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Maersk prevê produzir no Brasil em até quatro anos

A petrolífera dinamarquesa Maersk Oil, que já possui participações em seis blocos exploratórios na plataforma continental brasileira, veio à 15ª edição da feira Rio Oil & Gas disposta a ampliar suas atividades e acelerar o início de sua produção de óleo no Brasil. O presidente mundial da empresa, Jakob Thomasen, que comandou a delegação da Maersk no evento que se encerrou ontem, disse ao Valor que a empresa "tem forte apetite para crescer no Brasil" e que projeta estar produzindo no país no prazo de 3 a 4 anos.

"Nós reconhecemos o grande potencial do Brasil, em geral e no pré-sal em particular", disse Thomasen em entrevista por escrito. Em relação ao pré-sal, ele ressalvou que antes de investir a Maersk quer conhecer exatamente os termos nos quais as áreas serão ofertadas antes de decidir entrar nas licitações que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) pretende começar a fazer já no primeiro semestre de 2011.

Segundo Thomasen, a Maersk já possui experiência positiva no Qatar, onde opera sob regime de partilha de produção, o mesmo que deverá ser adotado para o pré-sal brasileiro. A empresa opera também sob o mesmo regime em Angola. Na avaliação do executivo, o contrato precisa ser atrativo para ambas as partes, balanceando corretamente os riscos com a remuneração.

A Maersk tem adotado a estratégia de associações com empresas brasileiras do setor. Ela é sócia, com 30% de participação, da Petrobras (40% e operadora) e da Vale (30%) nos blocos BM-S-66 e 67 da Bacia de Santos. Da OGX, do empresário Eike Batista, a dinamarquesa é sócia no bloco BM-S-29 (operadora com 35%), também na Bacia de Santos, e nos blocos BM-C-37 e 38 na Bacia de Campos (50% e operadora).

Em março ela adquiriu da americana Devon 20% do bloco BM-C-34, do qual a Petrobras é operadora e detém 50% de participação. Thomasen ressalva que para a aquisição tornar-se efetiva ainda depende da aprovação da ANP. Mas ele considera desde já que a compra feita à Devon é um exemplo do interesse da Maersk em crescer no Brasil.

No bloco BM-S-29 já foi perfurado um poço, batizado de Abacate 1, que apresentou indícios de hidrocarboneto e cujo plano de avaliação está em análise pela ANP. Agora em outubro a sonda Blackford Dolphin deverá iniciar a perfuração do primeiro poço, de um programa de dois, no bloco BM-C-37, em lâmina d'água (distância entre a superfície e o fundo do mar) de 130 metros.

A Maersk Oil é uma das empresas do gigantesco A. P. Moller - Maersk Group, que atua também em áreas como navegação marítima - a Maersk Line é a maior transportadora de cargas em contêineres do mundo -, terminais e apoio a operações offshore. O grupo faturou cerca de US$ 27,4 bilhões no primeiro semestre deste ano.

A subsidiária petrolífera produz 700 mil barris por dia de petróleo e gás equivalente no Qatar, Argélia, Casaquistão e em áreas do Mar do Norte da Dinamarca e do Reino Unido. Além disso, a empresa, fundada em 1962, possui atividades exploratórias no Brasil, Noruega, Omã e Angola.

A empresa informou que no Qatar já investiu mais de US$ 6 bilhões no desenvolvimento do campo de Al Shaheen, que chegou a ser considerado antieconômico por algumas das maiores empresas do setor petrolífero por volta dos anos 70. Utilizando tecnologia própria de poços horizontais e de perfuração de poços de baixa porosidade, a Maersk conseguiu produzir o primeiro óleo no campo em 1994 e em julho deste ano atingiu a marca de um bilhão de barris produzidos na área, com uma uma média diária superior a 300 mil barris de petróleo.

Para o presidente da multinacional, essas tecnologias de perfuração são trunfos da petrolífera para obter sucesso também no Brasil. "Com nossa forte experiência no desenvolvimento de reservatórios carboníferos de baixa porosidade (apertados) e de poços horizontais, a Maersk Oil pode somar significativo valor e ser um participante expressivo na indústria de petróleo e gás do Brasil", afirmou.

Fonte: Valor Econômico/Chico Santos | Do Rio


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