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Investimentos podem transformar Suape em um ABC diferente

Investimentos e novos empreendimentos podem transformar Suape em um polo tão rico quanto o da região paulista. O momento econômico não poderia ser melhor
Muito já se comparou o crescimento do Complexo Industrial Portuário de Suape ao de outros polos de desenvolvimento do Brasil, como Camaçari (BA) e Macaé (RJ).
Central de distribuição da GM é o embrião de um polo automobilístico . Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press - 4/6/10
Por que não comparar também com a região do ABC Paulista? Não estamos falando mais de um ou dois municípios (Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho), mas de um território que abraça oito cidades. Assim como o ABC se expandiu e hoje engloba não mais três, mas sete municípios. Claro que são dois polos em estágios econômicos diferentes, surgidos em épocas distintas, mas suas trajetórias se cruzam mais do que se imagina.
Pelo menos um nome o ABC e Suape têm em comum: Louis Joseph Lebret. Em 1954, o padre francês, que era economista e engenheiro especialista em portos, esteve em Pernambuco quando Suape nem existia. Mas, de forma visionária, disse que o estado deveria abrigar uma refinaria de petróleo. Ao mesmo tempo, em São Paulo, Lebret sugeria ao governo paulista a integração do desenvolvimento social ao econômico através da desconcentração e interiorização dos investimentos. Surgia a região do ABC. Tinha como principal símbolo a montadora da Volkswagen, em São Bernardo do Campo.
Construção de uma refinaria de petróleo foi recomendada pelo padre Louis Joseph Lebret na década de 1950. Foto: Inês Campelo/Dp/D.A Press - 5/4/10
Mais de meio século depois, o ABC Paulista é um polo industrial maduro, enquanto que Suape, criado em 1979 e tendo atravessado 11 governos, ainda engatinha. Para se ter uma ideia, o Produto Interno Bruto (PIB) do Grande ABC, de R$ 63,65 bilhões, é maior do que a soma de todas as riquezas produzidas em Pernambuco (R$ 62,25 bilhões). "Estamos hoje com um projeto ainda incipiente, enquanto que o ABC tem uma estrutura muito madura. Mas que pode crescer e se transformar em algo semelhante daqui a 20 ou 30 anos", diz o presidente da consultoria Datamétrica, Alexandre Rands.
O que Suape vive hoje o ABC viveu na década de 1950 - pesados investimentos públicos e privados, facilidades no transporte e incentivos fiscais, o que fez emergir setores como o automobilístico, metalúrgico, mecânico, químico, petroquímico, autopeças e material elétrico em torno de três municípios - Santo André, São Bernardo e São Caetano do Sul. Nos anos 1970, o maior polo industrial do país se expandiu embalado pelo chamado milagre econômico.
Momento - Suape parece viver as duas ondas simultaneamente, o que pode encurtar em cerca de 20 anos a distância em relação a seu primo paulista. O momento econômico não poderia ser melhor. Pernambuco cresceu 3,8% em 2009, enquanto que o Nordeste evoluiu apenas 2,6% e o Brasil encolheu 0,2%. No primeiro trimestre do ano, a expansão do PIB alcançou 7,8% no estado. Dados do relatório PAC Suape revelam que os investimentos públicos devem chegar a R$ 1,4 bilhão no período 2007-2010, alcançando US$ 15 bilhões na área privada este ano. São cerca de 100 empresas, entre elas a Refinaria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul, o Polo Petroquímico e uma central de distribuição da General Motors (GM) - o embrião do que poderá vir a ser o polo automobilístico pernambucano.
Se Pernambuco já está sendo chamado de locomotiva do Nordeste, Suape certamente é a locomotiva de Pernambuco. O Território Estratégico concentra 23,49% do PIB estadual, número que deve subir para 25% em cinco anos. Ipojuca, por sua vez, ostenta o título de maior PIB per capita do estado - R$ 76.418. Números importantes, mas que não deixam de inspirar cuidados. "Para transformar PIB em renda, as empresas de Suape precisam contratar mão de obra local e comprar de empresas pernambucanas. Do contrário, essa riqueza será exportada", alerta o sócio-diretor da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan), Jorge Jatobá.
Território Ampliado de Suape
Perfil dos municípios
Moreno
Principais indústrias: construção civil; alimentícios, bebidas e álcool etílico; têxtil do vestuário e artefatos de tecidos; madeira e mobiliário; e os SIUP
PIB: R$ 207,5 milhões
PIB per capita: R$ 3.928
Participação no PIB de PE: 0,33%
Cabo de Santo Agostinho
Principais indústrias: produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico; minerais não metálicos; química; metalúrgica; têxtil do vestuário e artefatos de tecidos; e os SIUP (*)
PIB: R$ 2,81 bilhões
PIB per capita: R$ 17.244
Participação no PIB de PE: 4,52%
Escada
Principais indústrias: construção civil; bebidas; produtos de metal; têxtil; e química
PIB: R$ 233,5 milhões
PIB per capita: R$ 3.897
Participação no PIB de PE: 0,38%
Ribeirão
Principais indústrias: alimentícia (açúcar); construção civil
PIB: R$ 145 milhões
PIB per capita: R$ 3.743
Participação no PIB de PE: 0,23%
Jaboatão dos Guararapes
Principais indústrias: produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico; química (produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, sabão, velas e material plástico); metalúrgico; material elétrico e de comunicações; papel, papelão; editorial e gráfica
PIB: R$ 5,57 bilhões
PIB per capita: R$ 8.384
Participação no PIB de PE: 8,96%
Ipojuca
Principais indústrias: produtos alimentícios; bebidas e álcool etílico; química; papel e papelão; têxtil do vestuário e artefatos de tecidos; minerais não metálicos; e os SIUP (termelétrica)
PIB: R$ 5,35 bilhões
PIB per capita: R$ 76.418 (o maior de PE)
Participação no PIB de PE: 8,60%
Serinhaém
Principais indústrias: produtos alimentícios (açúcar)
PIB: R$ 166 milhões
PIB per capita: R$ 4.561
Participação no PIB de PE: 0,27%
Rio Formoso
Principais indústrias: produtos alimentícios (açúcar)
PIB: R$ 128,39 milhões
PIB per capita: R$ 6.104
Participação no PIB de PE: 0,21%
PIB do território ampliado de Suape R$ 14,62 bilhões
Participação no PIB de PE 23,49%
PIB de PE R$ 62,25 bilhões
PIB per capita de PE - R$ 7.337
(*) SIUP - Serviços Industriais de Utilidade
Pública (energia elétrica, telecomunicações, saneamento, abastecimento de água e coleta de lixo).
Obs: Ano de referência do PIB - 2007 (preços de mercado)
Fonte: Fonte: Diário de Pernambuco/Micheline Batista/Agência Condepe/Fidem - Governo de PE






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