Para viabilizar turbogeradores que vão equipar FPSOs da Petrobras, Rolls-Royce constrói fábrica em Santa Cruz (RJ)
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“Esperamos quase que triplicar o faturamento da companhia na América do Sul nos próximos dez anos.” A estimativa é do presidente da Rolls-Royce para a América do Sul, Francisco Itzaina. Para isso, a companhia tem realizado investimentos
significativos nas suas diversas áreas de atuação, principalmente no segmento offshore.
A Rolls-Royce será a responsável pelo fornecimento de 32 turbogeradores com turbinas a gás RB211, incluindo unidades de recuperação de calor, para gerar energia de oito FPSOs (Floating Production, Storage and Offloading) da Petrobras. O contrato entre as duas empresas foi assinado no fim do mês de novembro. Os equipamentos vão operar nos campos de petróleo de Lula e Guará, localizados na área do pré-sal da Bacia de Santos. O contrato tem valor potencial de US$ 650 milhões.
Cada uma das oito plataformas serão equipadas com quatro turbogeradores com turbinas a gás. As primeiras unidades estão previstas para serem entregues no primeiro semestre de 2013 e as últimas, no início de 2016. Pelo contrato, a Rolls-Royce deverá cumprir uma condição gradativa de crescimento de conteúdo nacional e, ao final da última entrega, a meta estimada é de 51%. De acordo com o diretor regional de Energia para a América do Sul da Rolls-Royce, Carlos Levy, uma das vantagens oferecidas pela companhia no contrato é apoiar a estatal no desenvolvimento da indústria de óleo e gás no país.
E para atendê-lo, a Rolls-Royce já começou a buscar uma cadeia local de fornecedores para prover componentes para os equipamentos de geração de energia com turbinas a gás. “A forma de nós nos diferenciarmos é trazer desenvolvimento através da contratação de fornecedores locais. Hoje já temos vários selecionados e até serviços ou equipamentos contratados para essas unidades”, diz Levy, sem citar os nomes dos provedores. A companhia também pretende trazer fornecedores estrangeiros de componentes mais específicos e que não tenham desenvolvimento no mercado local para se instalarem no Brasil.
Para fornecer estes equipamentos às FPSOs da Petrobras, a Rolls-Royce investirá US$ 100 milhões na construção de uma fábrica para montagem e testes das turbinas a gás no Distrito Industrial de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Com início das obras previstas para meados de janeiro, a companhia estima que a unidade esteja operacional em março de 2013. A escolha pelo local levou em consideração, entre outros aspectos, o suprimento de gás, a proximidade com o porto de Itaguaí, por onde parte da produção de geradores deverá ser escoada, e com as Bacias de Campos e de Santos, onde há descobertas de petróleo no pré-sal.
“Nas nossas avaliações achávamos que era importante estar perto da indústria e do nosso cliente principal e o Rio de Janeiro faria todo o sentido. Vamos fazer testes desses equipamentos quando prontos e, para isso, são necessárias linhas de gás com alto volume e alta pressão e esse condomínio em Santa Cruz tem essa facilidade, que não é algo simples de se encontrar. A localização próxima ao porto é outro diferencial importante. O acesso bastante fácil também fez com que decidíssemos pelo Rio de Janeiro”, enumera Levy. A aquisição do terreno, cuja área é de 103 mil metros quadrados, foi concretizada no último mês de agosto.
Inicialmente desenvolvidas pela Rolls-Royce para o mercado de aviação, as turbinas foram convertidas e hoje trazem um desempenho significativo para a indústria de óleo e gás.
As unidades da companhia que já estão em operação no país foram montadas no Canadá. Já a agregação de equipamentos, que a Rolls-Royce chama de empacotamento, foi feita nos Estados Unidos e na Inglaterra e esta parte será então transferida para a unidade de Santa Cruz. “Quando essas máquinas estiverem instaladas e funcionando, seremos responsáveis por cerca de 60% da geração de energia das plataformas de petróleo da Petrobras, uma capacidade de gerar 1,8 GW, que é um sétimo [da hidrelétrica] de Itaipu”, diz o presidente da Rolls-Royce para a América do Sul, Francisco Itzaina. Atualmente, a companhia responde por 40% do total.
Além do fornecimento dos turbogeradores, a companhia também proverá à estatal serviços de manutenção, suporte técnico e treinamento. Atualmente, a Rolls-Royce tem uma equipe treinada e capacitada, prestando suporte às atividades de reparos e manutenção de turbinas fornecidas à Petrobras para suas operações offshore. São cerca de 120 pessoas baseados em Macaé, fazendo diversos tipos de serviços, como inspeção, supervisão, operação e serviços de troca de componentes.
Para oferecer a manutenção das 32 máquinas, Levy destaca que a Rolls-Royce terá que dobrar o efetivo atual, com a contratação de técnicos, engenheiros e mecânicos capacitados para dar suporte aos equipamentos — mas a companhia ainda não iniciou esse processo. “Já dimensionamos, sabemos o que vamos ter de necessidades, mas esse pessoal precisa estar disponível durante o ano de 2013. Então ainda temos um prazo para fazer isso, não é uma necessidade nesse momento, mas faz parte da nossa estratégia o desenvolvimento da equipe de manutenção e serviços em campo”, diz.
Para isso, a companhia pretende instalar também em Santa Cruz um centro de treinamento. No entanto, destaca Itzaina, este plano ainda está em vias de concretização. “Treinamento é uma das iniciativas que o Brasil precisa. E a Rolls-Royce não podia se furtar a isso. Ainda precisa ser aprovado, não temos ainda o sinal verde, mas estamos trabalhando para que possamos ter este centro de treinamento de primeiro mundo em Santa Cruz.” A empresa planeja ter parcerias com o Senai para desenvolver o treinamento específico para as equipes.
A intenção da Rolls-Royce, acrescenta o executivo, é capacitar não só os seus funcionários, mas também os seus clientes.
