Receba notícias em seu email

Navalshore

Indústria cobra esclarecimento a respeito do sobrepreço de 40% que impediria construção de FPSOs no Brasil

A indústria nacional cobra esclarecimentos da Petrobras a respeito do sobrepreço de 40% para construção de plataformas de exploração de petróleo no Brasil em relação a construir no exterior. A diferença foi um dos argumentos da estatal no pedido de suspensão de conteúdo local de FPSOs (waiver) nos projetos dos campos de Libra e Sépia. O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) e demais associações do Movimento Produz Brasil contestam as conclusões, pois dizem que elas foram baseadas na avaliação de uma única afretadora e com cenário bastante desfavorável de 2015, impactado pela crise econômica e política do país.

A advogada Daniela Santos, que representa o Sinaval, diz que o sindicato solicita à Petrobras e à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informações dos critérios desse sobrepreço desde 2016. Daniela defende que os sobrepreços e a impossibilidade de entregas em prazos razoáveis precisam ser comprovados pela companhia. O entendimento do Sinaval é que os contratos preveem multas pelo descumprimento dos índices e que as regras precisam ser cumpridas, inclusive porque outras operadoras já foram multadas por descumprirem suas metas. “É um pedido que atropela as regras claras do contrato porque não respeita o conteúdo local global e a engenharia básica e de detalhamento”, sustentou durante workshop sobre o tema promovido pelo Sinaval nesta terça-feira (16), no Rio de Janeiro.

A Petrobras alega que os fornecedores brasileiros não poderiam entregar as FPSOs no prazo considerado razoável. A empresa entende que o modelo de negócio afretamento, financiado pelo contratado é o que viabiliza a implementação das unidades previstas no plano de negócios da companhia para o período 2017-2021. A avaliação é que a financiabilidade dos projetos depende fundamentalmente da percepção de risco dos bancos em relação aos projetos quanto à qualidade, custos e prazos de execução. Dessa forma, a Petrobras propõe um conteúdo local que considera “comprovadamente factível” para estes projetos.

O presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, ressalta que a construção de projetos no exterior impacta a arrecadação de impostos e traz prejuízos aos estaleiros nacionais, diminuindo ainda mais os postos de trabalho que já foram reduzidos em mais de 50 mil vagas desde dezembro de 2014. Ele reconhece que a política de conteúdo local precisava de ajustes, mas enfatiza que licitar sem conteúdo local é ilegal e quebra contratos. Segundo Rocha, a indústria nacional tem condições de atender preço, qualidade e prazos. “Não queremos atrapalhar, queremos garantir direito de participar processo em igualdade de condições”, afirma.

O presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, avalia que o tema conteúdo local não foi tratado com a discussão ampla que deveria. Ele acrescenta que é preciso uma política industrial que fortaleça a cadeia de O&G e ajude a evitar a perda dos investimentos e da capacitação realizados nos últimos anos.

Baseado em apresentações feitas pela própria Petrobras, Velloso enxerga a tendência de financiamentos baixos e subsidiados na modalidade supplier credit, cujos contratos contêm cláusulas onde o uso dos recursos está atrelado a compras de bens no país de origem do crédito. Segundo ele, é uma prática comum no mercado internacional. “Minha suposição é que o financiador para diminuir o custo do investimento exija obrigação de conteúdo local zero, trocando conteúdo local por conteúdo nacional de alguma bandeira”, analisa.


Por Danilo Oliveira
(Da Redação)








PUBLICIDADE




   Zmax Group    Antaq    Antaq
       

NN Logística

 

 

Anuncie na Portos e Navios

 

  Pesa   Syndarma
       
       

© Portos e Navios. Todos os direitos reservados. Editora Quebra-Mar Ltda.
Rua Leandro Martins, 10/6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20080-070 - Tel. +55 21 2283-1407
Diretores - Marcos Godoy Perez e Rosângela Vieira