A Marinha avalia que existe uma grande demanda reprimida por novos navios nos próximos anos. A força naval afirma que vem estabelecendo 'janelas de oportunidades' e que espera um cenário mais favorável para renovação de sua esquadra. A leitura é que os novos projetos de navios militares ainda precisam esperar um pouco decisões e políticas setoriais que viabilizem novas unidades, inclusive ampliando o envolvimento da academia e indústria. Além de um navio de apoio Antártico, cujo processo de aquisição foi iniciado em fevereiro, o mercado especula sobre a possibilidade de novos projetos para construção, por exemplo, de navios-patrulha e navios de pesquisa.
"A Marinha não pensa em parar em quatro corvetas. Não faz sentido pensar nisso, inclusive porque a necessidade das forças armadas é muito maior do que isso com tamanho do Atlântico que nós temos", afirmou o diretor de gestão de programas da Marinha e gerente do projeto das corvetas, vice-almirante Petrônio, durante entrevista coletiva na LAAD 2019, feira do setor de defesa e segurança, que acontece esta semana no Rio de Janeiro.
PUBLICIDADE
Na ocasião, Petrônio lembrou que existem outras iniciativas em andamento, como o projeto de lei que prevê até 10% do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para embarcações da Marinha. A força naval aguarda definição do PL que tramita no Congresso, onde passará por algumas comissões. "Pode dar mais fôlego para Marinha e Emgepron (Empresa Gerencial de Projetos Navais) tocarem novos projetos", disse.
Atualmente, a Marinha tem 11 navios-escolta, sendo oito deles com 40 anos de idade. Segundo a força naval, além de os navios ficarem obsoletos, os gastos com itens sobressalentes se tornam mais caros com o passar do tempo. A idade avançada também cria dificuldades para o patrulhamento da Amazônia Azul e gera maior esforço para mantenção da missão no Líbano. Outro problema são as condições de preparo dos oficiais, que ficam prejudicadas ou exigem mais deslocamentos dos alunos.
A Marinha afirma que, após diversos debates com entidades como Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore) e Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), concluiu que os percentuais de conteúdo local estabelecidos para as corvetas estão bem equilibrados. A meta firmada com o consórcio construtor é de 31,6% na primeira corveta e média de 41% nas demais unidades. "Também temos noção da realidade e não podemos gastar todos recursos públicos e não ter um ótimo navio. Não adiantava pedir 65% ou 70%. Possivelmente, teríamos alguns tipos de problemas", ponderou.
A força naval alega que se preocupou com conteúdo local, desde a concepção do projeto, de forma a contribuir com o trabalho de empresas brasileiras. Para Petrônio, é natural começar a rodar com 30%, considerando que a indústria está parada. Ele destacou que existe um memorando de entendimento com 53 empresas brasileiras, distribuídos por seis estados, e que esse número deve crescer."Hoje não se faz, está parado, então garantimos a qualidade do produto final, mas também estamos contribuindo para as empresas, divididas em seis estados. Provavelmente teremos mais", projetou.
Petrônio revelou ainda que, conforme desenvolvimento do processo, nenhum consórcio propôs construir as corvetas em estaleiros no exterior. A request for propose (RFP) dava possibilidade de construção da primeira unidade fora do Brasil desde que o consórcio desse justificativas e cumprisse alguns pré-requisitos estabelecidos pela Marinha. O diretor garantiu que as quatro corvetas serão construídas no Brasil, no estaleiro Oceana (SC), que é parceiro do consórcio vencedor da concorrência.
Por Danilo Oliveira
(Da Redação)