O sucesso das próximas rodadas de licitação de óleo e gás pode destravar investimentos de cerca de US$ 6 bilhões (R$ 18,6 bilhões) até 2019. Um estudo da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (ABESPetro), em parceria com a consultoria Accenture, mostra que o aumento das atividades, sobretudo em exploração, pode ajudar a indústria petrolífera a recuperar, nos próximos três anos, os empregos perdidos no setor nos últimos anos.
Os investimentos em exploração e produção no Brasil estão há anos em declínio e a concentração da Petrobras vem aumentando significativamente. Segundo a Accenture, desde 2013, quando as petroleiras investiram um pico de US$ 33 bilhões no país, as atividades caíram pela metade no mercado brasileiro, para patamares próximos a US$ 15 bilhões. E a estatal, que chegou a responder por 70% dos investimentos, em 2010, teve sua participação ampliada para 93% no ano passado.
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A queda no ritmo da atividade da indústria petrolífera foi responsável por eliminar cerca de 440 mil postos de trabalho diretos e indiretos desde o pico, em 2013, para 397 mil postos em 2016. O presidente da ABESPetro, associação que representa fornecedores de bens e serviços de óleo e gás, José Firmo, diz que os empregos perdidos devem ser recuperados nos próximos três anos, se o governo for bem-sucedido na tentativa de atrair novos investimentos privados.
"Praticamente paramos a exploração no Brasil. Saímos de uma condição em que a indústria se abriu [para o setor privado] para uma condição pré-fim do monopólio, num momento em que a Petrobras está reduzindo investimentos. Estamos vivendo uma situação parecida com o fundo do poço. Se nada acontecer do ponto de vista da atração de investimentos, vamos ficar nesse marasmo por um longo tempo", comenta o presidente da ABESPetro.
Firmo acredita que o fim da operação única da Petrobras no regime de partilha do pré-sal e a criação de um calendário plurianual de licitações de blocos exploratórios foram algumas boas sinalizações por parte do governo, na tentativa de atrair investimentos.
Ele também considerou um "sinal positivo" o ajuste nas regras do conteúdo local para a 14ª rodada, mesmo que elas tenham representado um corte nas exigências de nacionalização. Firmo argumentou que, para os fornecedores, o mais importante neste momento é estimular a retomada dos investimentos por parte das petroleiras.
"É necessário trazer de volta o investimento. A atividade [de exploração e produção] foi drasticamente reduzida em todas as partes da cadeia e trouxe prejuízo gigantesco para o emprego", disse.
Ele ponderou, contudo, que ainda existem pendências que precisam ser resolvidas antes das rodadas, como a confirmação da extensão da validade do Repetro - regime aduaneiro especial voltado para a importação de bens do setor petrolífero - e a regulamentação do processo de unitização. A previsão da ABESPetro é que os acordos de unitização em curso destravem investimentos de US$ 2,1 bilhões até 2019.
"É difícil imaginar que a decisão de investir e comprar blocos no Brasil num projeto de 30 anos seja tomada considerando um Repetro que termina em um ano e meio [2019]. É fundamental que a decisão aconteça antes que as rodadas sejam feitas", disse o executivo.
Fonte: Valor