentaram tranquilizar os operários, com a publicação de uma nota, mas é inevitável o clima de dúvida. A Transpetro, subsidiária da Petrobras para a área de transporte, decidiu suspender a compra dos navios porque o estaleiro não está cumprindo os prazos acertados e nem tem uma parceiro tecnológico.
“A situação é preocupante, mas não de desespero. Os seis navios que não tiveram contrato suspenso porque ainda contam com parceria tecnológica da Samsung ainda ocupam o estaleiro com trabalho por três anos”, diz o presidente do Sindimetal, Alberto Alves dos Santos, Betão. Na avaliação dele, o fantasma do desemprego só vai se aproximar se o EAS não conseguir o parceiro tecnológico até o dia 30 de agosto (como estabeleceu a Transpetro) e tiver os contratos rescindidos.
No ano passado, o Atlântico Sul chegou a ter 11 mil funcionários, a maior parte terceirizados por conta da urgência em concluir as entregas do casco da plataforma P-55 e o petroleiro João Cândido. Com a conclusão das encomendas, 6 mil colaboradores foram demitidos e muitos moveram processos na Justiça. “Na semana passada, o Fórum participou de uma reunião na sede na Transpetro, no Rio, onde o presidente da estatal, Sérgio Machado, adiantou que o jogo ia endurecer com os estaleiros. Mas não imaginávamos que chegaria a suspensão dos contratos”, afirma Betão. O sindicalista lembra que além do EAS também estão em construção as plantas dos estaleiros Promar/STX e CMO, que vão abrir 3 mil postos de trabalho.
Na nota encaminhada à imprensa, o Fórum de trabalhadores do setor garante que “a construção dos seis primeiros navios manterão o EAS ocupado por pelo menos 3 anos. Não há, portanto, qualquer justificativa para demissões por conta da suspensão dos contratos dos navios restantes”. Procurado pela reportagem do JC, o EAS informou que o estaleiro está operando normalmente e que não se pronunciaria sobre decisões do cliente.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)/Adriana Guarda
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