Petróleo: Consórcios acirram disputa por encomenda de US$ 22 bi e  licença ambiental pode definir ganhador
 A licitação aberta pela Petrobras para construção de até 28 sondas de  perfuração de poços de petróleo enfrenta dificuldades motivadas por  discussões que se relacionam com as licenças ambientais de estaleiros  que disputam a encomenda, estimada em US$ 22 bilhões. O tema está  atrasando o processo licitatório, dizem executivos do setor. A Petrobras  nega e afirma que o cronograma está dentro do previsto. O embate sobre  as licenças ambientais envolve os projetos de dois participantes da  concorrência: o Eisa Alagoas, no Estado homônimo, e o consórcio Alusa  Galvão, no norte fluminense.
 Os dois concorrentes poderiam apresentar os preços mais baixos para  construir as sondas, segundo estimativas de mercado. Oficialmente, a  Petrobras ainda não abriu as propostas comerciais, só fez a qualificação  técnica das empresas. Há quem entenda, porém, que preços muito baixos  podem tornar a encomenda "inexequível".
 Para executivos da área naval e offshore, existe risco de que a  licitação demore a ser concluída, o que poderia frustrar a entrada em  operação, nos prazos previstos, de campos do pré-sal que vão gerar caixa  para a Petrobras. Nesse cenário, a estatal, operadora única do pré-sal,  poderia ser forçada a contratar unidades de perfuração no exterior por  preços mais elevados. Para construir no Brasil - uma exigência dessa  licitação - cada navio-sonda vai custar entre US$ 690 milhões e US$ 800  milhões.
 O Valor teve acesso aos recursos apresentados à Petrobras pelas empresas  envolvidas na concorrência. A licitação foi aberta em outubro de 2009  pela Petrobras Netherlands, subsidiária da Petrobras na Holanda, com o  objetivo de receber propostas para a construção de até quatro lotes de  sondas (cada um com sete unidades). Ao todo sete grupos, alguns em  consórcio, concorrem para ver quem construirá os equipamentos que serão  usados em trabalhos exploratórios no pré-sal.
 Quando as unidades estiverem prontas, a Petrobras deverá realizar  licitação para definir os operadores das plataformas. Quem ganhar,  compra a sonda, assume o financiamento feito por banco internacional e  ganha da estatal contrato de prestação de serviços de longo prazo.
 A parceria entre Construtora Norberto Odebrecht (CNO), OAS e UTC foi um  dos grupos que questionaram o licenciamento ambiental do Eisa Alagoas e  da Alusa Galvão. O consórcio baiano, se ganhar as sondas, pretende  construí-las no Estaleiro Enseada do Paraguaçu, na Bahia, empreendimento  que conta licença prévia emitida pelo Ibama, em Brasília.
 Para Odebrecht, OAS e UTC, a licença ambiental da Alusa Galvão é  insuficiente para o escopo do projeto, uma vez que as informações  existentes indicariam que não houve elaboração de estudo e relatório de  impacto ambiental (EIA/Rima) específico para o projeto. Segundo o  recurso, decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal de  Contas da União (TCU) indicam que seria necessário licenciamento do  Ibama para o Alusa Galvão, o que não ocorreu. Foi obtido só  licenciamento estadual.
 O recurso da Odebrecht também questiona o local escolhido pela Alusa  Galvão para construção. O projeto seria desenvolvido no Canal das  Flechas, em Barra do Furado, município de Quissamã (RJ). Mas a Odebrecht  argumenta que o local não seria adequado para navegação e manobra de  navios-sonda por não atender parâmetros de segurança, conforme atestado  pela consultora Noble Denton, especializada em condições de  navegabilidade. A Alusa rebateu as afirmações por meio da assessoria.
 Segundo a empresa, a área no Rio está devidamente legalizada e  licenciada pelas instâncias competentes e não tem qualquer pendência com  o Ibama ou com outros órgãos ambientais. A empresa afirmou que  desenvolve diversos projetos na indústria do petróleo e pesquisa e  avalia a viabilidade econômica e ambiental de áreas adequadas em vários  estados, como Santa Catarina, São Paulo, Rio, Espírito Santo, Bahia e  Pernambuco. O Valor apurou que representantes da Alusa Galvão procuraram  o governo baiano para transferir o projeto do Rio para a Bahia. No  recurso apresentado à Petrobras, as duas empresas questionam os  compromissos de compra e venda do imóvel feitos pela sociedade liderada  pela Odebrecht, em Maragogipe (BA), onde será construído um grande  estaleiro.
 O consórcio liderado por Odebrecht também questionou a falta de  licenciamento pelo Ibama do projeto do Eisa Alagoas, empresa do grupo  Synergy, de Germán Efromovich. Fonte próxima ao Eisa disse que houve  convênio assinado entre o Ibama e o Instituto do Meio Ambiente de  Alagoas para a emissão da licença ambiental em caráter provisório. A  Petrobras informou que consultou o Ibama sobre algumas licenças  ambientais, mas até ontem ainda não havia recebido resposta. De acordo  com a estatal, os questionamentos relacionados ao projeto da Alusa  Galvão estão em análise pela comissão de licitação. Procurado, o Ibama  não se pronunciou.
Fonte: Valor Econômico/ Francisco Góes, do Rio
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