Depois de perfurar três caros poços em águas profundas na costa brasileira, a Exxon Mobil Corp. não conseguiu encontrar petróleo, confirmou ontem a companhia. É um grande revés para a petrolífera americana, numa parte do mundo em que outras empresas, especialmente a Petrobras, conseguiram algumas das maiores descobertas petrolífera's das últimas décadas.
Um porta-voz disse que a Exxon planeja "continuar analisando os dados dos três poços" e ainda não desistiu totalmente de encontrar petróleo na região. A Exxon informou que deu baixa contábil no custo dos poços no quarto trimestre de 2010, que totalizou centenas de milhões de dólares. A empresa ainda não divulgou seus resultados do quarto trimestre. A empresa também confirmou que contabilizou um terceiro poço, de 2009, que ela já havia reconhecido que não tinha petróleo.
Nos últimos anos, a petrolífera texana havia anunciado suas concessões nas águas brasileiras como de "alto potencial". O governo brasileiro calcula que a região inteira tenha entre 50 bilhões e 100 bilhões de barris de petróleo. Mas os campos brasileiros estão embaixo de um espesso domo de sal que dificulta localizar o petróleo e furar poços.
A Petrobras fez descobertas de bilhões de barris nos últimos anos perto de onde a Exxon explorou. Graças a essas descobertas, o Brasil deve se tornar um importante exportador de petróleo e já está construindo dezenas de plataformas de perfuração e navios de suporte para explorar o petróleo.
Mas o esforço é caro e tem seus riscos. A Hess Corp, dona de 40% da concessão da Exxon na costa brasileira, contabilizou ontem despesa extraordinária de US$ 111 milhões (US$ 72 milhões depois de impostos) para dois dos três poços. Com base na sua fatia, é possível inferir que o custo de perfurar esses dois poços passou de US$ 250 milhões. A Exxon tem 40% da concessão e a opera. A Petrobras tem 20%.
"Não é uma boa notícia, mas não é o fim do mundo", diz Lysle Brinker, diretor de análise de ações de petróleo e consultor da IHS Herold, sediada em Englewood, no Estado de Colorado. Notando que a Petrobras já obteve recentemente várias descobertas bem-sucedidas perto da concessão da Exxon, Brinker diz que a costa do Brasil ainda promete uma quantidade gigantesca de petróleo. Mas ele acrescentou: "Podemos ver que nem tudo vai às mil maravilhas."
Fonte: Valor Econômico/Russell Gold | The Wall Street Journal
PUBLICIDADE