O  governo aposta num recurso de risco, o dinheiro da concessão de um único  campo de petróleo, para cumprir a meta de superavit primário de 2,3% do  PIB em 2013.
Ao anunciar ontem um corte nas despesas do  Orçamento, os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior  (Planejamento) elevaram em R$ 7 bilhões a projeção das receitas com  concessões, que chegariam ao final do ano em R$ 23,1 bilhões.
Eles informaram que o aumento se referia a todas as concessões previstas, incluindo aeroportos, estradas, ferrovias e portos.
Mas,  pelos modelos de concessão adotados, os únicos leilões previstos para  este ano que geram receitas para o governo são os de aeroportos e de  campos de petróleo.
Nos demais setores, o vencedor é definido pelo menor preço ofertado e não há pagamento ao governo.
No  caso dos aeroportos, nas concessões previstas para este ano (Galeão e  Confins), os primeiros pagamentos só ocorrerão em 2015. O aumento da  previsão, portanto, refletiu exclusivamente o incremento da receita  esperada com leilões de petróleo.
Parte desse aumento já está  garantida. O governo obteve, em maio, uma arrecadação quase R$ 2 bilhões  superior à prevista com a 11ª rodada de licitações de petróleo.
A  outra parte da receita nova se refere ao campo de Libra, da camada  pré-sal, cujo bônus de assinatura (taxa paga pelo vencedor) passou de R$  10 bilhões para R$ 15 bilhões. Como nesse leilão ganha quem ofertar ao  governo mais barris de petróleo retirados, não haverá variação no bônus  pelo campo.
Caso o leilão se concretize, e o pagamento ocorra  neste ano, o governo conseguirá apenas com esse recurso cobrir cerca de  20% de tudo o que previu economizar antes do pagamento de juros, o  chamado superávit primário.
A questão é que há uma defasagem de  tempo entre a licitação e o pagamento efetivo do campo. O governo prevê o  leilão para 21 de outubro e o prazo para a assinatura do contrato -e o  consequente pagamento do valor à vista- é até o fim de novembro.
Um  leilão de tamanha importância (é o maior campo de petróleo já  descoberto no Brasil) pode atrasar por demandas judiciais e pedidos de  impugnação.
Na 11ª rodada de licitações, ocorrida em 14 maio, o  prazo para a assinatura dos contratos era até 6 de agosto (80 dias). A  responsável pela concorrência, a ANP, reviu a previsão oficial e deu  mais 25 dias de prazo para as empresas fazerem os pagamentos,  totalizando 105 dias.
Se o mesmo prazo da 11ª rodada for replicado em Libra, o dinheiro só entrará nos cofres do governo em 2014. 
Fonte: Folha de São Paulo/DIMMI AMORA DE BRASÍLIA
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