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Fretes compatíveis

Diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, alerta que apesar das dificuldades dos armadores para negociar com estaleiros,  fretes do EBN estão em linha com os do exterior

As taxas de afretamento contratadas no EBN estão compatíveis com o mercado internacional, segundo a Petrobras. Embora os armadores aleguem dificuldades para negociar os valores da construção das embarcações com os estaleiros,

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o diretor de Abastecimento da empresa, Paulo Roberto Costa, afirma em entrevista exclusiva que os preços brasileiros estão em linha com os do exterior. Já as tarifas de navios de longo curso foram reduzidas significativamente nos últimos três anos. De acordo com Costa, a taxa diária de afretamento de um VLCC (Very Large Crude Carrier), por exemplo, diminuiu de US$ 42 mil para US$  25  mil. Essa  redução  é  consequência da oferta de navios no mercado.

Enquanto em 2007 os gastos da Petrobras com o afretamento de embarcações para o transporte de petróleo e derivados foram de US$ 1,5 bilhão, no ano passado, o valor chegou a US$ 2,4 bilhões. As cargas movimentadas em 2011 totalizaram 176,2 milhões de toneladas, sendo 110,3 milhões em navios de cabotagem e 65,9 nós de longo curso. Em média, a cabotagem tem representado cerca de 80% das operações realizadas e 60% da carga transportada, segundo a empresa.

Com o acréscimo de consumidores de gasolina, diesel, GLP e querosene, além dos eventos esportivos que o Brasil terá nos próximos anos, a Petrobras espera um crescimento da demanda por derivados. Navios de cabotagem e gaseiros devem estar na lista das embarcações do EBN 3, que ainda está em estudo. Sua definição está prevista para o segundo semestre.

Portos e Navios — Como estão atualmente os níveis de fretes de petroleiros no mercado internacional?

Paulo Roberto Costa — Os fretes têm uma ligação direta com o nível de oferta de navios. Por exemplo, a diária de um VLCC, que é um navio de longo curso para dois milhões de barris, estava na faixa de US$ 42 mil há três anos. Hoje temos condições de contratá-lo no mercado a US$ 25 mil. Depende muito da oferta. De lá pra cá houve uma oferta grande de navios novos de casco duplo, porque a legislação internacional diz que temos que ter agora embarcações desse tipo. Então as de casco simples estão deixando de ser utilizadas e está havendo uma construção muito grande de navios de casco duplo. O mercado mundial está crescendo em uma velocidade menor do que a que se imaginava anteriormente devido à crise da Europa, dos Estados Unidos e do Japão. O mercado está crescendo mais na Índia, China, Brasil e houve uma super oferta desse tipo de navio e por isso essa redução drástica.

 

PN — E com os navios de cabotagem, como os do EBN?

Costa — Isso não se revela em todos os navios. Para os da classe Aframax ou Medium Range (MR) de até 70 mil toneladas, por exemplo, ainda continua um mercado bastante aquecido, então não houve uma substituição de frota. E nesses navios, principalmente os MR, que são navios de cabotagem, uma parte substancial do Promef e principalmente do EBN, não sentimos uma redução de tarifa em termos de mercado internacional. Estamos aumentando ano após ano o volume transportado no mercado interno, então vamos ter uma necessidade grande de cabotagem e isso está se revelando também em outros países, como a China e a Índia. Então para o mercado local não houve redução, as tarifas estão se mantendo.

 

PN — Mas as taxas de afretamento contratadas no EBN estão compatíveis com o mercado internacional?

Costa — Quando algumas taxas vieram muito acima, nós renegociamos e trouxemos para valores compatíveis com o mercado. Não posso ter no EBN uma defasagem nem para mais, nem para menos. Se estivesse construindo VLCC no país eu teria problema, porque o valor dele caiu muito no mercado internacional. Mas para os navios de cabotagem estamos em linha com o mercado.

 

PN — Com o pré-sal e a implantação de novas refinarias, a expectativa é de que o Brasil passe a movimentar mais petróleo e derivados tanto internamente como também para o mercado externo. Com a mudança de perfil de movimentação de carga da Petrobras nos próximos anos, a Petrobras trabalha também com uma modificação no perfil do EBN3?

Costa — O que estamos examinando é o crescimento de mercado. Tivemos em 2010 para 2011 um PIB crescendo 7,5% e os derivados cresceram quase 9%. Foi algo muito diferente, que até então não havia acontecido no Brasil. Os derivados sempre cresciam em um valor menor que o PIB e em 2010 houve uma reversão do quadro. Em 2011, o PIB foi de 2,7% e o derivado cresceu mais de 8%. Com acréscimo de milhões de brasileiros como consumidores de gasolina, safra de diesel, querosene e com grandes eventos esportivos que vamos ter, tudo leva a crer que teremos uma demanda crescente de derivados.

O perfil da próxima fase do EBN não vai se diferenciar muito dos navios das fases anteriores. O navio comum para isso tudo são os MR, de 30 a 50 mil toneladas, grande parte vai ser nessa faixa. Também devemos ter gaseiros porque estamos aumentando o consumo de GLP e por isso vou ter que transportar mais gás. Ainda não se tem ideia de quantos navios seriam. Esse estudo ainda está sendo feito. Minha intenção é fechar isso esse ano ainda, no segundo semestre.

 

PN — Na época do lançamento do EBN o senhor disse que era importante utilizar outros operadores até  por uma questão de benchmarking. Como o senhor avalia hoje o nível do serviço prestado pela Transpetro?

Costa — Estamos satisfeitos. Quando entrei na diretoria, o que acertei com o Sergio Machado [presidente da Transpetro] foi o seguinte: antigamente a Transpetro apresentava o custo e tinha uma margem em cima. Isso é muito ruim, porque não há nenhum desafio para redução de custo e melhoria operacional. Então a Transpetro no passado recebia da Petrobras uma espécie de mesada, que era custo mais margem. Quando entrei, discutimos a possibilidade de trabalhar com os navios a preço de mercado. Então nos últimos sete, oito anos a Transpetro opera e a gente renova o contrato anualmente a preço de mercado e não mais na sistemática antiga. E isso vale também para dutos e terminais.

 

PN — Quantos navios a Petrobras mantém afretados atualmente? E qual a relação hoje entre as embarcações afretadas em time charter e voyage charter?

Costa — Em números de 2011, dos 230 navios em média, 160 são time charter, incluindo os da Transpetro, 60 são voyage charter e outros 10 de fornecimento portuário de bunker.  n



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