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Gaúcho transforma pequeno emprendimento no conglomerado Lupatech

Equipamentos da Lupatech estão em plataformas e campos de petróleo de todo o país

Foi preciso 16 anos para fechar a primeira aquisição empresarial do gaúcho Nestor Perini, presidente da Lupatech. A Metalúrgica Nova Americana era um alvo desde que Perini estreou como empreendedor, em 1984, e só começou a ser transformada em Lupatech MNA em 2000. Desde então, foram outras 16 compras em série, que transformaram o pequeno negócio iniciado em Caxias do Sul num conglomerado de duas dezenas de empresas.

— Eu vinha namorando a metalúrgica há anos. Comecei a tomar café com seu Armando (Picerni), o dono, por meses e meses, até convencê-lo. Todas as aquisições foram feitas com base num relacionamento de longo prazo pessoal meu com o vendedor. No caso das empresas da Argentina, eu conhecia os empresários há cinco, seis anos. Por anos, a gente ficou tomando vinho e jantando até conseguir chegar a um convencimento de comprar e vender — relata Perini.

Quando foi comprada, a Nova Americana faturava R$ 7 milhões. Em cinco anos, atingiu R$ 120 milhões, lembra Perini. O sucesso aguçou o apetite por novos negócios, e o ritmo de compras se acelerou a ponto de chegar a quatro por ano entre 2007 e 2009.

— Quando focamos que petróleo e gás ia ser um mercado importante para o Brasil, começamos a olhar o que poderia ser estratégico e fomos nos aproximando dessas empresas. Foi um processo longo de convencimento, de conversa — detalha o comprador.

Graças ao reforço das aquisições, o empresário assinou em junho contratos de US$ 780 milhões (R$ 1,45 bilhão na cotação da época) com a Petrobras, que incluem a construção de duas plataformas semissubmersíveis, em parceria com um estaleiro norueguês. E quer se credenciar para fornecer equipamentos das unidades que terão cascos construídos em série pela Engevix no dique seco, em Rio Grande.

— Formato de aquisição é assim. Quando o GP (Investimentos, fundo de capital de risco) tinha participação na Lupatech, o representante deles no nosso conselho, Márcio Trigueiro, contava que o Lemann, durante mais de um ano, ia almoçar todos os meses com os donos da Antarctica para convencê-los do negócio — conta.

Quer dizer: o espelho de Perini é Jorge Paulo Lemann, fundador do Garantia Partners, fundo de capital de risco que teve uma fatia da Lupatech de 2003 até a abertura de capital, em 2006. Hoje fora do GP Investimentos, Lemann é o sócio individual majoritário da Ambev/InBev, maior cervejaria da América Latina, que começou a nascer da compra da Antarctica pela Brahma.

As válvulas da autossuficiência

Há equipamentos da Lupatech em plataformas e campos de petróleo de todo o país. Os que mais orgulham Nestor Perini estão na P-50 – a plataforma que deu ao Brasil a autossuficiência em petróleo. Ali há 3,9 mil válvulas da empresa gaúcha.

– Há plataformas que têm número maior, mas essa tem um significado especial – explica, sobre a estrutura hoje ancorada no campo de Albacora, na Bacia de Campos.

Muito antes da autossuficiência, do pré-sal e dos planos de investimento de centenas de bilhões da Petrobras, a Lupatech vislumbrou o potencial de fornecer para o setor de óleo e gás.

– Perini é um empresário muito arrojado que não só viu antes a oportunidade como teve condições e coragem de tomar decisões para alcançar o objetivo. Na área de equipamentos para óleo e gás, ter um grupo brasileiro comprando empresas é uma exceção – avalia Marcus Coester, coordenador do comitê de competitividade em petróleo, gás e energia da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs).

Perini conta que o maior desafio foi superar os três primeiros anos, de 1980 a 1983:

– Quebrávamos e ressuscitávamos todos os dias. Montamos a empresa no final de 1980, começamos a produzir em fevereiro, pegamos uma recessão. Sobrevivemos com o jogo de cheques.

Depois da entrada dos fundos, um passo decisivo foi a primeira experiência na Argentina, entre 1993 e 1998.

– Na Lupatech não tem nenhum gênio, nenhum cara iluminado. Todos chegam cedo, trabalham até tarde, e as coisas são construídas de forma coletiva. Vimos que os mercados de petróleo, químico e farmacêutico eram os grandes consumidores de válvulas. Na Argentina fomos bem, mas não deu certo fornecer para o Brasil.

O caminho da internacionalização, ressalva Perini, também reservou solavancos:

– A gente fez um monte de bobagem. Montamos uma empresa em Portugal em 1995, fechamos em 2000. Perdemos dinheiro. O mercado interno era pequeno e o produto português não tinha penetração na Europa. A única coisa boa foi tomar vinho do Porto a cada dois meses.

A compra da Metalúrgica Nova Americana foi crucial, assim como a incorporação da Petroima, que abriu portas para o mercado de petróleo, dominado por companhias internacionais com acesso a capital e alta tecnologia.

– É um caminho duro para qualquer companhia. É um processo que tem de construir com o tempo, não há passe de mágica, nem para a Lupatech nem para ninguém. O processo de qualificação é lento, a exigência de capital é elevada – acrescenta.

Para quem cobiça contratos bilionários como o assinado em junho com a Petrobras, Perini alerta:

– Não dá para ter a ilusão de que a Petrobras é um paraíso. É um cliente duro, difícil, exigente. Mas quanto mais fornecedores nacionais, quanto mais massa crítica no Brasil, melhor.
Fonte: ZERO HORA/Marta Sfredo



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